(17º aniversário de atividades públicas do Salto Quântico, dentro de quase vinte de trabalhos espíritas do médium.)


por Benjamin Teixeira

1990. Havia acabado de acontecer a Queda do Mundo de Berlim… O mundo estava em polvorosa… e feliz, numa explosão de otimismo como há muito não se via, após a noite escura do sinistro período de quatro décadas da fase histórica que ficaria conhecida como Guerra Fria. A União Soviética aprofundava sua crise, que desembocaria em seu esfacelamento no ano seguinte, acabando com a polarização pré-apocalíptica das superpotências nucleares.

Na minha vida pessoal, enfrentava ainda os paroxismos de fortes conflitos íntimos com a faculdade de Direito, terminara de visitar Chico Xavier pela primeira vez (em fevereiro daquele ano), quando me resolvi por rabiscar alguns textos-ensaio, para distribuir com pessoas queridas mais próximas, o que desaguou na oportunidade de publicação, com uma amiga da família que tinha acesso à imprensa. Expus o material à avaliação da empresa, e, de fato, em 26 de abril daquele já longínquo 1990, foi publicado meu primeiro artigo na imprensa, no já extinto “Jornal da Manhã”: “A Dor” (*).

Naquele dia luminoso, completava, exatamente, 19 anos e meio de vida, no organismo físico que ora me é morada. Considerava-me jovem, mas não tinha dimensão, nem de longe, de quão jovem era. Dali a um ano, em 1º de maio de 1991, iniciar-me-ia como palestrante, logo desdobrando a tarefa em lides radiofônicas, que me levaram à primeira aparição na TV, para falar em nome do Espiritismo, em 10 de abril de 1992 (completamos debute, portanto, de comunicação televisiva, neste mês), na também já extinta “TV Jornal”, canal 13, abordando a temática depressão, da ótica espírita, ao lado de uma psicóloga (já desencarnada), que forneceu o prisma psicológico do assunto.

Jornal e TV extintos, Chico Xavier desencarnado, colega da TV também no mundo espiritual… tudo isto sinaliza, dramaticamente, a quantidade de tempo que se passou de lá para cá. Mesmo perdido nas brumas do passado, não houvera, aquele momento, sido o princípio de tudo… O Instituto Salto Quântico, em seu braço público, teve início naquele 26 de abril de 17 anos atrás, mas já existia, em meu coração e nos primeiros contatos e tarefas espíritas, desde que li “O Livro dos Espíritos” e vi, poucos meses depois, a amável e sábia Eugênia, pela primeira vez, nesta reencarnação, em 1988. Quase duas décadas de trabalho… Muita coisa acontece neste período de tempo! Vidas são construídas ou destruídas, neste intervalo de quase quatro lustros. Magnatas e grandes estadistas desencarnam, como os inexpugnáveis Roberto Marinho e Ulisses Guimarães, respectivamente, ou ídolos da multidão, como Airton Senna e o próprio Chico Xavier – todos já na pátria espiritual, há um bom número de anos…

Temos que estar atentos, porque a vida material passa muito rapidamente. Creio que dei começo cedo demais a meus esforços no campo da divulgação e militância espírita, mas uma premência imperiosa a isto me compelia, como uma forte dor na consciência, que me fazia ignorar todos os obstáculos, demasiadamente grandes e numerosos para que pudessem ser enumerados, no correr de ano sobre ano. A despeito disto, entendo que assumi funções que deveriam ser de todo vedadas a pessoas que tivessem menos de 40 anos. É de pasmar que ainda estou com 36, e já posso ser considerado um veterano, pela extensão de tempo continuamente na área. Era-me tão gritante a necessidade de levar adiante o conforto inaudito que obtive com a mensagem da imortalidade, que, considerada a precocidade da iniciação, perdôo-me pelos erros em que incorri. Faltou-me orientação para muitos desafios basilares, e, quando dava os primeiros passos, sofri ataques sistemáticos e mastodônticos, de toda parte: de confrades, líderes do movimento, colegas de curso (Direito) e mesmo de familiares, por me focar totalmente neste propósito, que constitui – tenho plena convicção nisto, desde os 16 anos – a minha razão de estar no plano físico, no transcurso da presente romagem na dimensão material de existência.

O Salto Quântico está agora no melhor momento de sua história. Transmitido, em rede nacional de televisão (TVJB e seus 135 canais, por todo o território nacional), no magnífico horário de 15h30 de sábados, ao vivo, o programa de TV, que surgiu em janeiro de 1994, é hoje o mais antigo da televisão brasileira, na temática espírita. Só mais duas organizações espiritistas, no país, exibem programas nesta proporção de alcance, mas somente nós fazemo-lo ao vivo, no intuito de interagir com o público, no preciso instante de veiculação das idéias.

Muita gente passou por nossa Organização. Gente maravilhosa, que contribuiu muito, e gente não tão maravilhosa, que deu muito trabalho (risos), mas que acabou nos ensinando muito mais. E, quando olho, hoje, em retrospecto, para os anos que se foram, prenhes de enigmas e etapas vencidas, com vistas a me orientar, em função dos anos que, se Deus permitir, ainda me virão, no transcurso da presente existência no mundo material, vejo que o fluxo dos acontecimentos se deu para bem de todos, e que ninguém é obrigado a ficar a vida inteira em situação qualquer que seja…

Tudo muda, tudo flui… Casamentos podem findar, carreiras são suspensas… Nesta época de transformações céleres e, muitas vezes, inexoráveis, mudamos, amiúde, de profissão, de cônjuge, de religião, de nacionalidade ou convicção política, e tanta modificação, vivenciada com equilíbrio e bom senso, pode indicar maturidade, na abertura ao novo e à complexificação do processo de construção da própria identidade, a caminho de níveis mais altos de consciência e lucidez, o que chamamos, no meio espírita, de “evolução espiritual”.

Todos devem ser felizes, ao seu modo, mas gosto do referencial filosófico lapidar que Chico Xavier nos ofereceu, quando interrogado sobre o fato de, com freqüência, pessoas se afastarem de sua intimidade e dos trabalhos desdobrados diretamente por sua pessoa: “Eles não agüentaram o tranco”. O grande médium mineiro não falou mal de ninguém, não desmereceu o esforço de quem quer que fosse. Mas reconheceu que nem sempre poderia estar perto de certas pessoas, dando claras mostras disto, quando, inclusive, em alguns episódios, a iniciativa da ruptura partiu dele mesmo, a exemplo do que ocorreu em janeiro de 1959, quando chegou a mudar de cidade, saindo apenas com a roupa do próprio corpo e sem se despedir de ninguém (de Pedro Leopoldo para Uberaba).

Ser feliz e cumprir os comandos da própria consciência e da própria intuição, sem se apegar a pessoas, circunstâncias, cargos ou lugares. Ser de Deus, e não de organizações, familiares ou de classes e segmentos sociais. Ser do universo, um ser eterno, em contínua transformação, SER!

Que Maria Santíssima e Eugênia, Sua representante espiritual entre nós, abençoem estes 17 anos de atividades públicas do Salto Quântico e nos propiciem, se for da vontade d’Elas, alguns outros mais blocos de 17 anos, no sagrado empenho de espalhar a bênção inaquilatável do conhecimento espírita, no molde moderno, pragmático e não-preconceituoso que a grande sábia desencarnada Eugênia e seus amigos espirituais nos oferecem, libertando-nos, pacificando-nos, realizando-nos, felicitando-nos!!!…

(Texto redigido em 25 de abril de 2007. Revisão de Delano Mothé.)

Observação:

Nesta semana, por sobrecarga de atividades minhas, e por Delano Mothé, meu muito querido amigo pessoal e revisor de nosso site, estar no Rio de Janeiro, a trabalho, sofremos um pequeno descompasso entre publicação das mensagens e revisão, de modo que a versão revisada de cada artigo mediúnico está sendo publicada mais tarde, durante o dia, e não de madrugada, como normalmente se dá. No instante em que a revisão de Delano é trazida a lume, aparece a subscrição dele, como revisor, ao lado da data de recepção da psicografia, entre parênteses, ao fim do texto, como sói acontecer, neste nosso sítio eletrônico.

O Médium.

(*) Republicado, neste site, como “mensagem do dia” de 26 de abril de 2006, sob o título “16 anos Depois…”, acessível pelo ícone “Mensagens Anteriores”, à esquerda.