(Eugênia-Aspásia) – O aprendizado acontece por etapas numerosas de repetição de um dado conhecimento, a fim de que seu conteúdo possa ser fixado adequadamente nas estruturas mais profundas do psiquismo. Logo, ao notar dificuldade em vencer determinadas fraquezas íntimas, o(a) aprendiz deve compreender que ocorre, em verdade, um processo gradativo de autossuperação. Preconceitos, por exemplo, não são derribados da noite para o dia, mas consomem séculos para serem integralmente crestados pela luz do esclarecimento digno, justo e, antes de tudo, sumamente racional.

(Benjamin Teixeira de Aguiar) – E aquelas personalidades que já tiveram provas sobejas de que uma fraqueza ou um mau comportamento não lhes convêm, sofrendo-lhes sucessivas vezes as consequências, mas, ainda assim, insistem em se deixar arrastar nesse sentido?

(EA) – Frequentemente, trata-se de uma atitude involuntária, como você inclusive deu a entender com o uso do verbo “arrastar”. De fato, há casos inúmeros de pessoas viciadas que são completamente dominadas pelos tentáculos da dependência, apesar de muitas já estarem de todo convencidas da malevolência devastadora do vício. Para melhor clarear esse tópico fundamental da autoadministração, sugerimos a leitura de nosso artigo “Controle sobre si: mito e verdade”1.

Por outro lado, é comum encontrarmos indivíduos que supõem ter mais compensações do que prejuízos com algo que, em certo nível racional, lhes pareça ser ou realmente seja um malfeito. Esses precisarão padecer maiores provações, até que se rendam à própria necessidade de mudança.

Problematizando um pouco mais a questão, importa considerarmos o fato de que a medição de dor e prazer, de ganhos e perdas auferidos com uma ação indevida, é extremamente subjetiva e relativa. Ademais, essa avaliação está sujeita à curiosa característica de o cérebro humano não registrar, com a nitidez que se imagina, memória de dor, em virtude de poderosos mecanismos de defesa da espécie. Tal peculiaridade neurológica impede, por exemplo, que mulheres desistam de engravidar, pelo receio de sofrerem as lancinantes dores do parto, em seu estado natural – sem os recursos da analgesia e anestesia avançadas dos modernos centros hospitalares.

Diante desse breve quadro, conclui-se facilmente que certas experiências nefastas precisam se repetir muito mais do que a mente analítico-racional julga ser necessário, de modo que a criatura em processo de aprendizado e transformação inculque profundamente, em suas matrizes psicológicas, a dimensão das implicações destrutivas relacionadas à sua escolha inapropriada de conduta.

(BTA) – Gostaria de aditar algo mais ao assunto, neste momento, Eugênia?

(EA) – Não, satisfeita.

Benjamin Teixeira de Aguiar (médium)
em diálogo com Eugênia-Aspásia (Espírito)
27 de janeiro de 2007

1. “Controle sobre si: mito e verdade”, Benjamin Teixeira de Aguiar (médium), por Eugênia-Aspásia (Espírito), 2006.
(Nota da equipe editorial)