(Metapsíquica no século XIX, Parapsicologia no século XX, Neo-ateísmo no século XXI.)

Prezados irmãos, caras irmãs:

O tema escolhido para a noite de hoje é o próprio Espiritismo e seus principais detratores ideológicos de tempos idos e da época presente, no campo científico.

Em 1885, surgiu a linha de pensamento metapsiquismo ou metapsíquica. Focou as eventuais possibilidades cerebrais em produzir o fenômeno mediúnico, sem que se remontasse à existência do espírito, portanto reduzindo a fenomenologia mediúnica a, tão-somente, processos bioquímicos e bioelétricos no interior da máquina neurofisiológica.

Precisamos, depois, nos recordar de que, em 1928, espocou, na Europa e na Norte América, a Parapsicologia, tanto quanto, praticamente ao mesmo tempo, a Psicotrônica (sua gêmea russa), ambas dando um acabamento mais elaborado às proposições contra-argumentativas da Metapsíquica, em relação às teses imortalistas propugnadas pelo Espiritismo.

Agora vemos, lamentavelmente, levantar-se uma grande onda de setores acadêmicos contra o Espiritismo e as escolas espiritualistas como um todo, no niilismo materialista-ateu.

Gostaria de solicitar, dos queridos amigos, que não se deixem de modo algum intoxicar por tal hipnose coletiva, mobilizada por gênios tenebrosos do mundo astral. Organizações criminosas do plano espiritual de vida têm pugnado por destruir (minando-a paulatinamente) a fé, na espiritualidade e em Deus, das multidões, em muito já desassisadas e desnorteadas…

Prezados amigos e caras amigas, que nos empenhemos (ao reverso de nos deixar engolfar por tais descrenças sistematizadas) em refletir mais, orar mais, dedicar-nos mais ao estudo e à pesquisa em torno da temática espiritista, bem como em compulsar as obras dos bons profissionais da parapsicologia, que não descartam a existência do que denominam “agente psiteta”, o centro de consciência alojado no plano extrafísico de vida – independente de um lastro orgânico-material –, que compreendem como hipotética origem, como indefinível estrutura viva, na etiologia basilar de inúmeros fenômenos paranormais, o que chamamos de espírito ou alma.

Meus caros amigos, neste instante, em que nos sentimos sitiar por todas as ordens de forças desaglutinadoras da paz social, quando o pânico se estabelece nas grandes metrópoles, quando, por exemplo, o Rio de Janeiro, tão propalada, no início do século passado, como a cidade-símbolo da alegria e da confraternização, hoje se converte, em termos práticos, em praça de guerra, entre classes, entre raças, entre indivíduos… que nos tornemos, o mais possível, militantes na seara da disseminação da tese sobrevivencialista, aquela que nos diz que viveremos para sempre, porque existem, como foi dito inspirativamente no transcurso da preleção da noite, evidências numerosíssimas de tal realidade indiscutível, mais concreta que a própria solidez do mundo material, já de há muito derruída pelas descobertas da Física Moderna.

Pudesse eu, queridos amigos (e não só os tenho como amigos, mas como irmãos ou filhos do coração), transportá-los em pensamento, por um instante que fosse, para a antiga sala de aula em nossa saudosa Athenas, quando estávamos entre homens verdadeiramente sábios, não os sabichões da atualidade, muitas vezes completamente desorientados, no labirinto de sua própria falácia e presunção acadêmica… Por aqueles dias, homens e mulheres genuinamente lúcidos punham suas aptidões intelectivas a serviço da humanidade… Gostaria de que todos fossem para lá transportados psiquicamente, a fim de que juntos acompanhássemos as discussões profundas, as atividades dialogadas – não as do tipo de diálogo sistemático, no sentido negativista, mas sim daquele que extrai camadas de discussão vazia para que encontremos a essência das temáticas abordadas. Digo “se pudéssemos” como imagem poética provocativa, pois que, queridos amigos, vamos voltar a este tempo… conforme o ilustre filósofo alemão Hegel propôs em final do século XVIII, ao propugnar o conceito de que os processos tendem à retornar às suas origens, só que de modo mais complexificado (*). Também voltaremos aos parâmetros fundamentais da filosofia grega clássica, num nível de maior sofisticação, de elaboração conceitual e de respaldo pragmático científico.

Estamos, meramente, na fase de transição. Não nos impressionemos com a gritaria ensandecida daqueles que se permitem arrastar pelas seduções do momento. Não nos permitamos resvalar no paul do materialismo niilista, do ateísmo assassino de almas, do consumismo irresponsável, que não consideram as implicações, os corolários gravíssimos, no sentido da desarmonia social que pode ser engendrada por tal pregação perigosíssima de falta de propósito e significado na existência humana – superficialmente considerada como tão-só a sobrevivência no mundo físico –, abalando mesmo os alicerces da civilização terrena.

Convocaria todos os prezados amigos-irmãos em ideal para trabalharmos contra este inimigo comum. Em verdade, nem sequer labutando contra o negativismo leviano, mas sim laborando a favor da fé e da espiritualidade, na base de modernidade e respeito aos novos conceitos e valores em vigor, tanto quanto às descobertas científicas atuais, que o Espiritismo, em nossa feição salto-quantista, tem apresentado.

Para encerrar nosso colóquio ligeiro aqui desdobrado, gostaria de deixar meu ósculo materno, no imo do coração de cada um de vocês, pedindo que façam o especial favor a si próprios, assim como a seus entes queridos, quanto àqueles que sofrem a influência direta ou indireta das atividades e funções que ocupem, de orarem todos os dias, de conversarem com Deus de modo espontâneo e fervoroso, em quaisquer circunstâncias do cotidiano…

Que comecemos e terminemos nossos dias, mergulhando na aura mística de intraduzível poder, transformadora e plenificante, do Amor de Deus. Recordemo-nos de que nossa Mãe Santa disse, através da médium Lúcia dos Santos, em 1917, na cidade portuguesa de Fátima, que Seu Coração Imaculado triunfaria, por fim, no intuito de que não nos deixemos imergir no pânico e no caos catastrofista daqueles que se permitem seduzir pela onda de terror que pervaga nos dias correntes, nessa cultura ocidental.

Agradecida pelo ensejo de exprimir minha fala amiga, apesar das dificuldades e barreiras encontradiças nesta ponte psíquica, que se faz entre a Terra e o nosso Plano Extrafísico de Existência, deixo mais uma vez meu coração humílimo aqui representado.

Sua mãe e professora,
Eugênia.

(Mensagem recebida, durante um transe de incorporação, pelo médium Benjamin Teixeira, no dia 11 de março de 2007, ao fim da reunião de domingos, que tem início, pontualmente, às 19h30min, na casa de shows Espaço Emes, Aracaju, Sergipe. Revisão de Delano Mothé.)

(*) Na “Dialética” de Hegel, à “tese” se segue a “antítese”, que contradita diametralmente as proposições da primeira, que lhe deu origem. A segunda, por sua vez, é superada por uma “síntese”, que engloba os aspectos positivos das duas fases anteriores, eliminando-lhes os negativos, e constitui, por fim, uma nova “tese”, a partir da qual o processo prossegue, “ad infinitum”, em espirais dialéticas de evolução.
(Nota do Médium)