Benjamin Teixeira
pelo espírito Demétrius (*1).
Meu caro Dr.:
Fui colega seu, nos tempos em que estive encarnado.
Tenho a satisfação de hoje sê-lo ainda, do Lado de Cá da Vida.
Gostaria de tecer algumas considerações elementares, para o seu cepticismo respeitável, que me permito aqui, data vênia, reputar ingênuo:
O que define, verdadeiramente, a probabilidade de fatores patogênicos serem efetivos em determinados organismos? Seria o estado geral da saúde ou a idade do paciente? Claro que não, porque se vêem casos de jovens robustos caírem vítimas de bacilos simplérrimos, ao passo que corpos senis e devastados por doenças crônicas altamente debilitantes comumente resistem a moléstias graves e terminais, recuperando-se miraculosamente.
O que faz o conjunto de 30.000 genes da espiga de milho ser tão diferente do grupo de 30.000 genes do genoma humano?
Como, em termos claros, a mente interfere no metabolismo e funções gerais do sistema orgânico de modo tão inequivocamente óbvio? Mensagens bioquímicas na corrente sangüínea? Impulsos nervosos sutis no sistema nervoso periférico? Claro que não. Os mecanismos psicossomáticos são complexos demais e amiúde instantâneos o suficiente para descartarmos a possibilidade de fatores isolados como esses determinarem toda uma cadeia sistêmica de sintomatologia complicada, com nítida etiologia – prosaico, não? – num estado de espírito.
Bem, diante disso, o que falaremos?
Que a ciência avançará mais para desvendarmos tais mistérios, ou, como preferiria dizer certamente: esses dilemas da medicina atual?
Mas o que as neurociências têm descoberto? Que o cérebro é, por assim dizer: oco! Ou, em outras palavras, uma cabeação intrincada de fios orgânicos para a passagem de informações. Um computador biológico. Mas onde está o programa? E o programador? E o operador do computador? Se descobrimos o hardware, mas não fazemos idéia de onde está o software, quem bolou a coisa toda e nem que faz uso da máquina… já é claro para onde os avanços da Ciência estão nos conduzindo, não concorda?
Você pode optar por ficar com a turma do contra. Tem todo esse direito, como o tiveram os colegas de Pasteur que o ridicularizaram quando afirmou a existência de microorganismos, como fatores etiogênicos de enfermidades infecto-contagiosas. Da mesma forma, hoje, pode lhe soar bizarro, senão mesmo ridículo, alguém afirmar categoricamente a existência de agentes psíquicos extra-físicos fomentadores ou potencializadores de suceptibilidades orgânicas específicas ou sistêmicas, imunológicas ou estruturais no organismo humano. Mas o fato é que essa assertiva está assentada na realidade e não deixará de existir por sua dificuldade conceptual em admiti-lo.
Converse abertamente com seus colegas de urgência clínica. Fale com aquel’outros especializados em CTI’s, e poderá se surpreender com os depoimentos, as dúvidas, e até mesmo sugestão de que a Vida, realmente, apresenta indícios óbvios de continuar além da cessação de atividade orgânica da máquina biológica.
E isso, caro colega, creio, seria um grande presente que receberia – não concorda? Saber que não precisará mais lutar contra esse inimigo invencível – a morte – pelo simples fato de ela não existir, de modo que poderá, sem remorsos, lutar, com seus pacientes, mais pela qualidade e humanidade dessa vida, do que pelo prolongamento artificial de uma agonia irreversível, dolorosa e fatal.
Não quero que esteja errado, prezado colega. Minha intenção não é atacar sua vaidade acadêmica ou sua identidade profissional bem lapidada – compreenda-me por favor. Sei o que é isso, porque vivi todas essas fantasias do ego, em mais de uma encarnação como médico. Estou lhe propondo observar e refletir sobre o que maximizará sua satisfação no exercício da Medicina, e lhe arrefecerá, se não elidir completamente, as angústias dele decorrentes.
Siga a sua religião ao seu modo, caso pretenda ou lhe apeteça ter uma. Mas leia um pouco mais sobre “Near-Death-Experiences”(*2), de nossos colegas norte-americanos, ou sobre o que meus colegas encarnados da Psiquiatria têm escrito sobre evidências da reencarnação. Ou, pelo menos, dê uma vasculhada geral na literatura intermediária entre a Ciência e o Ocultismo e converse com outros colegas abertos a esse tipo de conjectura, e notará que nada do que falo é absurdo, mas, muito pelo contrário, é tão obviamente verdadeiro que é de pasmar uma fatia expressiva da classe médica ainda ser resistente à sua realidade gritante.
No mais, amigo, tenha a certeza de que sua missão sagrada no exercício da Medicina é encarada por nós, que estagiamos do Lado de Cá da Vida, como um sacerdócio, e que nunca age só, em suas atividades profissionais. Pode, assim, contar com essas presenças invisíveis, de nós, médicos do Outro Plano da Vida – com acesso a muito mais informações e a técnicas bem mais avançadas que as de vocês – e se tranqüilize, assim, um pouco mais, do estresse – inaquilatável para profissionais de outros ramos – de ter a obrigação de não errar e sempre acertar, como se isso fora possível a qualquer ser humano.
Estude, atualize-se, domine a Ciência Médica terrena, mas, estimado colega, para seu bem, sua felicidade, sua tranqüilidade – bem como, claro, de seus pacientes -, abra-se a essas considerações, e busque informar-se dentro deste âmbito de idéias, aproximando-se de grupos médicos de apoio no campo, etc, e lhe garanto que uma extensão de maravilhas inapreciáveis acontecerá em sua vida, gradativa, mas definitivamente, em seus caminhos como médico e ser humano.
(Texto recebido em 12 de dezembro de 2002.)
(*1) Dr. Demétrius, um circunspecto e erudito psiquiatra-psicanalista desencarnado, esteve entre nós como grande nome da Medicina do século XX. Hoje, incorporou-se às falanges do bem que estimulam o progresso da Ciência Médica, no sentido de se reconectar à inteireza sistêmica, holística, espiritual do ser humano. Sugiro ao prezado leitor do site que seja médico que distribua esta mensagem curiosa com seus colegas – principalmente os céticos ou fronteiriços entre a simpatia a tais cogitações, ou mesmo aos leitores do site de uma forma geral que enviem para seus amigos, parentes e conhecidos da área de saúde.
(*2) Termo original do Inglês: “Experiências de Quase-Morte”.