Benjamin Teixeira
pelo espírito Eugênia.
Gostaria de aproveitar o ensejo de ter todos os companheiros mais próximos de nosso núcleo aqui reunidos, para lhes transmitir uma mensagem de caráter informal, no que tange à prática medianímica, bem como às demais atividades espirituais desdobradas em nossa instituição, aqui representadas metaforicamente no exercício de intercâmbio interdimensional.
Os prezados companheiros em ideal percebem dificuldades e escolhos diversos, que se lhes afiguram intransponíveis, relacionados ao intercurso psíquico, não só na relação com nós que nos asilamos no Plano de Vida considerado “Superior” – não necessariamente superior, mas, digamos, de forma mais apropriada: Plano do Bem –, de caráter educativo e de orientação; como também no esforço terapêutico, de enfermagem e ajuda àqueles que se albergam em regiões que poderíamos chamar não talvez de “infernais”, “purgatoriais”, “inferiores”, “umbralinas” da espiritualidade, e sim, como seria melhor dizer: faixas de maior sofrimento do campo extrafísico de existência.
É muito importante que nos compenetremos da enorme responsabilidade que nos junge a este mister de trocas mentais e energéticas, fazendo-se indispensável o máximo de decoro, em nível profundo – por exemplo, no que concerne a detectar, vigiar e filtrar as motivações mais íntimas e entranhadas que nos levam à procura da espiritualidade, o que realmente pretendemos com a tarefa mediúnica. Buscar paz é apropriado; equilíbrio psicológico, idem; esforçar-se por prestar um serviço de qualidade a amigos encarnados ou desencarnados, também. No entanto, sempre que suspeitarmos qualquer longínqua tendência compensatória de nossas frustrações (em outras áreas de interesse e necessidade), deveremos nos precatar, e reavaliar nossa forma de interagir com o grupo de correligionários e com o trabalho espiritual em si. As crises e desgraças podem, e muito bem, nos compelir para Deus. Contudo, jamais nos devemos autorizar fazer da Espiritualidade nosso objeto de jogos egóicos ou interesses materiais.
Não acredito encontrar nesta sala irmãos em ideal incursos nesse gênero de equívoco, mas apenas quero reforçar, já que estamos tratando com seres humanos, o espírito de reverência, de devoção, de sacralidade, relacionado a esta função nobilíssima, que deve ser assumida com máxima veneração, por ser genuinamente religiosa. Estamos trabalhando com Deus e para Deus, apesar de servirmo-l’O na pessoa de nossos semelhantes, não importando a faixa de consciência em que provisoriamente habitem.
Muitos de vocês, amiúde, abrem as comportas da alma a confusões e dúvidas excessivas, no capítulo do essencial. O processo mediúnico é perfeitamente natural. Pela crítica exacerbada e pelo alto grau de expectativas em relação às tarefas aqui desdobradas, talvez aguardem espetáculos refinados. Cabe muito bem, por conseguinte, relembrar que não estamos aqui para gerar nenhum assombro fenomenológico, de qualquer ordem que seja. Nós, que nos alojamos no domínio espiritual da vida, muitas vezes nos estamos manifestando, sem que nem sequer se dêem conta disso, em função de nossa influência acontecer num nível sutil de inspiração; por outro lado, igualmente – o que constitui um grande alerta –, aqueles que compõem as hostes da desagregação, que pugnam por insuflar animosidade, desânimo e cinismo, quando não vício, maldade e destruição, infiltram-se nos meandros psicológicos de cada criatura incauta que encontrem pelo caminho, com o fito de darem larga expansão à sua sanha vampiresca, de molde a prosseguirem com a ilusão da vida material e as paixões desassisadas que nutriram quando portadores de corpos físicos.
Outros tantos – dos que comparecem a este banquete de espiritualidade e amor – são bons médiuns, mas ainda não se aperceberam disso apropriadamente. Não quero dizer, com isso, que, por serem médiuns ostensivos, devam todos extravazar, fluentemente, suas faculdades psíquicas, mas que não embotem as atividades da Luz, por excessivo pudor, por demasiado receio das próprias sujidades morais, por critério um tanto hiperbólico (e paranóico), na seleção do momento de agir.
Ninguém aqui tem propósito de utilizar a mediunidade para fins pessoais, estou muito ciente disso, assim como os nossos amigos auxiliares desta Parte da Vida. Todavia, se estamos imersos nesse tal estado de desprovimento de intenções subalternas dissimuladas, devemos também nos apresentar para o serviço divino, sem tanta timidez. Se as pessoas são tão motivadas a agir com energia, quando se trata de atenderem a apelos do ego, aos diversos ímpetos de poder, prestígio, riquezas, ou mesmo no mercado das paixões mais aviltantes, por que não nos empolgarmos de entusiasmo, quando estamos tentando ou nos candidatando a enveredar pelos caminhos da Luz?
Então, meus queridos amigos, gostaria apenas de hoje registrar que, embora esses escrúpulos morais na tarefa espiritual (como afirmei mais para o início de minha fala) sejam sérios, respeitáveis, louváveis, no que tange aos interesses profundos de cada qual, não nos deixemos intoxicar e paralisar por excessivas dúvidas – seja a respeito de nós mesmo, no trabalho mediúnico; seja no que concerne ao companheiro de lides espíritas: se ele está realmente ou não trabalhando como médium, ou se se engolfa em forte auto-engodo anímico.
Não nos encontramos aqui para agir como se estivéssemos em laboratório de pesquisas neurocientíficas ou em campo de estatísticas matemáticas, para o acerto preciso em torno de dados objetivos. Laboramos com o espírito, com a alma, com os corações, com os caracteres dos que aqui se reúnem, tanto no domínio material, como na dimensão extrafísica de existência.
Pedir-lhes-ia, mui encarecidamente, envolvam-se e dirijam-se por esse impulso profundo de fé corajosa e dinâmica. E, se não puderem sentir os arroubos sublimes da fé, que se arrebatem pela esperança e pela intuição, patrimônios comuns da humanidade, como dito por outros autores espirituais, de que Emmanuel (*), citado no transcurso desta noite, constitui o melhor exemplo.
Logo, estimados filhos e discípulos, não esperemos fazer muito, mas o pouco que pudermos desdobrar, façamo-lo de modo audaz, dispostos a, inclusive, nos expor, rompendo com a hipnose da loucura coletiva de suspeita em relação ao universo do espírito, promotora de uma lamentável onda apologética ao materialismo e ao ateísmo, que se espraia por quase toda parte, adoecendo consciências, desesperando corações… Lutemos ardorosamente contra esse satânico inimigo, entregando-nos a Deus, plenamente, hoje e sempre,
Com vocês, aguardando-lhes a disposição renovada ao trabalho,
A mãe e mestra, à distância, mas presente em coração,
Eugênia.
(Mensagem recebida pela psicofonia do médium Benjamin Teixeira, em reunião mediúnica fechada do dia 14 de agosto de 2007. Revisão de Delano Mothé.)
(*) Guia espiritual de Chico Xavier.
(Nota do Médim)