Benjamin Teixeira
pelo espírito Eustáquio.
Corando de prazer, ante a oportunidade de ser útil, medita, entretanto, na possibilidade, não remota, de sofreres ingratidão. Este ainda não é o mundo da Luz, e quem se candidata ao serviço do bem, inexoravelmente, padecerá as investidas cruentas das trevas, que intentarão obstar-lhe as iniciativas de bem-fazer.
Com isto, de modo algum intentamos descoroçoar-te o impulso bendito de te candidatares e te mobilizares na seara do Cristo, mas alertamos-te para não esperares rodovias asfaltadas, nem almofadas fofas, que assimilem os tombos que terás que suportar, no transcurso para teu objetivo de solidariedade e ideal.
Embora em medidas mais suaves que n’outros tempos, o caminho da Luz ainda é o caminho da Cruz. É possível, e mesmo necessário, que se aclimate a mente em psicosfera de otimismo, esperança e fé no melhor. Entretanto, negar o fato de que o bem ainda não é predominante neste mundo é agir de modo ingênuo e mesmo irresponsável, já que, cedo ou tarde, as forças representantes do “outro lado” cobrarão o tributo pela escolha da vereda melhor…
É bem verdade e indiscutível que os ganhos são muito maiores que os prejuízos, para aqueles que se alinham com Deus e se postam a serviço da Divina Vontade, não só porque a Força Divina é o poder fundamental do universo, como ainda porque a própria criatura, em qualquer nível evolutivo ou quadra amarga e sinuosa em que esteja, no trajeto de ascese ao Criador, porta a essência de ser programada e destinada à Luz. Porém, ainda se está, de modo prevalente, neste mundo físico, em lutas homéricas entre a vitória do bem sobre o mal, por mais atávicas e anacrônicas (“maniqueístas”) que soem estas pugnas arquetípicas, para aqueles mais dados às idéias do perspectivismo e do relativismo cultural.
Tem cuidado, assim, de esperares benesses demais, neste campo de sombra, se te estás representando o Bem. Foca o bem, sê otimista, vê o melhor em tudo, mas não te surpreendas com os reversos freqüentes dos trabalhos da Luz, porque, por ora, ainda não é o momento de a Luz vencer de modo absoluto e definitivo, não na Terra, não agora.
(Texto recebido em 16 de janeiro de 2005.)