pelo espírito Eugênia.
Pondo, para este breve estudo, em segundo plano as origens históricas judaicas do êxodo hebraico do cativeiro no Egito Antigo, liderado por Moisés, que deu origem ao festejo judaico, em prática ao tempo de Jesus, Páscoa, para as tradições cristãs, constitui, em seus fundamentos profundos, um tempo de reflexão, e não de troca de bizarros ovos de chocolate, virtualmente postos por coelhos alegóricos. Para dar uma idéia do alheamento geral, em relação aos propósitos verdadeiros da data mística, basta nos lembrarmos de que o lagomorfo, como é de domínio público, é mamífero, não pondo ovos, portanto. Assim, temos uma noção do quão esdrúxulo e burlesco é tal hábito contemporâneo, evidenciando, inequivocamente, a ação sub-reptícia de agentes malevolentes da faixa extrafísica de vida que, fazendo uso do sistema de consumo e da máquina da mídia, subliminarmente pugnam por desviar a mente popular das questões sérias atinentes à festa cristã.
A Páscoa é a maior comemoração sazonal da cristandade, pelo significado profundo do símbolo de vitória do Cristo sobre a morte. Nela, está exarado o poder transformacional do Cristo Ressurrecto, que nos exorta à metanous (metanóia), à transmentalização, à transubstanciação de nossas almas. Jesus-homem morre simbolicamente na “sexta-feira da paixão”, para que ressurja, gloriosamente, no “domingo de Páscoa”, como o Cristo-Divino.
Destarte, a “semana santa” constitui um período sabático (de parada meditativa, com fins de aprimoramento íntimo) que visa a nos estimular, ritualisticamente, a fazer com que o homem velho (a mulher velha) morra dentro de nós, oferecendo espaço ao nascimento do homem novo (da mulher nova) que habita, em semente, no nosso imo – ou seja: o ser transpessoal que substituirá o egóico-irracional-mesquinho que nos prende à retaguarda evolutiva e a toda ordem de sofrimento.
Assim, participe da folgança feliz da permuta de presentes achocolatados, mas não perca de perspectiva o essencial: seu Eu Sagrado pede para nascer, através do incentivo da ocasião alegre da convenção relígio-social, e, para tanto, reclama-lhe dê mais atenção às aspirações de ideal, espiritualidade e fé, vocação e solidariedade, que palpitam nos refolhos profundos de seu coração, propelindo-o, por fim, a segui-las e vivê-las.
(Texto psicografado por Benjamin Teixeira. Revisão de Delano Mothé.)