(E o poder da Misericórdia Divina)
Benjamin Teixeira
pelo espírito Gustavo Henrique.
– 35 anos de tarefas mediúnicas: é o que lhe propomos, sim?
– Como? Somente isso?
– É muito, filho. Três décadas e meia de serviço ininterrupto, na seara do intercâmbio psíquico intermundos, em matéria de desobsessão, passes e cura, constituir-lhe-ão um passaporte garantido para o plano de paz e bem-aventurança que busca há tantos séculos…
– Será fácil. Nossa… com todas as bênçãos que receberei da vida, estímulos santos de amigos, professores e camaradas de ideal, não tenho dúvidas de que me desincumbirei da tarefa, galhardamente.
E o médium desceu à reencarnação, trabalhou, sofreu, deu de si, a começar dos 30 anos, data aproximada que programou para o desabrochar pleno das faculdades mediúnicas e da solidariedade que se distenderia a partir de então. Mas no quarto ano de labor intensivo, toda ordem de pensamentos destrutivos lhe vieram, no que concerne à perseverança no ideal medianímico. Havia filhos a cuidar, profissão a zelar, futuro próprio a preparar na “aposentadoria feliz”… E, inclusive, a idéia do propósito de servir “tanto” ao próximo começou a lhe soar como uma forma disfarçada e perigosa de vaidade…
Seria melhor parar… ou, ao menos, reduzir a ocupação na área. E o médium desavisado interrompeu o serviço de assistência aos sofredores, por meio do passe curativo. Três anos depois desta primeira ruptura com a consciência, igualmente deu por encerradas suas atividades como médium de incorporação, em reuniões mediúnicas de desobsessão.
Nos anos seguintes, entrementes, surgiu-lhe catarata nos olhos, a esposa enlouqueceu moralmente e o largou, os filhos, atormentados por agentes das trevas, cresceram longe de seu coração; foi perseguido e sabotado na empresa, sendo rebaixado no quadro hierárquico, até que adveio a demissão, antes de se aposentar; e, coroando tragicamente seu rosário de dores, aos 47 anos de idade, um infarto do miocárdio o levou à internação hospitalar, recebido em sala de urgência quase como um indigente.
Dotado de sensibilidade mediúnica, Pedro Jorge viu-se lançado fora do corpo, em espetacular “experiência de quase-morte”, observando seu aparelho biológico precocemente abatido, pelos pungentes invernos de sua existência. Estava um trapo – tinha que reconhecer… Onde fora parar com a cabeça, para se deixar enveredar por trilhas tão escuras e sinuosas, como as que tomara há decênios? Em meio a tais reflexões, foi sugado para dentro de um túnel escuro, escorregando velozmente para cima, na direção de uma forte concentração luminosa, ao fim do funil místico, que foi ficando mais próxima e maior, progressivamente, até que o médium relapso se viu não propriamente imerso na Luz (como tantos sobreviventes de EQM´s relatam), mas diante d’Ela, d’Onde partiu uma voz masculina, doce quão firme, que lhe indagou, sem rodeios:
– Pedro, Pedro, que fizeste de tua vida?
Tartamudeando, atarantado, o homem exaurido nas forças emocionais da alma, como nas físicas do corpo que já quase completamente abandonara, restringiu-se a abaixar a cabeça, constrangido ao infinito, enquanto um “vídeo” celérrimo de tudo que lhe acontecera na última encarnação correu diante de seus olhos espirituais. Notou, destarte, quão egoísta e mesquinho fora em tantos aspectos de sua existência e na maior parte do tempo que viveu sobre a Crosta. Em particular, doeu-lhe ver a fuga a que se confiou, afastando-se de seus deveres espirituais, primeiramente de modo sutil, depois escancarada e diretamente, desertando por completo das responsabilidades mediúnicas num espaço de sete anos. Terminada a “projeção das imagens”, a Voz tornou:
– Pedimos-te, antes que renascesses, amigo, 35 anos de dedicação à prática do bem, através do uso de tuas faculdades de intercâmbio entre as duas dimensões de Vida. Entretanto, após apenas 4 anos de atividades integrais e mais 3 de ocupações parciais no exercício da mediunidade com o Cristo, abandonaste teu posto de serviço, recolhendo-se à mesquinharia de uma existência exclusivamente focada no interesse pessoal ou, no máximo, do clã doméstico.
Pedro chorava copiosamente. Sua vida física tivera fim, e ele, horrendamente, desperdiçara preciosa oportunidade de trabalho, que lhe ofertaria, misericordiosamente, compensação no bem, por desmandos graves cometidos em outras reencarnações.
– Meditas bem – ribombou a voz profética, revelando conhecimento de suas reflexões íntimas. – De fato, poderias ter nascido em condição misérrima, e recebeste, em contrapartida a um organismo saudável e um destino relativamente feliz, a delegação mediúnica, como bênção e glória de servir santamente, em nome de Jesus. Quantas almas poderias ter socorrido, caro amigo, com tão pouco de teus esforços? Quantos suicídios, quantas obsessões, quantos processos de loucura teriam sido evitados? Quantas pessoas salvas das malhas do crime (pela incitação de entidades perversas com que invigilantemente estivessem sintonizando)?… Mas preferiste o descanso das comodidades pessoais, de ordem material, tão-somente. E, ironicamente, desamparado da cobertura espiritual que recebias, pela utilidade ao bem comum que apresentavas, ficaste ao sabor dos ventos devastadores do mal, que campeiam no mundo e se encarregaram de lhe subtrair a “paz” e a “prosperidade” em todos os sentidos, o motivo-cerne de sua fuga ao dever…
Pedro chorava em cântaros. Pensava consigo que mereceria, sem dúvida, o pior dos castigos, por ter sido tão negligente e imaturo. Foi quando a Voz voltou a soar, com o mesmo tom divinal de revelação:
– Todavia, caro amigo, como Deus é Amor, antes de ser Justiça, ou só é justo quando o amor O inspira primeiramente, terás uma chance de reparar teu grave erro de omissão, retornando para o veículo orgânico de vida, para viveres os 28 anos (dos 35 previamente programados) de trabalho que te faltam, reduzidos para 25, em considerando as dificuldades ingentes que descobrirás, não só por estares começando o que já deveria estar em meio, mas também porque muitos de teus cooperadores eventuais, que reencarnaram para te assessorar em tua obra, já acabaram por se ligar a outras atividades beneficentes, na falta do projeto de expansão do bem comum, que planejaste.
Pedro sorriu, lágrimas copiosas lavando-lhe o rosto do corpo espiritual, e, quase em êxtase de gratidão, ouviu a voz ainda perguntar:
– Que queres, Pedro? Aceitas voltar para reparar teus erros?
O médium desviado meneou a cabeça suavemente, em tom de consentimento, e viu-se tragado, violenta e instantaneamente, de volta a seu casulo de carne, sentindo todo o corpo trespassado por dores medonhas, sobremaneira a caixa torácica.
Entretanto, após algumas semanas de convalescença (a extensão de tecido lesado no músculo cardíaco, em conseqüência do infarto, não fora muito grande), tornou à vida comum. Com pouco dinheiro, Pedro correu atrás de emprego modesto, alugou apartamento pequeno, em região suburbana, restringiu hábitos nocivos, ou os eliminou de todo (como o cigarro, que o acompanhava desde a juventude – com poucos anos de exceção na abstinência, sobremaneira durante o período de militância espírita-mediúnica de sete anos). Por fim – e principalmente –, voltou, logo que pôde, às tarefas medianímicas, recebido de braços abertos pelos antigos companheiros de lides psíquico-espirituais, após lhes confidenciar a forte experiência de morte clínica que sofrera e a dádiva do Céu que recebera, por conseguinte.
Cinco anos após a EQM de Pedro, uma companheira da gleba espírita envolveu-se afetivamente com o medianeiro, chegando os dois a contraírem núpcias e sendo muito felizes. Uma nova oportunidade de posição profissional lhe surgiu, melhor remunerada e mais conforme sua vocação e seus talentos. A saúde passou-lhe a constituir bênção especial, a se fazer imbatível ante todos os riscos de enfermidades, como a probabilidade de contágio por pequenas viroses.
Feliz e recuperado em todos os departamentos de sua existência, Pedro chegou aos 72 anos de idade cronológica no corpo material. Adoecendo gravemente, foi levado às pressas para o pronto socorro da casa de saúde mais próxima, vendo-se, novamente, fora do casulo de carne, rememorando, ato contínuo, a vivência psíquica de um quarto de século transato. Achou-se bem abatido, no aspecto físico, mas recordou-se das inúmeras atividades de auxílio fraterno que eram desnoveladas, pela sua presença no mundo físico, no uso sistemático de suas faculdades medianímicas.
Eis que, então, neste exato ponto de seus solilóquios, uma Luz intensa surgiu no ambiente, sem que ele precisasse, como da primeira vez, ser absorvido pelo túnel tenebroso.
– Há vinte e cinco anos – esta quadra de quarto de século que transcorreu de lá para cá –, propomos-te trabalhasses com as funções mediúnicas. Vemos-te, satisfeitos, muito realizado, e disposto a continuar disseminando as sementes do Bem. O Cristo sempre protege aqueles que vivem para a realização do melhor por Sua causa. Logo, autorizamos-te o retorno à ribalta do domínio físico de existência, para que lá permaneças, ainda que com muita precariedade, por mais sete a dez anos de vida orgânica, dedicando-te à caridade cristã da mediunidade disciplinada aos moldes do sistema kardecista de ideologia e metodologia de espiritualidade.
Pedro não viveu no seu instrumento de matéria por mais sete ou dez anos, conforme dito originalmente pela “voz” da “Luz”, e sim por mais 12 – um indício óbvio do quanto ele se fizera útil e necessário a muitos. Aos 84 janeiros, afinal, chegou-lhe o momento da despedida dos seus, que ficariam nos proscênios da vida física. Voltou à Pátria Espiritual, porém, gloriosamente honrado, com longa e valiosíssima ficha de serviços prestados, no domínio material de existência.
Como Deus é misericordioso!… mas precisamos nos mobilizar, para usufruir de Sua Bondade sem-limites, através do aproveitamento das oportunidades especiais que a Vida e a Divindade nos oferecem, da mais variada gama de possibilidades.
Aquele homem precocemente envelhecido, infartado aos 47 anos, desencarnara mais sábio, sereno e autoconfiante, 37 anos depois do acidente cardiovascular. Somados aos 7 anteriores de trabalhos na seara mediúnica, Pedro computara, portanto, 44 anos de devotamento à causa sobrevivencialista, espalhando, além do que se lhe pediu, bênçãos de amor, esclarecimento e conforto para multidões infindas.
Eis uma vida, primeira e superficialmente, perdida que, do “fundo do poço”, soergueu-se para a glória completa… sobre si mesma!
(Texto recebido em 2 de novembro de 2007. Revisão de Delano Mothé.)
Dado de permanência no ar:
Ultrapassando o teto de dez mil caracteres, esta psicografia figurará, neste site, como “mensagem do dia”, por dois dias consecutivos.
COMO MUDAR DE VIDA E SER FELIZ.
Como estará, no início do mês de dezembro, em seu circuito anual de conferências, nos Estados Unidos, Benjamin Teixeira ministrará seu último mini-workshop do ano, neste domingo, 4 de novembro. Como fazer mudanças efetivas, duradouras, importantes, na própria existência? O que mudar, como mudar, para que mudar? Toda a atividade terá apenas uma hora e meia de duração, a começar das 19h30min. Ingressos, com valores módicos (revertidos para as realizações do Instituto Salto Quântico), estarão sendo vendidos, no horário e dia do evento, à porta do Mega Espaço, R. Nossa Senhora das Dores, 588, Aracaju. Para antecipar a aquisição de sua entrada (com valor menor) ou obter mais informações, ligue para 3041-4405.
Núcleo Central “Salto Quântico Aracaju”.