Documento de participação do Instituto Salto Quântico (como órgão consultivo com status especial junto ao Conselho Econômico e Social da ONU) na 66ª sessão da Commission on the Status of Women (CSW66)
Imprescindível conjecturarmos e debatermos sobre possíveis meios a transmitir, no seio das sociedades humanas, em todos os povos da Terra, poder sociopolítico-econômico a pessoas do gênero feminino ou identificadas com a feminilidade, sobremaneira em tão séria crise multifacetada que atravessamos, faceando desequilíbrios ecológicos severos, com ameaças de desastres mesológicos, climáticos e pandêmicos, em escalas, por ora, imprevisíveis, mas cujos efeitos mais extensos impactam, como sempre, as comunidades mais carentes do orbe, em termos de infraestrutura educacional, médico-hospitalar, alimentar, digital etc.
Julgamos, porém, indispensável reiterar nosso parecer, já trazido a lume em palestra que proferimos em nosso evento paralelo à CSW65, realizado aos 15 de março deste ano de 2021: o poder não precisaria, em princípio, sequer ser concedido a mulheres e meninas – bastaria ser reconhecido como preexistente, conforme o revelaram sobejamente inequívocas evidências registradas por paleantropólogos(as), em culturas matriarcais dos primórdios da humanidade em nosso planeta.
A vida, par excellence, gravita em torno da mulher. Através do claustro uterino, no seio de mulheres – em que, um dia, as meninas se converterão –, novos seres humanos florescem, qual se, metafórica ou (talvez) literalmente, gestantes se tornassem templos vivos, donde as novas gerações brotam para o mundo!…
Urgentes se fazem quaisquer medidas políticas que fomentem ações efetivas, sejam elas de cunho partidário ou não, surjam no âmbito da atividade pública ou no domínio da iniciativa privada, provenham do governo das nações ou da participação de ONGs, indivíduos ou pequenos grupos informalmente organizados, no sentido de viabilizar a mulheres e meninas a instrução, a profissionalização e o auxílio médico-psicológico, incentivando-as a reavivar ou a despertar a consciência do próprio poder de agir no mundo e transformá-lo.
Tais medidas, evidentemente, dever-se-ão pautar pela criação de expedientes práticos, de acordo com o contexto de recursos naturais e materiais, no ambiente de cada população feminina alcançável, apesar de precisarem respeitar, até certo ponto – para serem realistas e executáveis –, os parâmetros e os paradigmas culturais extremamente arraigados em determinadas localidades, alguns deles arquimilenares.
A comunidade científica proclama unanimemente, pelo prisma simultâneo de diversas disciplinas do conhecimento, a emergência gritante de que se tomem providências imediatas, eficazes e duradouras, a fim de que a humanidade, em nosso pequeno rincão planetário, sobreviva aos desafios e perigos ingentes da atualidade, sobremaneira no campo da crise ambiental que vivenciamos.
Impossível ignorarmos, nesta circunstância tão calamitosa de nossa história, que metade dos contingentes humanos – mulheres e meninas – prossiga sendo rechaçada e vilipendiada, como foi multissecularmente oprimida e amiúde violentada, física, psicológica e/ou moralmente, com frequência de modos horrendamente anacrônicos e abomináveis.
Que acordemos, antes que seja tarde demais, e lutemos pela sobrevivência delas e de todos(as) nós, incluindo homens e meninos… porque o galopar da “carruagem dos eventos” está tão acelerado, que inúmeras das mais brilhantes mentes, de várias áreas do saber humano, consideram já havermos ultrapassado o ponto de não retorno de um irreversível processo de queda livre, rumo ao desastroso fundo do abismo da completa extinção de nossa civilização e espécie sobre o globo… aniquilando, conosco, parte expressiva da frágil biosfera terrena que compomos.
Benjamin Teixeira de Aguiar
Presidente-fundador do Instituto Salto Quântico – Sociedade Filantrópica Maria de Nazaré
DeWittville, Nova York, EUA
13 de outubro de 2021
Vide versão em inglês: “Re-empowerment of women and girls in a world in serious, urgent and multifaceted crisis – Written statement sent to the UN CSW66”.