Todo sepultamento constitui uma forma de incubação¹ e, como tal, de renascimento.
A semente que, no ventre da terra, é comprimida, sufocada e dilacerada, padecendo o tormento da ruptura de suas estruturas íntimas, para desencadear a germinação da planta…
A lagarta que, aprisionada viva no túmulo da crisálida, se submete à tortura da metamorfose, para ressurgir transfundida em borboleta…
O(a) paciente grave que, no simbólico leito fúnebre da sala de cirurgia, sofre operação de emergência, sendo mutilado(a) tecnicamente por profissionais da cura e jazendo, em seguida, na encubação¹ eletrônica da UTI, para, vencida a convalescença, reaparecer renovado, em sua vitalidade e saúde orgânicas…
São exemplos ou alegorias do que pretendemos dizer.
Atente-se para essas sugestões místicas da vida e, sem temores, converta seus momentos ruins em períodos de fermentação criativa, a fim de deles renascer em nível mais alto de consciência, equilíbrio, sabedoria e fortaleza interior.
É para isso que espocam as crises, inclusive a crise da morte física, que concede ao espírito a bênção da libertação do jugo de matéria densa, descortinando-lhe planos maiores e mais felizes de existência, progressivamente!…
Benjamin Teixeira de Aguiar (médium)
Eugênia-Aspásia (Espírito)
20 de março de 2005
1. Embora o essencial seja a sabedoria da mensagem, cabe ressaltar que Eugênia-Aspásia, uma mestra da lusofonia (quando meus filtros mediúnicos não lhe atrapalham o discurso), apresenta, neste brevíssimo artigo, as formas dos parônimos “incubação” e “encubação”, brincando com as palavras e enriquecendo a beleza artística do texto, para os(as) apreciadores(as) do idioma de Camões.
(Nota do médium)