Benjamin de Aguiar,
em diálogo com o
Espírito Irmão Lukas.

(Banhava-me, quando recebi, pelo sem-fio do pensamento, o convite do severo e circunspecto – embora sereno e paternal – Irmão Lukas a dialogar comigo, com intenção de posterior publicação, neste sítio eletrônico. Segue-se a nossa conversação.)

(Benjamin de Aguiar) – Boa noite, Irmão Lukas. O senhor deseja tratar de que assunto?

(Espírito Irmão Lukas) – Do desejo de as pessoas conviverem com seres superiores, sejam encarnados ou desencarnados.

(BdA) – Interessante…

(EIL) – Por que julga interessante?

(BdA) – Não compreendo, de pronto, as implicações práticas… Estou curioso. Desculpe-me se pareceu rude.

(EIL) – Não, não foi por considerar grosseiro que eu lhe redargui. Quis que revelasse, no campo das ideias, para você mesmo, o porquê de entender “interessante” o tema.

O ser humano médio da Terra é crítico em demasia, sente-se vítima de tudo e todos, normalmente reputando-se injustiçado e com pouca “sorte”, compreendendo os “favorecidos pela sorte” como beneficiados pelo que não mereceriam, enquanto se julgam merecedores de todos os créditos e facilidades…

(BdA) – A psicologia infantil e narcísica de se sentir o centro do mundo…

(EIL) – Sim. Mas tem mais. Se realmente convivessem com seres superiores, não estariam nem um pouco agradadas, como presumem. Os Espíritos de escol, quando encarnados na Terra, têm uma particular inclinação para serem contraconvencionais, conforme a hagiografia de santos e mártires o revela. São, de ordinário, amáveis e dóceis, no trato social – sem dúvida –, mas jamais se dobram às conveniências culturais de uma época ou lugar.

De perfis psicológicos diversos, esses seres mais adiantados que aportam à superfície do globo, para lhe acelerar a evolução das populações inconscientes, não variam no caráter: representam o Domínio Sublime de Vida, e, como tais, estão dispostos a se queimarem (às vezes literalmente, como as fogueiras da Inquisição bem o provaram), para que um princípio ou um ideal não lhes conheça traição.

(BdA) – Então, quando o ser humano médio reclama de alguém ou do defeito de alguém…

(EIL) – Está na verdade protestando porque as personalidades que são objeto de seu ataque ou a conduta destas pessoas não se encaixam em seus caprichos, e não propriamente está exigindo do foco de sua atenção a virtude que julga cobrar, com o que, diante dos próprios olhos e dos olhos vulgares, dignifica sua postura mesquinha de impor submissão alheia a seus desejos de ordem pessoal, normalmente rasteiros.

(BdA) – Compreendo…

(EIL) – Aquele caso, por exemplo…

(BdA) – Qual?

(EIL) – O do senhor bígamo que lhe chegou aos ouvidos…

(BdA) – Sim. O que o senhor quer dizer sobre o assunto?

(EIL) – Ele, além de não revelar à esposa “oficial”, digamos assim, que carrega outro consórcio na conta cármica, impede a terceira de frequentar o ambiente religioso em que ele e a esposa “matriz” se beneficiam…

(BdA) – Creio que acompanho o seu raciocínio. O que o senhor conclui desta postura dele?

(EIL) – Carma duplo. Não permite que a esposa escolha ou não viver uma relação bígama, e, ainda por cima, priva a outra companheira de receber as orientações e confortos que a Casa Religiosa a que ele comparece tem a oferecer, protegendo-o de erros ainda maiores ou de desastres e desgraças mais extensos, em vários departamentos de sua existência. Corre por conta da responsabilidade deste sujeito tudo de bom que essa segunda mulher deixa de receber da tal Instituição, dentro ou fora de si própria, por ter se submetido à proibição do consorte pouco sensível, bem como todo mal que advier disso, na vida dela e de outras pessoas, que sofram, direta ou indiretamente (imagine o efeito em cascata), seu raio pessoal de influência.

(BdA) – Sim, faz sentido. Mas essa segunda mulher poderia se sublevar, e frequentar a Casa mesmo assim, à revelia da “proibição” do companheiro, não é isso?

(EIL) – Corretíssimo. Mas ele sabe que a seduziu o bastante para que ela tenha que fazer uma escolha entre o relacionamento conjugal com ele e a tal adesão espiritual. Dimensiona a maldade, frieza e crueldade dessa pessoa? Ele explora a fraqueza da “segunda esposa”, deixando-a à míngua do esclarecimento e conforto que busca, tanto quanto do convívio familiar que gostaria de desfrutar (ser apresentada à família dele, etc.), necessidades que todo ser humano sente, e ainda permite, com isso, que ela seja taxada de mulher vulgar, interesseira e moralmente comprometida, por quem, aqui ou ali, fique conhecendo o caso.

(BdA) – Quando é apenas psicologicamente frágil, e não condenável moralmente.

(EIL) – Sim. É nossa visão também.

(BdA) – Ele é quem está agindo mal.

(EIL) – Agindo mal? Ele está sendo perverso, irresponsável e inconsciente. Não compreendo como põe a cabeça no travesseiro à noite, se acredita que a Casa de Fé que frequenta seja a mais genuína, se crê em Deus e nos Seus Representantes, se sabe que todos daremos contas, cedo ou tarde, pelo que fazemos de bem ou mal aos outros.

(BdA) – Ele deveria ser expulso da Casa? É complacência ou indulgência dos Diretores encarnados deixá-lo frequentar o ambiente?

(EIL) – Indulgência. Até os perversos precisam de luz espiritual. A assiduidade aos cultos acentuar-lhe-á a dor de consciência – que nele não é ainda grande o bastante para ser sincero com ambas e, principalmente, honesto consigo mesmo –, de modo que, quem sabe(?), antes que algo pior lhe aconteça, corrija sua atitude.

(BdA) – Muito duro, não?

(EIL) – A moral comum sequer aceita a bigamia. Só estamos sugerindo que, independentemente de ser ou não moral, a pessoa que esteja no centro de um triângulo amoroso seja aberta com seus íntimos, com aqueles a quem mais interessa saber o que se passa, para que possam decidir participar ou não de sua escolha. Isso nos parece completamente indiscutível, não?

(BdA) – Sim, sem dúvida. Mas apenas para que o senhor possa apresentar todos os seus argumentos, faço outra indagação. A cultura machista estimula muito esse comportamento vicioso. Isso não lhe reduz um pouco a culpa?

(EIL) – Não. Aumenta. Se ele sabe que desfruta de facilidades, sendo homem heterossexual, numa comunidade que prestigia esta categoria social, não pode abusar de suas prerrogativas. É o princípio universalmente consagrado do “abuso de poder”, como sendo injusto e condenável. Afinal de contas, como você conhece o caso, o indivíduo está muito envolvido com as atividades religiosas do Templo, e parece muito sincero em sua adesão.

(BdA) – Ele não suportaria…

(EIL) – O quê?

(BdA) – Dizer à esposa.

(EIL) – Suportaria, sim. Apenas não quer perder as duas, com que se acostumou a estar. Trata-se de uma comodidade egocêntrica e narcisística. Ele as coisifica, como peças num tabuleiro de xadrez de suas conveniências e prazeres pessoais. O que talvez você queira dizer é que ele dificilmente superará a tendência à bigamia, por ser estrutural em sua personalidade – e, de fato, algumas características num indivíduo, sejam negativas ou positivas, não deixam de existir ou não se burilam, do dia para a noite. Mas ser honesto, dentro de uma certa contingência, é outro assunto. Ele está subtraindo o direito de a consorte “oficial” decidir-se por si mesma, como também “furtando” criminosamente o direito de a outra se elucidar para Deus.

(BdA) – Mas a “primeira esposa”, como o senhor está denominando, não pode perceber ou desconfiar por conta própria do que acontece?

(EIL) – Sim, mas também lhe concede um voto de confiança, ao negar fatos para si mesma, ou supor que o que notou tratou-se de um momento passageiro e não de algo permanente. E isso acrescenta débitos à conta cármica dele.

(BdA) – Que posso fazer?

(EIL) – Nada. Oxalá tenha merecimento de ler o que falamos… e… quem sabe(?)… reconhecer seu erro, para repará-lo em tempo.

(BdA) – Ainda pode não aceitar?

(EIL) – Claro! Quando o ego e seus interesses estão em jogo, todas as racionalizações entram em cena, para “dar razão” (ou seja: justificar) a si e retirá-la (a razão verdadeira) do oponente, no caso: nós, em conjunto, que aqui falamos, contra o comportamento dele. Jesus condenou a hipocrisia, com veemência. Ele está agindo de modo hipócrita, justamente com as pessoas que mais lhe mereceriam a postura protetora e zelosa do varão.

(BdA) – O casamento dele se acaba, acredito, se ele falar. E creio também que ele saiba disso e, por esta razão, se iniba de abrir o jogo.

(EIL) – Então, ele deve estar preparado para tanto. A esposa dele não é sua propriedade, muito menos o direito sagrado que ela tem de conhecer a situação e decidir, por conta própria, se quer ou não estar em matrimônio triangular.

(BdA) – Mais algo a declarar, prezado Irmão Lukas?

(EIL) – Sim. Esta voz que ora expressamos é a voz que a maioria julga querer ouvir, mas não está, em verdade, preparada para escutar. O ego humano quer ouvir que é vítima, que é bondoso em demasia, que é incompreendido; não aceita que lhe apontem faltas, não admite que lhe censurem a conduta. Por isso, enquanto acreditam que almejam privar com pessoas melhores, os indivíduos egoicos desejam, na realidade, conviver com criaturas idiotizadas e manobráveis, que se sujeitem ao talante de sua vontade: estas, sim, consideradas, por eles, “almas boas” e até “seres de Luz”. Estão pregando uma mentira para si próprios… e de graves consequências…

(Diálogo travado em 30 de janeiro de 2011.)


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