Benjamin Teixeira pelo espírito Eugênia.
Selecione seus companheiros, amigos, colegas. Conversas ociosas, interesses subalternos, vícios destrutivos – tudo isso pode severamente comprometer a existência do indivíduo. Ponha, entre aqueles que privam de sua companhia, gente educada, decente, de propósitos elevados e espirituais. Pelo padrão daqueles com quem convive, você terá o ambiente moral, a psicosfera tão ou mais favorável a seu crescimento e felicidade.
Não albergue conversas circulares, maledicências ou opiniões pessimistas. O hábito de ouvir o mal também traz o mal para si, sobremaneira quando se acata sistematicamente, na intimidade, a presença de gente emocional e moralmente doente. Essa colocação estranha, aparentemente contraditória com os princípios cristãos, é, na verdade, um princípio de responsabilidade e lucidez, inclusive com relação a quem se ajuda. O médico não conduz pacientes infeccionados para o reduto do seu próprio lar. Para segurança do próprio paciente, urge acomodá-lo em local adrede preparado para o atendimento. Não será adoecendo que o médico ajudará seu paciente, mas justamente tomando primeiro precauções para preservar a sua própria saúde.
Não traga, da mesma sorte, para a sua intimidade, quem deve ser tratado com fraternidade, com uma distância estudada, e não com uma aproximação anti-profissional, que não só inviabilizará o socorro, como ainda lhe dará espaço para ser contaminado com os males emocionais ou mesmo morais de quem pretende auxiliar.
Dize-me com quem andas e dir-te-ei quem és, afirmou o grande Sócrates. A natureza humana se espelha, tanto quanto atrai e é influenciada, pelos que constituem seu meio, tanto quanto exerce influência, outrossim, sobre o ambiente com que interage. Eis porque a máxima atenção que se deve ter no âmbito das escolhas afetivas, já que repercutem séria e profundamente nos estados da alma e nas expressões de destino do indivíduo.
Visite aquele ancião que fala de Jesus. Telefone para a ancestral querida que o abençoa em nome de Deus. Puxe conversa com a senhora devota, que crava-se de acerbas disciplinas, exemplificando amor em todos os seus atos. Acerque-se de pessoas santas, para que seus atos e sua alma sejam santificados. O hinduísmo recomenda essa prática, assim como todas as grandes tradições espirituais da humanidade, incluindo o próprio cristianismo, porque, se o Cristo vivia entre prostitutas e ladrões, fazia-o como médico de almas, como Ele próprio o disse (Não são os sãos que precisam de médico, mas os enfermos), mas, no momento de intimidade da santa ceia, reuniu apenas doze dos seus discípulos mais chegados, sendo que um se retirou para a traição; bem como, no instante do Getsêmani, Jesus levou consigo somente três dos mais diletos e afinados apóstolos, para que, ainda assim, ficasse por fim só, enquanto seus companheiros dormiam, invigilantes quanto à gravidade da hora.
Outrossim, aproxime-se da natureza dos anjos pelo refinamento de seus pensamentos, pela pureza de seus sentimentos. Pelo seu padrão mental, definirá suas companhias espirituais, os satélites astrais que gravitam em torno de sua psique. Assim, procure a companhia dos grandes e sábios seres humanos de ontem e hoje, pela leitura de seus escritos, pela reflexão sobre suas idéias, pela meditação.
Por fim e mais importante que tudo, pela prática da oração, busque o convívio de Deus, a Companhia das Companhias, na certeza de que, por meio dessa aproximação excelsa, sofrerá enxertias divinas em seu psiquismo, transfundido-se e metamoforseando-se num ser de Luz e Verdade, gradativa, mas definitivamente. E, com isso, já sob o efeito desse processo, tudo mais, de fato, resolver-se-á por conseqüência.
(Texto recebido em 14 de fevereiro de 2001.)