Benjamin Teixeira pelo espírito Anacleto.


Se você não dirige sua dor, ela virá em seu encalço e o dominará. Dirigir a própria dor significa privar-se de certos prazeres em função de outros, maiores e duradouros, mas não imediatos talvez; significa adiar gratificações do momento, para conquistar a realização pessoal permanente. Dirigir a própria dor significa viver em disciplina. Quem não dirige a própria dor, quem foge dela, acaba por se negar a felicidade, e amplificar os próprios padecimentos ao infinito.

Existe preço para isso, para a felicidade? Em vão se procura teorizar em como constituir um alicerce seguro para a felicidade: ele está no interior do ser humano, na força que encontra para enfrentar adversidades e desafios, e em vencê-los. É a fraqueza que conduz à sensação de insegurança e impotência. Quando o indivíduo se propõe a alguma coisa e não alcança sua meta, cria tremendo espírito de frustração. E não há dor maior que a da perda de batalhas interiores. Claro que essas lutas devem estar na medida das forças reais do guerreiro, tanto quanto os objetivos, de fato, ao alcance de suas mãos. Mas, após definido o território exato do poder pessoal, o que se estipula deve ser rigorosamente seguido, a fim de que se viabilize a paz de consciência, porque não pode haver tranqüilidade íntima, quando se sabe que se negligenciou no essencial, que se deixou de fazer o que se podia e se devia fazer.

Da próxima vez que se vir inclinado a cair em qualquer ordem de tentação, pense nas conseqüências, com serenidade, com vagar, se preciso retirando-se a um lugar calmo, para meditar, sem ser interrompido. Depois, volte ao lócus da sedução, para se expor à tentação. Garanto que, se desenvolver o hábito de sempre refletir antes de ceder à voragem da queda, dificilmente tornará a cair.

(Texto recebido em 17 de fevereiro de 2001.)