Benjamin Teixeira pelo espírito Gustavo Henrique.
Tenha cuidados com o corpo. Morada da alma, é por meio dele que desfruta da oportunidade preciosa de estagiar no campo material, adiantando o seu espírito, na senda evolutiva.
Se está muito cansado, e não pode tirar uma longa noite de sono para repouso, reserve-se meia hora para recostar a cabeça confortavelmente, ainda que não adormeça.
Se não pode se dedicar a longos períodos de exercício físico, dedique 15 minutos ao dia para movimentar o corpo, ainda que em mera caminhada.
Se não tem como se empenhar em rigorosa dieta naturalista, dedique-se a diminuir gordura, açúcares e sal, em medidas módicas, de seus pratos preferidos.
Se não pode acordar cedo para aspirar o ar da manhã e suas energias revitalizantes, ao menos crie a disciplina de se deitar e se levantar todos os dias à mesma hora, em medida de tempo que não seja inferior a seis horas.
Mas, se deve ser complacente em matéria de disciplinas mais acerbas, sendo mais moderado nas auto-exigências, como acima sugerimos, não pode ser condescendente nem em um milímetro com questões mais graves como as dos vícios. Jamais abuse de drogas, como o álcool e o cigarro, e pugne, com todo esforço e persistência, sem nenhuma auto-indulgência, por abandoná-los, ainda que pareçam muito inocentes os efeitos danosos de seus vícios. O álcool consome os neurônios, o tabaco arrebenta com o sistema cárdio-vascular e respiratório e a maconha propele a problemáticas neurológicas-psiquiátricas, só para citar algumas rápidas conseqüências das mais suaves drogas em uso.
Seu corpo é um templo sagrado, já foi dito alhures, onde você habitará, durante toda esta encarnação. Se você desgasta muito uma casa, ou um automóvel, e as reformas e consertos não se fazem mais possíveis, você pode trocá-los por outros, após um remanejamento de recursos financeiros. Todavia, o que acontecerá se consumir, excessivamente, a vitalidade de seu complexo e delicadíssimo organismo? Você não terá como se mudar para outro corpo ou comprar um novo – terá que suportar, até o fim de sua atual vida física, que pode vir a ser mais longa do que imagina, todas as conseqüências nefastas do mau uso, em termos de desconfortos, dor e limitação, além de sofrer um eventual encurtamento do seu período de estada na Terra num evidente processo de suicídio inconsciente. Seu corpo é sua morada inevitável durante toda esta encarnação. Cuide bem dele. Desse cuidado dependerá seu bem estar, no correr de décadas. Avariando-o de modo mais grave, irreversível, será expulso do ensejo da encarnação, e terá que aguardar por outro, para uma próxima encarnação, sabe lá Deus quando.
E se você me disser que não crê em reencarnação, não só lhe lamentarei tremendamente a estreiteza de conceitos, como ainda nossos argumentos, que já eram fortes, em considerando a possibilidade de vir a renascer e ganhar um novo corpo, assumem proporções trágicas, já que o que desperdiçar está-lo-á fazendo em um patrimônio único em toda a eternidade…
E você, amigo reencarnacionista, que nos lê essas despretensiosas linhas, seria bom que tomássemos, de certa maneira, a perspectiva desditosa de nossos irmãos materialistas, e reconhecêssemos que, muito embora adotemos a visão otimista das indefinidas oportunidades que a Divina Providência nos concede, de renascer e aprender, urge notar, entrementes, que, exatamente como a reencarnação de que hoje desfrutamos, com o exato contexto de circunstâncias, pessoas, possibilidades, intuições, nunca mais tornaremos a ter. Ou seja, o amigo materialista tem razão, a despeito de sua ótica tacanha, quanto ao fato de que essa oportunidade de estar na Terra é, realmente, única, em toda a eternidade…
Cuide de seu corpo, morada de sua alma. Mas não apenas. Todo o critério na preservação do corpo redundará inútil e mesmo patético, se fizer apenas isso, esquecendo-se da razão de sua existência. O corpo é o veículo para uma viagem; portanto, mister prestar atenção à viagem e seus objetivos. Assim, a par do critério com o uso da máquina, não esqueça de sua função evolutiva para seu espírito, para que, assim, não descure de aproveitar os ensejos de aprendizado e de realização de que desfruta, e que, de fato, nunca mais se repetirão, do modo que são hoje, por todo o sempre…
(Texto recebido em 14 de março de 2001.)