Benjamin Teixeira
pelo espírito Eugênia.
Intensa provação acomete-lhe a alma, angustiando-a.
Pense, com carinho, em todos os momentos de terror e angústia que lhe sobrevieram ao espírito, em tempos passados. Quantos deles tiveram desdobramento sinistro, tal qual adivinhava? Da mesma sorte, qual a probabilidade que supõe existir hoje de o pior acontecer, como imagina? Assim, acalme-se, porque as chances de morrer em acidente aéreo ou de contrair uma moléstia grave por meio inusual não diminuirão ou aumentarão pelo seu estado de espírito, mas sua felicidade e paz, sim.
Por outro lado, considere que, se a Divina Providência lhe permite atravessar dor tão amarga, um propósito maior certamente há, como fazê-lo refletir em ideias e comportamentos seus inapropriados, incitando-o à mudança. Assim, suporte com paciência o instante de sofrimento, da melhor maneira possível: pedindo inspiração ao Alto, no sentido de extrair as lições ocultas que lhe subjazem.
Tranquilize-se, por fim, prezado amigo, recordando-se de Jesus, adormecido em meio à tempestade, na barca, com os apóstolos. A certa altura do mau tempo, desesperados, seus discípulos diletos resolvem-se por chamar o Cristo. E o Mestre, calmamente, diz-lhes, logo após amainando as forças da natureza em desalinho: “Homens de pouca fé… Não sabíeis que estava convosco?”. Metaforicamente, o Cristo interior daqueles homens rústicos, tais quais a maioria dos homens e mulheres da atualidade, jazia dormindo, em estado de torpor profundo. A Presença do Cristo incentivava-os a esse despertamento essencial da alma, para uma conexão consciente com Deus, estado esse em que medos, dúvidas e desânimos não têm acesso perturbador.
O aprendizado fundamental a ser feito, em cada crise atravessada, além do bom aproveitamento do estímulo ao desenvolvimento de capacidades de superação de obstáculos, é a aquisição de fé, em um nível mais alto de expressão.
Assim, bom amigo, medite nisso, com cuidado, e detenha-se em cultivar maior confiança no Criador, o Ser Todo Amor que o ampara, em todos os passos. E notará que seus medos podem decorrer, tão só, de falta de fé e não propriamente de uma percepção acurada de perigos, quase todos imaginários, ao menos na medida em que os vê.
Sorria, em meio à tormenta, e entregue-se à Infinita Bondade de Deus. E não se esqueça jamais: fazendo a sua parte, Deus fará, e você nem imagina como, a d’Ele.
(Texto recebido em 31 de maio de 2002.)