Benjamin Teixeira
em diálogo com o espírito Eugênia.

 

 

Eugênia, teria algo a nos dizer sobre aqueles que se dedicam à calúnia e à difamação?

Sim, primeiramente, são pessoas de má índole. Indivíduos de bom coração não se dedicam a falar mal de outros. Segundo, são vítimas da mesquinharia, da frustração e da inveja. Não revelam isso, ostensivamente, quando se dão ao trabalho de difamar, mas é este o móvel oculto que as impulsiona. Obviamente que dissimulam tais motivações (comumente, até de si mesmas), com a roupagem das boas intenções: dizem estar desmascarando alguém “que não presta”, que querem proteger outras pessoas, etc. Mas se o objeto de seu ataque é alguém devotado a fazer o bem em grande escala, e o caluniador não faz um bem maior que o atacado, como se sustenta esta tese?

Eugênia, o que faz uma pessoa falar mal de outrem ou de uma organização, depois de, respectivamente, afastar-se de uma ou se desligar de outra?

Até os especialistas em recrutamento de profissionais no mercado de trabalho são cabais e unânimes neste sentido: são pessoas de mau caráter, completamente suspeitas e não merecedoras de confiança. Quem age assim fala mal de A para B, e de B para A. O falatório a que se entregam obedece apenas a uma diretriz de conveniência pessoal e de circunstância.

E quando se aventa que o difamador realmente tenha motivos?

Que motivos? Alguém que se dedica a mexericos? Ouviram-se as duas partes? A criatura humana tem a tendência a se pôr como vítima em toda situação vivida. Quando nos damos ao trabalho de escutar os dois lados, podemos tomar surpresas chocantes sobre a verdade, porque, por exemplo, mulheres decentes podem ser vítimas da maldade de pretendentes rejeitados que lhes maculem a reputação, tanto quanto um médico que não tenha logrado favorecer o salvamento de um enfermo em estado terminal pode ser responsabilizado pelo estado orgânico que não estava em suas condições curar. Só podemos avaliar uma pessoa, analisando sua totalidade, a extensão de sua obra, a expressão majoritária de suas iniciativas, e não fatos isolados que não só podem estar severamente distorcidos, pela versão de pseudo-vítimas, como ainda podem, simplesmente, ter sido criados pela maldade humana, o que, lamentavelmente, não é raro na Terra. Um ginecologista pode ser acusado de assédio, porque uma atendida se impressionou com sua estampa, e não porque ele realmente tenha feito algo que justificasse o mexerico da irmã em surto histérico. Se ela disser que ele a tocou em suas partes íntimas, claro que tem razão no que é dito, literalmente. Mas e quanto ao que se passava no foro íntimo do médico? Podemos dizer que todo ginecologista do sexo masculino, ao tocar suas pacientes, está com intenção de molestá-las? Por outro lado, quanto a profissionais do sexo que assassinam homossexuais, a psicanálise esclarece: o ódio assassino está no horror que o prostituto homo ou bissexual tem de sua própria natureza gay, projetada no cliente. Supõe, por vias inconscientes do psiquismo, que, matando o homem que o contrata, estará eliminando sua homossexualidade, o que, evidentemente, constitui um absurdo crasso. Considerando estas duas últimas exemplificações, importa que levantemos algumas questões, quando alguém toma a iniciativa de difamar pessoas: 1) O que se fala realmente aconteceu como é dito? 2) Se realmente aconteceu, houve a intenção que o acusador dá, com sua interpretação? 3) Que motivo leva alguém a se preocupar tanto em caluniar alguém especificamente? Quanto a este último quesito, que passa despercebido para muitos, é, em verdade, o mais importante, porque, como o prostituto assassino, o caluniador quer “matar” a imagem que vê projetada no objeto de seu ódio maledicente, “matar” sua própria insuficiência e inferioridade, sua inveja ou um sentimento de desvalor pessoal, pugnando por minar o sucesso e a grandeza do outro, por não admitir ser ele um seu superior.

Mas o que leva o difamador a supor que sua atitude desmazelada é certa?

Primeiro, uma expectativa obrigatória de santidade com relação ao caluniado, implicada no fazer-se caso em questões mínimas, o que já denota muito suspeitos propósitos. Segundo, há pessoas com visão mental e moral míope que o alimentam, dizendo estar certo em sua conduta, sem se darem conta de que a esmagadora maioria dos indivíduos decentes e maduros simplesmente se afasta do caluniador, porque percebe sua gritante postura de incoerência e maldade. Assim, ironicamente, enquanto se sente triunfar, não nota que para cada ouvinte que concorda com suas idéias, cinco, pelo menos, ficam chocados com sua postura desprezível, auto-evidente de quem não está movido de bons propósitos, queimando-se várias vezes mais do que supõe queimar o caluniado, enquanto, pela força do carma, caminha, rapidamente, para a decadência – primeiro, de seu estado de espírito, angustiando-se progressivamente; depois, na vida profissional e nos relacionamentos íntimos, como o familiar e o conjugal, que se vão infernizando; por fim, da saúde orgânica e mental, até a morte física, quando, então, deparar-se-á com a própria consciência e os mentores espirituais, que, após lhe permitirem estágio em regiões de tremendo suplício, na dimensão extrafísica de vida, encaminhá-lo-ão, a custo, para reencarnações de dor ainda maior, para que expurgue e modifique, sob o cutelo de terríveis provações, sua natureza dada à maldade.

(Diálogo mediúnico travado em 10 de agosto de 2006. Revisão de Delano Mothé.)

(*) Benjamin Teixeira é escritor, apresentador de televisão, orador e médium espírita, com 16 livros publicados. Para se informar sobre palestras, programas de TV ou quaisquer outras atividades desenvolvidas pelo médium ou pelo Projeto Salto Quântico, telefone para: 3223-3940 e 3041-4405, ou acesse o site: www.saltoquantico.com.br.

 

 

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