Benjamin Teixeira pelo espírito Eugênia.
Se você se sente arrastado por uma tentação aparentemente irresistível, sem dúvida apele primeiramente a considerar a hipótese de a tentação não ser uma tentação e sim um impulso a corrigir preconceitos viciosos em que ainda chafurde sua mente.
Todavia, após chegar à clara conclusão de que não se trata de preconceito, que realmente você lida com uma inclinação auto-destrutiva, pare, antes de se render à volúpia sinistra da queda e da culpa, e medite.
Se a Divina Providência permitiu que fosse tentado dessa forma, já colocou, perto de você, talvez muito mais perto do que imagina, a alternativa de condução das energias e da atenção psíquica, a fim de drenar o impulso mental que o atormenta.
Não se suponha condenado a reprimir angustiantemente os impulsos da sua natureza, sem nenhuma utilidade, perdendo a espontaneidade, a criatividade, a própria personalidade. Essa visão é a perspectiva proibitiva das antigas religiões, que não mais se coadunam com a Religião de Fé Viva, proposta pelo Espiritismo àqueles que se candidatam ao Reino dos Céus para agora mesmo, e não para depois da morte. Em vez de reprimir o negativo, você é convidado a ativar o positivo.
Sendo assim, observe o que está acontecendo em seu cosmo interior. Provavelmente, seu ideal jaz sepultado, há tanto tempo, que os odores nauseabundos da putrefação atordoam-lhe o raciocínio, dando-lhe vertigens terríveis em meio aos abismos que marginam a senda evolutiva.
Eis o grande segredo da questão: a contenção é necessária, mas como um primeiro e rápido passo antes da imediata comutação de forças, de padrão e de foco, no sentido de voltar-se para o ideal. Não é o vício que deve lhe merecer a atenção e sim a sua meta de espiritualidade, realização e paz. Eduque sua mente nesse sentido e não terá grandes problemas de administrar-se nos maus momentos.
A partir de hoje, faça isso. Seu escopo, com a disciplina, não é se castrar, mas, justamente, quebrar todas as barreiras auto-impostas à concretização de seus sonhos de amor e de felicidade. Sempre que a liberdade se insinua travestida de indisciplina, um cinismo e cepticismo desesperados tentam adentrar a alma, com vestes racionalizadoras, pondo em risco de pique a nau da própria existência. Não acredite em liberação completa de impulsos. Isso seria a entrega irresponsável ao caos. Busque, ao reverso de se render à desordem, compreender-lhe os impulsos profundos e traduzir-lhe a lição implícita, a fim de que receba-lhe o ímpeto adicional em direção ao progresso em nível mais alto e complexo de ordem, como é sempre a finalidade de processos de desordem momentânea.
Você vai vencer. Se sua mente já despertou para a Luz: nunca mais vai se conformar com as trevas. A fome de Luz Espiritual é a mais intolerável que se pode suportar, que se pode impor a si. E é por isso que, após contactar a Luz Divina, o indivíduo pode jornadear por muitas paragens distantes; contudo, mais dia menos dia, retornará, feliz, à Casa do Pai, reconhecendo, agora plenamente, que não existe nada que a Ela se equivalha.
Mantenha a consciência em paz – eis a Casa do Pai, meu filho, minha filha. E mantenha-a, pelo único meio que há: não só evitando fazer o mal, mas, principalmente, empenhando-se em fazer o bem, com todo o vigor da alma, conforme seu ideal, sua inspiração e seu coração lhe sugerirem.
O desequilíbrio de agora passará. Não, porém, o padrão de informações que dele extrair, caso incorpore-o com uma mente que se devote a se manter lúcida, sem se render aos caprichos do momento, fitando os objetivos transcendentes que vão além das gratificações passageiras.
(Texto recebido em 17 de agosto de 2001.)