pelo espírito Temístocles.
“Sem amor para com os nossos inferiores, não podemos aguardar a proteção dos superiores; sem respeito para com os outros, não devemos esperar o respeito alheio. Se temos sido vampiros insaciáveis dos seres frágeis que nos cercam, entre as formas terrenas, abusando de nosso poder racional ante a fraqueza da inteligência deles, não é demais que, por força da animalidade que conserva desveladamente, venha a cair a maioria das criaturas em situações enfermiças pelo vampirismo das entidades que lhe são afins, na esfera invisível.”
André Luiz/Chico Xavier, capítulo 4 de “Missionários da Luz”.
O que diríamos da morte decretada por um mentor espiritual? O desencarne de uma criatura representa, para seus maiores, nos planos mais altos de consciência, uma mera transferência de escola, em função de um aluno específico demandar lições diferenciadas das que lhe vinham sendo ministradas no “estabelecimento de ensino” anterior.
E o que dizer do vegetarianismo? Alguns companheiros mais sensíveis entendem cruéis os atos de morticínio sistemático levados a efeito pela indústria de alimentos. Todavia, e como entender os vegetais? Não estariam igualmente vivos? Até onde vai o conceito de assassínio? Prendemo-lo ao domínio de nossa espécie? Estendemo-lo ao círculo dos animais? Ou apenas atê-lo-íamos aos organismos mais complexos, como os dos mamíferos superiores? A questão é intrincada porque, no capítulo mesmo da dimensão humana, temos a chacina permanente de embriões, denominada de “aborto”, um eufemismo sofisticado para homicídio, defendido como tese avançada por grupos considerados de vanguarda, como os feministas.
Por outro lado, por que se costuma supor que devemos ser, quando estudamos o universo animal de per si, generosos e sensíveis com mamíferos e aves, mas implacáveis com anfíbios e répteis, e, em particular, com insetos? Dever-nos-íamos confiar ao descalabro patético do hábito de certos segmentos radicais do budismo de reverenciar e ritualizar a morte de cada minúsculo réptil acidentalmente abatido na edificação de um prédio, como minhocas pequeninas? Deveríamos esquecer os princípios de higiene, e, assim, permitir que pernilongos, baratas, cupins e outros elementos patógenos, geradores de moléstias fatais, campeiem entre as aglomerações humanas? E já que falamos em patógenos, cogitemos dos microorganismos, como bactérias e vírus de variada natureza: deveríamos deixar de combatê-los, na etiopatogenia das doenças, em nome do ideal de defesa da vida como valor supremo?
Imaginemos, ainda, n’outro âmbito de reflexão, o médico consciencioso e responsável, em situação crítica de falta de recursos para a salvação de vidas, como, por exemplo, no socorro a vítimas numerosas de grave acidente, que tem material para atender apenas uma alma. Deixará de fazer uma escolha, conforme critérios como idade e poder de resiliência dos casos em foco, e, assim, perder todos os pacientes, por não se julgar em condições de optar por um?
A hipocrisia humana, de um lado, e a miopia psíquica e espiritual, intelectual e emocional, por outro, impedem o indivíduo de entrever sutilezas capitais, diríamos graves, que, no futuro, serão igualadas a discussões hoje consideradas risíveis, como as sobre o sexo dos anjos, ou sobre o questionamento acerca da existência da alma na mulher ou em negros, polêmicas famigeradas que consumiram concílios inteiros, enquanto milhares morriam de fome, às portas das famosas catedrais medievais. Esteja-se certo: barbaridades equivalentes são perpetradas nos dias que correm, no desvio de foco do essencial para o desperdício de tempo e de energia com bagatelas.
Cabe-nos, de sã consciência, com muita sinceridade e senso crítico, averiguar quais nossas verdadeiras motivações em cada polêmica e o que realmente é importante em função do interesse e do bem comuns. A biotecnologia, a nanotecnologia, as comunicações à distância generalizadas (propiciando, por exemplo, o sexo e a traição virtuais) fermentarão controvérsias deveras acaloradas, nos próximos decênios. Os conceitos e as fronteiras do que seria ético, justo e decente sofrerão fortes modificações na opinião pública, no inconsciente coletivo. Precisamos fazer a ressignificação de nossos valores, em considerando aquilo que Nosso Senhor Jesus apresentou como referencial seguro para avaliarmos, em profundidade, questões complexas: “Conhece-se a árvore pelos frutos”. Que, assim, apliquemos em nossas vidas e em nossas almas este princípio que, como dito por nossa orientadora Eugênia, poderia ser denominado “Pragmatismo Transcendental”, e cuidemos de nos precatar no momento de condenar atitudes alheias e estabelecer juízos de valor não só para o próximo, como para nós mesmos, cônscios de que, para a ótica do Plano Superior de Vida, o que, de fato, é visto como honesto, espiritual e apropriado muito difere das impressões passageiras e circunstanciais das convenções humanas.
(Texto psicografado pelo médium Benjamin Teixeira, na reunião mediúnica fechada de 4 de julho de 2006. Revisão de Delano Mothé.)
Fonte: http://www.saltoquantico.com.br