Em casa de amigos, na noite do dia 1º de janeiro deste ano, reunidos em número de cinco, fiz um transe, a pedido de Eugênia, que se manifestou, à distância, por meu sistema psíquico, e, indicando questões de “O Livro dos Espíritos”, passou a tecer comentários correlatos a cada passagem selecionada, interpretando-as conforme reflexões que os presentes haviam feito intimamente, fora de meu conhecimento. Pelo caráter universal das considerações expendidas pela grande mestra desencarnada, trago a lume a aula que foi transcrita por uma das companheiras participantes (os originais foram manuscritos), alvitrando ao prezado leitor compulse a obra basilar do Espiritismo, nas questões que foram assinaladas pelo guia espiritual do Salto Quântico. Sua sabedoria, conferindo um tom muito particular à exegese de cada trecho do livro-alicerce da codificação kardequiana, é singular e, acredito, muito edificará o prezado amigo que nos lê. Os nomes dos destinatários de cada instrução de Eugênia, obviamente, foram abolidos, para lhes preservar a privacidade.
Benjamin Teixeira.
Aracaju, 4 de janeiro de 2007.
Gostaria de começar minha aula com vocês, pedindo-lhes abram a questão 724 de “O Livro dos Espíritos”, após o que expenderei meus comentários.
Assim, quero dizer à minha cara (…), que, ao acordar, em suas rápidas preces, se condenou pela resistência à ingestão de carne, que nada há de errado nisto, em termos psicológicos ou morais, mas que é condenável, sim, a radical abstenção de carne vermelha, por motivos de saúde.
Dando continuidade, pediria à cara (…) que nos abra a questão 293 de “O Livro dos Espíritos” e, em seguida, veja o que lhe tenho a dizer.
Hoje à tarde, nossa prezada companheira se condenou por não haver logrado resultados positivos, de efetiva reconciliação, com “amigos” do passado, receosa de haver adquirido débitos cármicos desnecessários. Diga-lhe que não se angustie, de modo algum, pois o que realmente importa é que hoje estejamos internamente em paz com nossos adversários, ainda que não os possamos procurar. Em futuro, quando desencarnados, e à medida que nos desapegarmos do ego e seus caprichos, todos nos harmonizaremos para a vida eterna.
Gostaria que a questão 786 de “O Livro dos Espíritos” fosse aberta para nossa companheira (…), e, de retorno, ouvissem-se-me as argumentações concernentes.
Diga à prezada amiga que, de forma alguma, deve se perturbar, por lhe parecer haver incorrido em retrocesso, visto que, de fato, não o há. A crise de transição inclui fases de aparente retrogradação, para que o espírito assente, com firmeza, as bases para o novo patamar de consciência. Recomende-lhe, ainda, preserve cuidado para não resvalar na tentação de pretender controlar processos subjetivos da alma, completamente regidos pelo império do inconsciente. As mentes demasiadamente racionais correm sempre este risco: de inclinarem-se a assumir excessivo comando sobre suas casas mentais – o que, em princípio, é impossível, num sentido absoluto –, como o ego deliberador tanto se apraz em supor viável. Grande e contraproducente sofrimento é resultado deste empenho vão. (Em relação às suas reflexões da tarde de hoje.)
Por fim, não poderia deixar de tangenciar, ainda que realmente de modo quase indireto, o tópico de preocupação maior de nosso amiguinho (…): sua mãezinha. Para melhor ilustrar o que desejo dizer, abra-me, por favor, a questão 483 de “O Livro dos Espíritos”.
Decerto, minha intenção foi chamar sua atenção para o fato de lhe parecer incompreensível o sofrimento a que se confia a mãezinha, padecimento este que lhe soa completamente desnecessário e evitável (“Ela não precisa passar por isso” – como se diz). Tem razão. Entretanto, meu filho, importa considerar que há premências psíquicas que tomam prevalência na cidadela mental dos indivíduos, fazendo eclipsar-se tudo mais que até poderia – e de fato costuma – ter maior importância que o foco de sua preocupação e obsessão. Respeitemos, porém, cada criatura, no plano de valores, prioridades e metas que lhe caracterizem, e roguemos a Deus lhe conceda inspiração e lucidez para se dar conta de seus erros maiores, a fim de que desperte para a Luz da Espiritualidade ou, pelo menos, para um nível maior de bom senso e maturidade psicológica.
Para todos, meus votos de estudo, reflexão digna, oração e entrega a Deus, no sentido de darmos, cada vez mais, vazão à Sua Vontade em nossas vidas, que constitui, sempre, nossa verdadeira felicidade.
Eugênia.
(Texto recebido pelo médium Benjamin Teixeira, em 1º de janeiro de 2007. Revisão de Delano Mothé.)