(E, abaixo, um vanguardista e espetacular diálogo, travado com o espírito Eugênia, acerca do tema poligamia, com desdobramentos para as questões da promiscuidade, infidelidade consentida, sexo casual, erotismo doméstico e no ambiente profissional.)

por Benjamin Teixeira.


O Motivo de se Publicar este Extraordinário Evento.

Inúmeras vezes, fui testemunha de fabulosas provas de assistência e inspiração do espírito Eugênia e Sua Falange de Almas Abnegadas, aos que nos acompanham as atividades conjuntas, mantendo-me, por sinal, em silêncio, na maior parte das ocasiões em que houve oportunidade de divulgar tais fenômenos, em função, inclusive, do perigo de se vincularem estes eventos à minha pessoa, e não aos verdadeiros agentes do processo, os luminosos Seres da Outra Dimensão (a começar pela própria Eugênia) que, misericordiosamente, dignam-se de se comunicar por meu intermédio, na condição de muito limitado médium, portador de inúmeras falhas, como um claramente normal ser humano da Terra que sou. Só que, amiúde, por um traço que me é muito característico – aversão às dissimulações convencionais (bem ao gosto da vida social de hipocrisias partilhadas, que os ambientes muito civilizados nutrem, despudoradamente, no meu ver) –, algumas pessoas supõem que minha sinceridade ou transparência, que costumam soar exageradas, constituam evidência de uma má inspiração. E, sem espaço a qualquer laivo de dúvida ou a menor sombra de vacilação, se há uma convicção que posso declarar é a do nível assombroso de sabedoria, magnitude moral e bondade ímpar da majestosa, santa e lucidíssima Eugênia, o Espírito Guia da Organização que fundei e dirijo, e que foi, em sua última encarnação, a santa vidente de Lourdes, Bernadette Soubirous, que contactou, pessoalmente, a Mãe Coletiva da Humanidade Terrena, responsáveis, Ambas, por curas “miraculosas”, muito comuns em nosso Educandário, desde o plano das questões orgânicas, à esfera dos assuntos financeiros, políticos e culturais. A Mesma Mão Poderosa, que, no século XIX, pairava sobre a santa-sábia que fora, no século V antes de Cristo, Aspásia de Mileto, agora sobrepaira à nossa Instituição, bafejando bênçãos e graças a mancheias.

A palavra “impossível” parece ser inválida no nosso círculo mais íntimo. O prodigioso e o extraordinário, há muito tempo, tornaram-se nota dominante no seio de nosso grupo, tanto em minha própria vida, como na de amigos próximos ou de freqüentadores de nossas atividades, no núcleo central do Instituto Salto Quântico, em Aracaju. Mesmo aqueles que se mantêm distantes, ainda mesmo residentes fora do país, como os integrantes do braço norte-americano de nossos trabalhos, em Connecticut, têm presenciado fenômenos excepcionais, associando-os diretamente à figura da dúlcida Mestra Eugênia.

No centro de todas as ocorrências espetaculares, demonstrando, inequivocamente, a atuação de Seres Superiores em nosso ambiente, eu mesmo, há quinze anos, produzo e apresento um programa de televisão, de uma capital por ora ainda inexpressiva do Nordeste brasileiro. Não só este programa já é o mais antigo da televisão brasileira na temática, como se encontra, atualmente, na segunda rede nacional de transmissão, agora em horário nobre, por uma rede particular (veja dados ao fim deste artigo). Um programa muito longevo, independentemente da temática – mas que tem um peso maior de antigüidade e mérito nesta permanência de exibição contínua, quando nos lembramos que aborda um assunto controverso, que gera reações de setores ortodoxos da sociedade, dentro de uma cultura religiosa (espírita) avessa à viabilização financeira de iniciativas importantes de divulgação em massa de sua deontologia, mesmo em considerando o caráter libertador e salvador dos postulados imortalistas que o kardecismo oferece aos que lhe buscam o seio fértil. Quando, então, levamos em conta a versão que o sábio espírito Eugênia tem apresentado do Espiritismo, adaptada à contemporaneidade, despojada de preconceitos e idéias anacrônicas, propugnando pela felicidade e vida plena, em todos os sentidos, dos que a acompanham, lêem e ouvem, somos levados a recordar do que, por tantos depoimentos semelhantes, integrantes de nossa Escola relígio-filosófica têm declarado, sem escrúpulos: Eugênia é a nossa Porta para o Céu. (Dados sobre o programa de TV, ao final deste texto.)


A Severidade com que Sou Levado a Falar em Público.
Homossexualidade, Divórcio, Sexo Antes do Casamento.
Algumas Damas da Alta Sociedade Abaixo de Prostitutas.
As Palavras Fulminantes (para os Preconceituosos) de Jesus sobre tais Temas
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Exatamente em função de Eugênia ser um gênio do Plano Sublime de Vida, com proposições de elevada vanguarda, tornei-me, sob sua inspiração, defensor, simultaneamente, de todas as causas minoritárias, atacando, frontalmente, tabus seculares nos meios religiosos. Só na esfera da conduta sexual (para simplificar este tema intrincado), os exemplos pululam: sexo antes do casamento, divórcio, pornografia e masturbação (com reservas – pesquise-se, em nosso site, o conteúdo lá exposto sobre estes dois últimos tópicos), homossexualidade, transexualidade e cirurgias de mudança de sexo.

Quando o circo ‘tá perto de pegar fogo na platéia, é comum eu colocar a prostituição no meio da discussão e comentar que há damas da alta sociedade que alcançam o refinamento máximo do meretrício, por se entregarem, plenamente, a um só cliente, e venderem não apenas o corpo, mas a alma, a maternidade e a fidelidade, disfarçando-se, porém, de mulheres dignas – pelo que são fraudes, porquanto se casaram não por amor e sim pela posição social e econômica de seus consortes. Os homens da assistência sorriem, a esta altura de minha preleção, com ares de vingados, enquanto senhoras bem-vestidas e circunspectas se retorcem em seus assentos. É quando, para terminar de incinerar a casa, digo que alguns homens conseguem fazer isso de forma mais elegante ainda, por venderem outra parte do corpo, bem mais nobre que a genitália (se é que podemos dizer que uma parte do organismo valha mais que outra): seus cérebros, geminados ao melhor de seus anos (a juventude e a flor da maturidade), à profissão ou emprego que lhes paga a maior quantia. As carantonhas se fazem no outro grupo. E, então, no clímax do contragosto geral, em que centenas de cabeças perseguem argumentos para desacreditarem ou desmantelarem, internamente, meus argumentos, saio-me com a pérola das pérolas: a afirmação categórica de ninguém menos que Nosso Senhor Jesus, para me endossar as assertivas chocantes, de que prostitutas e ladrões (meretrizes e publicanos) entrariam no “Reino dos Céus” antes que as respeitabilíssimas e admiradas autoridades religiosas do Templo de Israel (Mateus, 21:31). Perturbador, não?

N’outro dia, resolvi lançar um repto-indagação às mães presentes, quanto a já haverem ou não estimulado e/ou orientado (com minúcias técnicas, se necessário) suas filhinhas pré-adolescentes ou adolescentes a se masturbarem, em vez de, pela falta de diálogo aberto, entregarem-nas a qualquer rapaz, com o que deixei matronas de porte vetusto completamente embaralhadas e aturdidas, pegando-as pelo pescoço de seu próprio preconceito, quando, sem espaço a muita contra-argumentação interior, complementei: “Porque, se as senhoras que me honram com a escuta atenciosa não fazem isso, considerem-se incursas no melhor caminho de omissão para favorecer uma gravidez indesejável e precoce em suas pimpolhas.”

Não é à toa que, há anos, uma de minhas amigas mais íntimas diz-me: “Mamin, Mamin… você é ‘dose’! Ouvir você não é para todo mundo!” (risos) Sem dúvida, o tempo me tem filtrado a platéia para um criticíssimo e cultíssimo público, comprometidíssimo com a própria melhoria íntima, com prioridade sobre o bem-estar pessoal dos minutos em que têm que me aturar os “destemperos” conceituais e fraseológicos. Em contrapartida, a vida destes discípulos eugenianos se transforma visceralmente para melhor, em todos os sentidos, enquanto estão em nossas fieiras. E mesmo que se afastem, por absoluta impossibilidade de prosseguir ouvindo (risos), se forem honestos o bastante consigo próprios, notarão que suas existências se dividiram em duas, com a enxertia de Eugênia e sua fala sapientíssima: muito mais maduros, felizes e prósperos (às vezes, até mais bonitos – risos), depois que se puseram a escutar a Mestra da Felicidade, Representante da Voz da Verdade sobre a Terra.

Por outro lado, em contemplando esta minha inclinação quase inconseqüente a verbalizar verdades duras demais, mas que sejam necessárias e inspiradas pelos Bons Espíritos (não sei se posso me reputar corajoso, como os amigos me imaginam ser), cheguei a me perguntar, certa vez, se tinha tendências masoquistas, concluindo por deduzir que havia, sim, um certo tom suicida em meus vetores psicológicos mais profundos (risos).


Tragédias e Desgraças Inapelavelmente Certas nas Vidas dos Opositores das Forças do Bem
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Para dar uma idéia (ainda mais aguda – risos) de como este meu pendor polêmico pode chegar a paroxismos difíceis de serem aceitos pela média do comum dos mortais de nosso globo, na última palestra pública que proferi, antes de redigir este artigo, fiz uma retrospectiva das desgraças que tomaram curso nas existências daqueles que se colocaram contra a filosofia da sábia e santa Eugênia e sua Obra, por meu intermédio materializada no domínio material de vida, incluindo um caso chocante de uma família no Estado que sofreu quatro mortes, no espaço de dois meses, após um dos integrantes dizer-me, textualmente, com entonação irônica: “Precisaremos ter muitos acidentes, então, porque eu e minha família não patrocinaremos seu programa.” A Espiritualidade me determinara asseverar que aquele clã familiar tinha pesado compromisso com a divulgação da causa espírita, e que lhe seria uma honra doar um valor módico (não era só irrisório – era ridículo!), em meio a uma fortuna milionária, para levar a redentora e felicitadora mensagem da imortalidade a milhões de criaturas, em todo o país (isso aconteceu em 2001, na iminência de o programa entrar em rede nacional de veiculação, pela Rede Brasil – TVE). Obviamente, tal abordagem soa como ameaça (ou extorsão – cogitei comigo, em solilóquio, quando saí do encontro tensíssimo com a figura componente do clã). Eventos similares de queda aconteceram com todas as autoridades políticas e administrativas, por exemplo, que se atreveram a tentar tirar o programa do ar (que sempre voltava a ser exibido, na semana seguinte): uma seqüenciada ordem de desgraças profissionais e familiares desencadeava-se na vida de nossos opositores.

É interessante notar, por outro lado, como afirmações deste teor parecem desagradáveis à maior parte das pessoas… porque estas querem fazer mal aos religiosos “bonzinhos”, sem sofrerem conseqüências, embora se curvem, servis e desprezíveis, aos “ricos” e “poderosos” do mundo material. Ficam chocadas, porquanto imaginam, também, um “deus-bonzinho”, que só lhes mime as almas viciadas e seja subornável a seu bel-prazer. Quando percebem sinais de que este Universo é regido por um Sistema Inteligente que lhes não obedece aos comandos voluntariosos, escandalizam-se e desejam fazer piquete, na porta do Cosmos, como se as Leis da Natureza pudessem ser submetidas a plebiscito popular. A democracia – disse, com brilho invulgar, Winston Churchill – é o pior sistema de governo, excetuando-se todos os anteriores. Pois bem: o Universo não é uma democracia – existe um Comando Supremo, quer os caprichosos se agradem disso ou não. E, em se colocando contra, por mais se tentem tranqüilizar, dizendo para si mesmos: “não acredito nisso”, sofrerão os efeitos de sua incúria, à guisa de alguém que ingere ácido sulfúrico sob protestos otimistas de que não acredita neste “conto do vigário” de terror com “segundas intenções” dos “pervertidos e charlatães” químicos… Pois é… muita gente vê sua vida desandando e procura, alhures, causas e culpados para seus problemas, negligenciando o principal campo de responsabilidade: o pessoal.

Dessarte, o que parecia configurar um padrão retórico apelando para o terror psicológico, no intuito de articular manipulação do medo e da culpa da multidão (técnica vastamente utilizada, século sobre século, entre figurões do poder, sobretudo no setor das religiões), constituía, de fato, um aviso, para que todos oferecessem, enquanto havia oportunidade, algo de seu tempo, de sua inspiração, de suas orações, à Causa que era a glória máxima para nossas vidas: servir aos Anjos-Gênios que dirigem os destinos da humanidade – uma vez que se encerrara, a pedido meu (médiuns têm livre-arbítrio, graças a Deus – risos), minha fase-profeta-bíblico (Moisés fez muito pior, no Egito Antigo, com o envio a Ramsés II, em nome de Javé, das célebres dez pragas sobre o povo egípcio, a fim de que o grande monarca da Antigüidade se dobrasse às ordens do “Deus de Israel”). Assim, como oficial de justiça dos Magistrados da Dimensão Excelsa de Vida, eu estava dando uma chance aos que não estivessem a favor de nosso círculo de atividades, para que não se colocassem contra, pelo menos, para seu próprio bem… Aludi, inclusive, ao mar de bênçãos que afluem, em cascata, na direção daqueles que, de boa vontade, colaboram com o que podem (nossos custos são expressivamente pequenos, para o tamanho ingente da obra eugeniana), esclarecendo, ainda, que o aparente “castigo extremo” da perda da vida física, nos casos mais graves dos que viessem a agir mal, era, ao contrário, um prêmio para quem insistia em acumular carma, como um aluno que recebe suspensão da escola em que está matriculado, para não perturbar, mais do que já está comprometendo, o andamento das atividades curriculares dos demais estudantes incursos no educandário. Graças e desgraças, em variados níveis, de diversas natureza e formas de manifestação e extensão, têm ocorrido, a mancheias, com aqueles que, respectivamente, ajudam ou atrapalham o andamento da Obra do Espírito Eugênia, sobre a Crosta terrena, concorde-se ou não com estas nossas palavras, porquanto aqueles que se posicionam contra ou a favor de uma Potestade Representante dos Cristos põem-se, em verdade, favoráveis ou contrários ao próprio Fluxo da Vida. E a reação de asseverar não partilhar desta opinião – reitero a linha de raciocínio acima já esboçada – tem o mesmo efeito que a de dizer não admitir que o lançar-se de um precipício causará morte instantânea, por não se acreditar nestas coisas de “relações de lei da gravidade e peso corporal”. Assistimos, eu e meus amigos, a eventos do gênero se repetirem, tetricamente, há mais de década e meia, com os corações apertados, tentando sempre exercitar a fé, recordando-nos uns aos outros de que o os prejuízos das “vítimas” (das próprias más escolhas) eram aparentes e provisórios, visto que, sendo eterno o espírito, todos viriam a se salvar, por fim – apenas, alguns optando por fazer uso de rotas mais sinuosas, padecendo graves seqüelas, por usarem seu livre-arbítrio para desrespeitar o que é de Cima.


A “Elegância” da Hipocrisia Mutuamente Estimulada.
Líderes Homossexuais que se Escondem, sob a Capa do Celibato, e as Verdadeiras Perversões, como a Pedofilia, que São Fomentadas com a Mutilação Psíquica da Proibição à Vivência Saudável e Responsável do Sexo
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É muito comum ouvirmos líderes religiosos declararem-se celibatários, para ocultarem sua homossexualidade, vivendo-a na clandestinidade – o que é muito compreensível, em função da crassa homofobia que pervaga a Terra dos dias de hoje. Eu, entretanto, preferi, desde que houve permissão cultural para isso (até pouco tempo atrás, era considerado quase um atentado ao pudor declarar-se gay), apresentar-me publicamente como homossexual, já num relacionamento estável, há três anos (para não deixar nenhuma dúvida quanto ao meu propósito: de ser transparente, e não de convidar eventuais candidatos a aventuras sexuais – o que alguns mais maliciosos poderiam supor).

Muitos se surpreendem negativamente, porém, por preferirem manter a ilusão de vislumbrarem, em seus sacerdotes, gurus ou líderes espíritas, personalidades sobre-humanas, alimentadas, nesta delusão, pelos próprios homossexuais enrustidos, nos púlpitos de todos os templos, que cometem o disparate (incompreensível, a meu ver, para quem está representando a Luz Divina – aí, sim, a fraude inconteste) de se declararem heterossexuais ou darem a entender isso. Caem na mais vil de todas as tentações: o orgulho, somado à vaidade, pela pior forma que haveria de sua exteriorização – o perjúrio público, mentindo com a intenção de passarem uma imagem do que não são.

Quantos, em padrão semelhante de doença emocional, componentes de segmentos religiosos que não admitem o celibato, casam-se com pessoas do sexo oposto (dizendo-se – despautério dos despautérios – “ex-gays”), para viverem verdadeiros pandemônios domésticos, castrando-se e castrando o cônjuge, quando não chegam a levar vida dupla? Desculpem-me os puritanos, mas não compactuo com tal ordem de indecências institucionalizadas. É por existirem estes descalabros que perversões verdadeiras, como a pedofilia, encontram espaço em ambientes que merecem reverência e não degradação. Não será pela repressão sexual que seremos salvos, e sim pela extravasão do coração, que se exprime, naturalmente, pelo sexo inclusive, conforme disposições biopsíquicas geneticamente condicionadas – só a ignorância ou a má-fé podem contraditar estas nossas postulações; e, sendo espíritas, nem temos como contestar a tese, porque, por princípio, devemos nos orientar pela Ciência, que afirma, terminantemente, não constituir a homossexualidade qualquer tipo de distúrbio psicológico.

A política do “pão e circo” continua em vigor, ainda hoje, de modo que, enquanto esmagador percentual dos contingentes populacionais está preocupado com a vida sexual dos vizinhos, as genuínas maldades e degradações acontecem a olhos vistos, na mídia e nos postos máximos do poder, entre lideranças formais, culturais, artísticas, religiosas, com a corrupção e a mendacidade parasitando ou manietando recursos coletivos, originariamente destinados ao bem comum, mas que acabam utilizados, inescrupulosa e acintosamente, a benefício próprio.


O Modelo Inadequado da Virtude Complacente. O Paradigma do “Certinho Falsinho”
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Atualmente, a imagem padrão que se tem da pessoa virtuosa é de alguém muito manso, com voz adocicada, que nunca rivaliza abertamente nada nem ninguém, que jamais diz um “não”, que é sempre amável e paciente, que nunca pensa em si (ou pelo menos parece não pensar em si), que se martiriza pelo bem de todos, sem nenhuma compreensão de auto-respeito e mesmo de educação para com os vampiros emocionais, viciados da conduta, irresponsáveis e até criminosos que o procuram.

Uma personalidade que reproduza, realmente, no seu comportamento, as características acima apontadas, como qualquer conhecedor de psicologia de almanaque concordaria sem pestanejar, é uma alma severamente doente, provavelmente dissimulada, que faz uso de um jogo de cena público para cooptar, com servilismo e hipocrisia, a simpatia de terceiros, ainda que comprometendo o verdadeiro bem a fazer, que, com freqüência, não se coaduna com o que se espera desse indivíduo (como de qualquer um de nós). Creio que nos esquecemos das tradições cristãs mais clássicas. Jesus, com seu chicote à mão, expulsando seres humanos e alimárias do templo, aos brados, soaria, certamente, como um endemoninhado para cristãos convencionais de hoje, ou como um obsediado, para um kardecista conservador. Paulo de Tarso, o Apóstolo dos Gentios, apontado, unanimemente, por estudiosos de religião comparada, como o mais importante vulto histórico do Cristianismo, após Jesus (alguns acadêmicos respeitáveis chegam a defender a tese de São Paulo ser mais relevante que o próprio Cristo, por suas contribuições viscerais ao estabelecimento da Igreja Primordial e Sua doutrina), atingia, com sua verve draconiana e direta, o quase-disparate de asseverar, sem pudores de revelar sua autoconfiança, que não alcançara ainda a perfeição, mas que pugnava por dela se aproximar. Uma pregação que contivesse uma auto-avaliação desta natureza fá-lo-ia, estivesse encarnado entre nós, ser levado à conta do mais desequilibrado e mistificador entre embusteiros, pois que, nos meios espiritistas e cristãos, de um modo geral, nada como um bom falso-humilde a fazer cara de bonzinho-coitadinho-mansinho, para que todos apregoem em sua testa o epíteto de “ser de luz” ou “quase-santo”.

Obviamente que há pessoas sinceramente afáveis e suaves, que não estão dissimulando um perfil psicológico diverso. Mas semelhantes criaturas são um tipo raro no orbe, de que Chico Xavier foi extraordinário expoente – este, sim, uma legítima alma santa (e genuinamente doce) que desceu aos proscênios do Domínio Físico de Vida. Quase sempre, os “quietinhos” são espertinhos: não querem criar problema com ninguém, para não sofrerem incômodos. Anestesiam a consciência, para viverem na calmaria do menor-esforço e cativarem a simpatia e o favorecimento do maior número possível dos que possam facilitar e melhorar suas existências. Os “certinhos” do mundo, em sua maior parte, estão ínsitos, dentro da taxonomia psicológica crística, na categoria dos “mornos”, a quem Jesus disse os vomitaria, conforme a interpretação mediúnica de João Evangelista, provável autor do famigerado último livro da Bíblia: o Apocalipse.

O “certinho” é o sujeito que se enquadra de todas as formas exeqüíveis, porque, sem dúvida, é muito melhor estar com a maioria, não infringir regras, não se colocar contra o poderio constituído… E quem diria ser esta uma política existencial ruim e indigna, intrínseca e isoladamente considerando? Só que, inexoravelmente, na prática, esta filosofia de vida esbarrará com inúmeras ocasiões em que a conveniência entrará em conflito com a consciência, e é isto exatamente o que os “certinhos”, nestes momentos, costumam fazer: pactuam com o mal, “vendem a alma ao diabo”, para não terem problemas imediatos e diretos com pessoas e instituições. Eles sabem disso, porquanto suas consciências não estão em paz. São respeitáveis para o mundo, mas marcados pelos Anjos de Deus, como fraudes aplaudidas pela multidão, que, todavia, têm severas contas a acertar do Outro Lado da Vida, quase sempre já com reflexos no hoje, além dos desdobramentos problematizados no além-túmulo, quanto em porvindouras reencarnações. Nunca é demais nos recordar de como Jesus era severo ao acusar de hipócritas os moralistas fiscalizadores da vida alheia, dizendo-os “sepulcros caiados: brancos por fora, cheios de podridão e rapina por dentro”. Precisamos – isso é muito óbvio – ser amorosos e compreensivos, até indulgentes, uns para com os outros, conforme o dever cristão nos assinala; mas, jamais complacentes, cúmplices, coniventes com o que não condiz com nossos ideais e princípios.


A Sombra Psicológica e suas Manobras Inconscientes.
(O líder espiritual que não cumpre apropriadamente seu papel, para ser admirado pelas multidões.)

Por conta de portar este perfil psicológico e comportamental pouco palatável ao gosto popular (de ser um agente da verdade cognoscível ao prisma que o patamar humano de entendimento, percepção e consciência possibilita), mas, no meu parecer, necessário, para quem se candidate a um posto de representante das Potestades Evolutivas da Humanidade, tenho sido muito utilizado, por Eles Mesmos, a dizer o que os meus colegas de função têm receio de verbalizar ante o vulgo, em considerando eventuais conseqüências desta abordagem transparente e viril – temor este que, “data venia” dos prezados leitores, sinceramente, interpreto como uma adulteração de propósitos ou uma negligência indesculpável, fronteiriça à desonestidade, eis que revela estar o indivíduo mais preocupado em ser visto como mandatário de Deus, do que em se esforçar por, de fato, ser um representante da Divindade, colocando-se sob a aprovação d’Ele-Ela, e não da multidão a que serve em Seu Nome; agindo com lealdade e espírito de compromisso para com as Potências do Céu que diz endossá-lo, em vez de focar a admiração servil dos que o procuram. Chego mesmo a crer, em certos momentos, serem, alguns dos que procedem deste modo, ateus ou materialistas camuflados (às vezes até para si mesmos, num nível de cepticismo inconsciente, muito bem racionalizado, nas faixas conscientes da psique), porque não entendo tanto cuidado com a própria imagem, quando questões tão graves, envolvendo os destinos de centenas, milhares, por vezes milhões de pessoas, estão em jogo. Uma imaturidade e leviandade que se aproximam da omissão criminosa, pelo que, inelutavelmente, terão que prestar contas, ao desencarnarem.

Acredito, entretanto, conforme insinuei no parágrafo precedente, que a maior parte julga estar fazendo seu melhor, de modo que seus guias espirituais agem com misericórdia, sem ferir-lhes diretamente a questão (quando dotados de mediunidade ostensiva), pela impossibilidade prática – crianças espirituais que são muitos deles – de agirem com a coragem e fortaleza que deveriam demonstrar, como itens básicos de personalidade, antes de se candidatarem aos papéis de inaquilatável grau de responsabilidade que desempenham. Portam-se como se apenas exercessem uma profissão, qual outra qualquer, ou subissem a um palco para realizar um show e receber a ovação das massas (como muitos, lamentavelmente, parecem-me ser – quem tem vocação artística deve ser franco consigo mesmo e dedicar-se a tais atividades, muito nobres, por sinal, em vez de deturpar os fins sagrados das tarefas que são delegadas pelo Criador aos porta-vozes de Sua Verdade, no âmbito material de existência).


A Dúvida e a Observação Crítica que Eu Mesmo Lancei sobre Mim.
E o Pedido que Fiz a Maria Santíssima, Seguido de Resposta d’Ela, Trazida por um Bom Espírito
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Apesar de dizer tudo isso, porém, por conhecer alguma coisa de psicologia profunda, tenho receio de quando me vejo articulando conceitos severos e trazendo-os a público, embora, até onde possa alcançar conscientemente, perceba minha avaliação íntima de prioridades em pôr o interesse pessoal abaixo do coletivo, já que, inúmeras vezes, vejo-me escolhendo rotas que indiscutivelmente comprometem meu bem-estar individual, rotas que, contudo, estão a serviço do Bem Geral, pelo que as tomo, sem um instante de vacilação. E o faço, isento de qualquer sentimento de que esta opção livre e consciente constitua qualquer ordem de virtude especial, interpretando-a, tão-só, como mero cumprimento de um dever meu, na condição de representante encarnado da Espiritualidade Amiga. Minha função não é agradar as pessoas (esta é a tarefa dos artistas), e sim reconduzi-las a Deus, apesar – reitero – da enormidade de meus defeitos.

A Psicologia profunda, entrementes, esclarece-nos como existem elementos sub-reptícios a se camuflarem de falsa dignidade, que podem engabelar não só a própria criatura que os porta, mas também aqueles que a ouvem. Jesus nos ensinou que se conhece a árvore pelos frutos, e isso me vem sustentando no correr dos anos, pois observo que os bons discípulos que se põem sob a árvore da Organização e Filosofia trazida pelo Espírito Eugênia, por meu intermédio, à dimensão física de vida, têm gerado magníficas revoluções para melhor em suas existências, em todos os departamentos. Mas, com certo travo de vergonha na boca, revelo que isso não me parecia satisfatório. As mensagens mediúnicas que recebo, para mais amargar minha tristeza em relação a este cepticismo a meu próprio respeito, com dados precisíssimos da intimidade dos destinatários dessas missivas de autores espirituais que psicografo, não são também suficientes para me fazerem considerar-me um legítimo e constituído agente da Luz sobre a crosta terrestre. Allan Kardec e seus ínclitos Mestres espirituais nos ensinaram que os sábios da Espiritualidade contornam os preconceitos e prevenções dos médiuns, para não os chocar, e, destarte, não inviabilizarem a comunicação que, a posteriori, favorecerá um incremento de profundidade e amplitude na percepção dos próprios médiuns, que são espíritos também em processo de contínua educação e expansão de suas possibilidades intelecto-morais.

E, assim como noto ostensivamente acontecer tal procedimento de cautela psicológica e diplomática dos Mentores espirituais em relação a seus protegidos em corpos de carne, alguns mesmo sendo figuras famosas do movimento espírita e das religiões como um todo, é óbvio que não poderia me pôr como exceção, sob pena de renunciar ao bom senso. “Todos os médiuns erram”, disse o mais próximo da infalibilidade entre todos os porta-vozes do Mundo Maior, o iluminado Chico Xavier (novamente citando-o, não tem jeito – risos). Diante dessas circunstâncias, então, ao ser alçado, pelo espírito Eugênia, à condição de um enviado de Maria Santíssima no mundo, da mesma forma como a maior parte dos médiuns espíritas, quanto sacerdotes católicos e pastores evangélicos, dizem-se representantes de Jesus Cristo, roguei à Mãe Maior ajudasse-me, dentro da cosmovisão de minhas idiossincrasias, para que fosse persuadido a me ver realmente como um Canal d’Ela no orbe – quando nos vêm provas neste sentido, quase sempre têm elas um caráter emocional e simbólico-pessoal.

Na madrugada de quinta-feira, 16 de outubro, a Espiritualidade Sublime, assim, avisou-me que Nossa Mãe Todo-Misericórdia nos enviaria um “sinal significativo” de que eu A representava, e de que, portanto, todos que seguissem a Escola de Pensamento e Conduta do Espírito Eugênia estariam sob Sua especial proteção.


O Fenômeno Espetacular.
O Ataque do Gênio Tenebroso.
A Fabulosa Energia e o Padrão Mental de Maria Santíssima.
Os Estigmatizados e a Estigmatizada Sublime do Instituto Salto Quântico
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Para dar uma idéia do significado que teve o evento, para mim, devo dizer, de antemão, que valorizo muito, internamente, o fenômeno dos estigmatizados, apesar de não ser propriamente uma tradição espírita o levar-se a sério esta categoria fenomenológica. Curiosamente, entretanto, o próprio Chico Xavier – como revelou João Cauim (um dos biógrafos que mais conviveu com o Apóstolo da Mediunidade no século XX) – era portador dos estigmas nos pés (curioso: apenas nos pés, para não haver publicidade desta sua condição, como ocorreria se os ostentasse também em suas mãos – bem conforme a profunda e sincera humildade do Grande Enviado do século transato).

Os estigmatizados, para aqueles que, qual a minha pessoa, admitem-nos como um símbolo místico de uma mensagem extraordinária do Céu, seriam criaturas, encarnadas, particularmente tocadas pela “Mão de Deus”, o que lhes provocaria o surgimento, no corpo físico (por uma gênese paranormal), das chagas que Nosso Senhor Jesus sofreu, pelo seu martírio na Cruz. São Francisco de Assis, por exemplo, além de um dos mais reverenciados santos da Cristandade (de fato, um espírito de considerável envergadura evolutiva), é dos mais famosos estigmatizados da História. No meu trabalho como médium psicofônico-psicógrafo de uma sábia-santa da outra dimensão de vida – o Espírito Eugênia –, não sendo eu um santo em pessoa, jamais estes estigmas me apareceriam (graças a Deus! – risos: os relatos indicam que são muito dolorosos); todavia, o sangue, como símbolo da vida, da transformação, da dor justa, por uma realização do Plano Superior de consciência, passa por meu intermédio, já que me faço, de algum modo, canal desta força para o mundo material. Pois foi algo que corporifica exatamente isso, em termos simbológicos, que me ocorreu.

Cabe destacar, previamente, outrossim, que, não obstante minha ampla lavra psicográfica (com 18 livros publicados e dezenas de outros, por serem diagramados e conduzidos ao prelo, em 8 anos de artigos redigidos em condições supranormais, diariamente trazidos a lume e expostos em nosso site na internet), sou, basicamente, um médium psicofônico, o que é bem compreensível, vez que minha tarefa-central, nesta encarnação, é a produção-apresentação do programa de TV de divulgação da temática, a que já nos referimos acima.

A tarde começava a cair, na segunda-feira 20 de outubro deste 2008. Estava com meu companheiro, Delano Mothé, conversando álacre e serenamente, após a realização de um culto do Evangelho com amigos, em nossa casa, em agradabilíssima psicosfera de afeto e paz, e depois também de haver terminado seleção de ilustrações audiovisuais para a palestra do domingo 26. A certa altura, inesperadamente, uma entidade malevolente de brilhante inteligência surgiu em nossa sala de estar. Pedi a Delano, então, que nos dirigíssemos ao quarto, mais isolado compartimento de nosso lar, para que não vazasse o diálogo delicado que eu teria que entabular com o espírito complicado-complicador, pela porta de saída do apartamento, na direção do corredor – o respeito à privacidade do ser humano é inviolável, mesmo quando, jazendo desencarnado o interlocutor, ninguém, em tese, poder-lhe-ia identificar a personalidade.

O espírito, no entanto, era velho companheiro meu d’outras vidas. Conhecemo-nos muito, reciprocamente, de modo que, no instante em que tentei auxiliá-lo (porque era este o propósito de os vigilantes da Espiritualidade haverem permitido sua entrada em meu domicílio), explodiu ele, verborrágico, numa série de impropérios, vituperando-me a pessoa de todas as formas. Tentava falar, mas ele me interrompia sempre, com esgares desdenhosos, ferinos e intimidadores, pelejando por me magoar, por ter conhecimento, como toda pessoa íntima, dos pontos por onde mais poderia me ofender e afetar. De minha parte, já não sabia mais o que fazer. Foi quando apelei para a minha tal veia de sinceridade crua e nua.

Asseverei-lhe, então, que, se não silenciasse, invocaria minha condição de “Representante da Espiritualidade Superior”, para coibir-lhe a fala, compulsoriamente (vide questão 274 de “O Livro dos Espíritos”), visto que, se ele estava ali, decerto o intuito da Divina Providência era que fosse silenciado, ao menos alternadamente, para que lhe pudesse conceder orientações confortadoras, em função de, aceitasse ele ou não, ser eu “seu professor e canal de Eugênia”. Aditei, outrossim, que concordava com ele, no quesito específico de não me ver como representante de Maria Santíssima (um dos tópicos que o agressor desencarnado tangenciou, prenhe de sarcasmo e fel), em virtude de minha deplorável condição evolutiva, mas que – tivesse ele a opinião que fosse a meu respeito –, naquele momento, estava falando como embaixador do Plano Sublime, para ajudá-lo.

O inteligente espírito, de fato, deixou-me, muito a contragosto, delinear algum esboço etiológico para seu estado de evidente sofrimento, procedendo eu, a esta altura (por lhe notar uma total indisposição a conversar de modo civilizado e amigável, e sabendo que a abordagem sem rodeios lhe pareceria mais sincera do que uma piedosa – que ele não acreditaria poder provir de mim), a uma crudelíssima análise de suas intenções, sem poupar qualquer aspecto menos confortável de ouvir e observar, qual se levasse a afeito uma cirurgia na alma do atendido, sem o expediente humanizador da anestesia.

A entidade se revolveu, no orgulho ferido, e consegui ainda fazê-la ouvir que dizer coisas tão duras, quando no trabalho de orientação de personalidades (encarnadas ou desencarnadas), feria-me profundamente o coração, porque, apesar do meu compromisso de ser porta-voz da Verdade (como todo legítimo sacerdote, de qualquer credo), jamais asseverava qualquer coisa mais pesada ou difícil, pelo prazer de machucar; em vez disso, sentia sangrar-me o coração, sempre que me via obrigado a me colocar daquela forma.

A esta altura, as emoções atingiram pináculos de agudeza, comecei a verter lágrimas, que, a pouco e pouco, converteram-se em forte dispnéia, fazendo com que só pudesse falar, com pausas, nas expirações, que se entrecortavam por longas e sofridas inspirações. Delano assistia a tudo estupefacto (sem ver a entidade sofredora-perversa, obviamente, por não ser médium ostensivo), já com a mão na cabeça, preocupado com meu estado exacerbadamente emotivo. Claro que não é muito típico, nem propriamente correto, entregar-se por inteiro assim num “esclarecimento de desobsessão”, mas me percebi, por intuição, naquele momento, autorizado a proceder daquele modo, sentindo que deveria interagir com o antigo amigo de outras reencarnações com toda a minha humanidade, expondo-me, vulnerabilizando-me, sem qualquer pretensão de superioridade, paradoxalmente a despeito de estar-me apresentando como representante do Domínio Excelso de Vida – o que, na condição de médiuns educados, todos devemos ser, não constituindo, a meu ver, portanto, nenhuma atitude de prepotência o declará-lo abertamente.

E a dispnéia, em seguida, fez-me, misteriosamente, cessar a caudal das lágrimas. Pensei, então, comigo mesmo: “Para onde foram minhas lágrimas? O estado de comoção não foi reduzido. Pelo contrário: estou ainda mais emocionado…” De inopino, percebi gosto de ferro na boca, suspendi o diálogo com a inteligência perturbadora e falei para Delano, um tanto preocupado:

– Dê (como o chamam os íntimos), estou com gosto de sangue na boca… A pressão intracraniana deve estar altíssima… Tenho que me acalmar um pouco…

Mal terminei de articular estas últimas palavras, percebi um esguicho veloz de líquido na cavidade bucal, qual se uma intensíssima salivação houvesse espocado, repentinamente, sem causa aparente. O sabor característico de sangue, fortemente ferroso, casou-me sobressalto. Corri para o banheiro, despejei o conteúdo líquido na pia e, acendendo as luzes da “sala de banho” (como diria o Espírito Eugênia), bradei para meu companheiro:

– Delano, corra a ver! Devo estar na iminência de sofrer grave AVC! Estou projetando sangue pela boca.

Meu consorte precipitou-se para onde eu estava, e ficou estarrecido: eu lançava verdadeiras golfadas de sangue, como se uma torneira invisível, em minha boca, o jorrasse. Movido por uma reverência mística que só mais tarde compreendi, meu companheiro, extremamente intuitivo e sensível às energias do Plano Sublime, caiu de joelhos aos meus pés, numa atitude nada típica ao seu temperamento mais circunspecto, abraçou-se-me à perna esquerda e beijou-me sucessivas vezes, comovido às lágrimas.

– Dê! O que isso, homem? – indaguei, perplexo – Estou no meio de uma crise orgânica grave! Levante-se, ajude-me a avaliar a situação! Creio que posso estar na iminência de um severo derrame. Precisamos tomar providências céleres.

Com alguma resistência, Delano me atendeu, impressionadíssimo com o sangue que eu ainda lançava pela boca. Aproximei-me do espelho, todo tomado pelo meu lado racional-pragmático, para ver o estado da coloração da pele da cabeça, a fim de verificar se estaria avermelhada, a indicar a tal pressão elevada que justificaria, conforme meu primeiro exame, aquela ocorrência bizarra. Nada de estranho. Não só a coloração do crânio estava normal, como não havia veias intumescidas à testa ou nas têmporas, que igualmente pudessem indicar exacerbação da função circulatória. Descartada a hipótese de aguda hipertensão, passei a sucessivos bochechos, para examinar a cavidade bucal: “Certamente mordi a língua ou uma parte das bochechas, sem me haver dado conta disso!” – pensei, de mim para comigo. Examinei toda a mucosa bucal: com dificuldade, porque o “suor de sangue” pululava, parecendo brotar da parte inferior da língua, pelo que percebi, exigindo-me bochechar novamente, várias vezes, para poder enxergar melhor a pele encoberta pela vermelhidão aquosa. Esquisito… também nada. Por fim, antes mesmo que corresse a telefonar para um médico amigo, recostei-me à parede do banheiro e resmunguei, para o parceiro de destino, algumas palavras de tristeza, ainda comentando o que ocorrera no socorro prestado à entidade, provocado que fui pelo que me fora dito há poucos instantes, e o quanto me doía ter que ser tão severo às vezes. Veio-me, então, mais uma vez, a emoção intensa, e notei a tensão das lágrimas prontas a saltarem dos olhos quando… zás! Novamente: sangue pela boca!

– Que estranho, Dê! Não posso ter nenhuma emoção, seja raiva ou tristeza, que sangro pela boca… Devo estar numa crise orgânica aguda – especulei de novo. Certamente, corro risco de sofrer um AVC – repeti, atrevidamente, o autodiagnóstico, buscando uma causa física para o que me acontecia.

Em resumo: transcorridas aproximadamente seis horas, porque este desfecho sangrento se deu à hora do Ângelus, pouco depois das 18h (pois é: na hora dedicada, tradicionalmente, à Nossa Mãe Maior), e passam-se agora alguns minutos da meia-noite, concluímos, conversando com minha médica-amiga Ana Sá, que se tratava de algo diferente do que supúnhamos. Havia ligado novamente para a querida clínica geral, perguntando do motivo de não me haver determinado uma internação hospitalar, no mínimo em caráter de observação.

– Não sinto cefaléia, Ana. Deveria estar com dor de cabeça para uma pressão intracraniana que justificasse tal sangramento, não?

– Provavelmente, sim – respondeu-me ela. Mas o fator determinante para que rejeitássemos esta hipótese de diagnóstico foi a ausência de sangramento da mucosa nasal. Para que você fizesse borbotões de sangue pela boca, deveria antes verter muito mais sangue pelo nariz… e isso não aconteceu, não foi?

– Não, de jeito algum. Mas não há nenhum risco de eu estar sofrendo uma grave hemorragia interna? (Fazia alusão ao aparelho digestivo.)

– Não – respondeu-me, lacônica.

– Pois é… Ana… eu nem sequer pigarreei. Existe esta projeção de sangue, vinda do tubo digestivo, através de refluxo gástrico assintomático (aquele em que não há ardor)?

Ana se restringiu a dizer, novamente, de modo monossilábico:

– Não.

– Ana, por que você está tão calada? Por que estas respostas tão lacônicas? Isso não é de seu feitio, principalmente comigo…

Foi quando minha amiga-irmã, que além de médica com 22 anos de experiência hospitalar, é médium dotada de excelentes faculdades psíquicas, utilizadas no próprio trabalho clínico, assegurou-me, mais uma vez, naquela noite (já mo havia dito, em telefonema anterior), só que com um complemento ainda não apresentando antes:

– Isso não existe. Nunca presenciei algo parecido. Não há relatos sobre isso na literatura médica… É um fenômeno espiritual…

Esqueci-me do recato civilizado que o sono alheio nos merece e, pouco depois de uma hora da madrugada, já falava com meu outro querido amigo, o superdotado cirurgião gastroenterologista Raul Mendonça, que estava mais enfático no pasmo do que Ana:

– Impressionante, Benjamin! Isso não poderia ter acontecido. Você teria vomitado sangue, não salivado. Não existe possibilidade de refluxo gástrico neste sintoma raro de graves lesões no sistema digestivo. Verifique, apenas para dirimirmos as últimas sombras de dúvida, se você apresenta melena (porque poderia indicar sangramento no aparelho digestivo)…

Claro que não apresentei, como até hoje, nenhum sinal de fezes escuras, que poderiam denunciar o processo de sangramento do trato digestivo. Horas mais tarde, falava com dois outros queridos irmãos do espírito, os competentes e lúcidos, estudiosos e responsáveis odontólogos, que estavam igualmente estupefactos, Paulo Soares e Maisa Marante, que me falaram, mais ou menos nas palavras que se seguem:

– Mamin, você precisaria estar sofrendo de uma grave lesão na mucosa bucal, de uma gengivite severamente ulcerada, para um sangramento repentino e desta magnitude haver surgido…

Passei a madrugada e o dia seguinte juntando as peças do quebra-cabeças, aqui enumerando apenas os itens mais relevantes:

1. O “sinal significativo”, prometido por Maria Santíssima: um fenômeno não explicável pela ciência convencional, com traços claros de fenomenologia tradicional-cristã que em nada lembram sequer os fenômenos de ectoplasmia, enquadrável no espectro de análise do mediunismo de efeitos físicos, como se diria na nomenclatura clássica espírita.

2. Acontecendo exatamente na hora do Ângelus, a Ela dedicada, pelas tradições cristãs mais arcaicas.

3. Com sangramento – que remete, simbolicamente, tanto ao padecimento místico por uma causa justa, quanto à vida ofertada (que o líquido precioso representa) à mensagem transformadora do Espírito Eugênia e seus Amigos, que flui por meio de minha boca, para o mundo.

4. Reportação quase direta ao fenômeno dos estigmatizados (“os tocados por Deus”), com a particularidade importantíssima: não era eu o estigmatizado, e sim “Quem fala por meio de minha psicofonia”, através de meu aparelho fonador, o que justificaria o sangue saindo pela boca e não pelos olhos, por exemplo, ou outra parte do corpo. Santos são os que falam por mim; não eu, extremamente humano e comum que sou.

5. A metáfora da sacralização (sangue místico jorrando) de minha abordagem dura, mas muito sincera e com propósitos espirituais, além de constituir uma alegoria do meu próprio sofrimento (“o coração sangrando”), nos instantes em que me permito agir desta forma.


Conclusão, Convocação e Agradecimento Final.

Bem, está aqui o meu relato pessoal, como testemunho de minha fé e depoimento público do que ocorreu comigo, na condição de representante da Espiritualidade Maior, nada obstante – permitam e desculpem-me novamente ratificar – a grande quantidade e extensão de meus defeitos. Posso garantir, apesar desta minha nítida vulnerabilidade humana, que ajo com muito critério e lealdade às orientações dos Mestres desencarnados da Espiritualidade Superior; e, dessarte, com este evento narrado publicamente, desejo sejam mais levadas a sério não as minhas, mas as Palavras d’Eles mesmos, a benefício dos próprios ouvintes.

Passem adiante esta carta aberta, para toda sua lista de e-mails. Publiquem-na como desejarem. Se vocês já a receberam de um amigo, repassem adiante. Vamos levar para o maior número possível de pessoas a Mensagem de que Maria Santíssima, Nossa Grande Mãe Planetária, quer uma humanidade feliz, desvencilhada de preconceitos e limitações outras, de ordem cultural. Consultem, vocês mesmos, pelos meios por que podem contactar, o acervo de instruções da sapientíssima Eugênia, que não só foi Bernadette Soubirous, como asseveramos ao início deste artigo, mas também se apresentou, no campo físico de existência, há dois mil e quinhentos anos, como Aspásia de Mileto, a grande sábia que fundou uma escola de filosofia na Grécia Antiga, em Athenas, vindo a ser mestra de Sócrates na arte da Retórica (isto dito por ele próprio).

Agradeço a gentileza fraterna da atenção a mim dispensada, neste longo relato, com dilatado e minucioso intróito, esperando lhes possa ser útil e lhes tenha introduzido, como todos que têm contato com o Pensamento da Imortal Eugênia, num verdadeiro paraíso de novas possibilidades de ser feliz, com bases racionais e uma perspectiva espiritual de entendimento e conduta.

Confiando-os e seus entes queridos à Nossa Mãe Maior, Maria Santíssima,
Irmão em Cristo,
Benjamin Teixeira,
Aracaju, 23 de outubro de 2008.


Uma Amostra do Complexo, Profundo, Revolucionário e Assombroso Pensamento Eugeniano:


Diálogo sobre Poligamia, Promiscuidade, Infidelidade Consentida, Sexo Casual, Erotismo Doméstico e no Ambiente Profissional
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Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

(Benjamin Teixeira) – Eugênia, há aproximadamente 10 anos, recebi, em consultório, um homem muito decente, no meu ponto de vista, que revelou a estranha fraqueza de manter vínculos com mais de uma mulher ao mesmo tempo. Isso me fez, pela primeira vez, provocá-la quanto ao assunto, embora você haja se mantido à época enigmática, em certa medida, e não me tenha autorizado manifestar nada em público.

A posteriori, tive contato com a autobiografia de Jung, em que o mestre se declarava polígamo. Interpreto Jung como um dos maiores gênios do século XX, e um mestre da Espiritualidade Sublime que reencarnou em importante missão em nosso orbe. Este era o ponto fraco dele? ou foi corajoso, de sua parte, admitir publicamente algo que não é propriamente uma falha psicológica ou moral? O que você teria a dizer sobre isso?

(Espírito Eugênia) – Primeiramente, gostaria que se fizesse uma distinção muito clara entre promiscuidade e poligamia, entre “sexo livre” e “infidelidade consentida”, entre o sexo casual assumido (que é um vício como qualquer outro) e a experiência-tendência da poligamia. Segundo, a vivência da poligamia sempre existiu na espécie humana e sempre existirá, enquanto houver vínculos sexuais entre pessoas. Explicando-me: as regras de relacionamento sexual foram cunhadas em função da reprodução humana e da constituição de família, para o zelo com a prole. Na medida em que a espécie humana adentra uma era civilizatória em que os aspectos meramente reprodutivos da sexualidade perdem progressivamente importância, elementos antes considerados heréticos, na conduta sexual – como a emancipação feminina (que fazia o homem se sentir desobrigado de prover seus rebentos), a homossexualidade (porque, em tese, impediria a reprodução: asseverei “em tese”, visto que muitos gays se casaram e deixaram descendência), a virgindade obrigatória antes do casamento (que garantia a não-fertilização por outro homem, antes que alguém assumisse uma parceira como consorte), o divórcio (que podia lançar toda uma família na penúria extrema) –, vão se tornando situações sociais aceitáveis e mesmo indicativas de modernidade aprofundada, aplicada e vivida, em diversos segmentos das comunidades humanas, sobremaneira as mais cultas e desenvolvidas tecnologicamente, conforme se pode observar nitidamente – notem-se, em especial, os índices de prosperidade econômica e política, que conferem, nas democracias pós-industriais, um coeficiente de liberdade ao indivíduo sem precedentes, na História da Humanidade.

A religião e seus estatutos, em verdade, tão-só exaravam, dando-lhes uma aura de obrigatoriedade inquestionável, as necessidades de interesse coletivo, que, por isso mesmo, foram bem-vindas ao tempo certo, nas sociedades apropriadas. Não mais hoje, todavia.

(BT) – Nossa, Eugênia, isso é extremamente polêmico…

(EE) – Não tanto. Observe que André Luiz, no clássico Nosso Lar, de autoria mediúnica do inolvidável Chico Xavier, referiu-se a um caso curioso em que um homem coabitava com duas esposas de sua pregressa existência. Deixou claro que não aludia, ali, à bigamia, nos dizeres terrenos, mas lembrava a constituição das famílias do orbe, em que antigos relacionamentos sexuais de ambos os pais renascem como filhos do casal, para darem continuidade ao aprendizado reciprocamente partilhado, século sobre século.

(BT) – Então, não havia sexo, como você mesma disse.

(EE) – Nunca há, meu filho, mesmo com a esposa com quem a personagem entretecia laços mais profundos de afinidade, e que ocupava, com mais “legitimidade”, a função de consorte espiritual. Na Espiritualidade Sublime, como se sabe, não há a fricção de corpos, na cópula animal indispensável à procriação. A mera aproximação psíquica, com permuta de forças mentais, é suficiente para que a satisfação profunda de alma a alma possa acontecer.

(BT) – Você quer dizer, portanto, que pode existir, no plano físico, a necessidade de sexo com mais de uma pessoa, em laços dessa natureza?

(EE) – Sim. Mas não se trata de algo imperioso. Pode ocorrer ou não. É muito comum, nas relações humanas, percebermos vínculos esponsalícios entre pessoas que não mantêm intimidade física, de caráter sexual. Por exemplo, sócios de um empreendimento profissional, parceiros de trabalho muito harmônicos, amigos bastante afinados, familiares sinérgicos: vivem formas dissimuladas de poligamia, em que o consórcio dos espíritos envolvidos favorece a troca de elementos fertilizadores entre os psiquismos, a fim de que a produtividade, a criatividade, a motivação, a fraternidade, a felicidade possam se estabelecer de múltiplas, concomitantes, progressivas formas de satisfação partilhada. Todos sempre ganham com isso… É o egoísmo humano, em seu exclusivismo possessivo e controlador que urde as teias mefistofélicas da castração a dois, em que, amiúde, inimigos se intoxicam mutuamente, adoecendo corpo e espírito, em antipatia correspondida e retroalimentada, década sobre década. Muitos matrimônios de fachada, assim, são mantidos por mero interesse patrimonial ou social, na preservação das aparências, quando não existe mesmo, a motivar a perpetuidade dos laços corrompidos, o mero medo da solidão, do abandono, da rejeição.

(BT) – Nossa!… Eugênia… Tem certeza de que você quer que eu publique isso?

(EE) – Sim.

(BT) – Muitos se chocarão.

(EE) – Sei disso. Mas nos agradecerão no futuro. Atualmente, os polígamos vivem na clandestinidade, quais os homossexuais de outro tempo e de hoje mesmo, em vários rincões retrógrados do planeta. Por sinal, quantos homossexuais se declaram, no presente, mesmo em ambientes ultracivilizados? Ainda constituem uma minoria. Estarão, tanto homossexuais como polígamos, liberados, nas sociedades do futuro, a viverem seus elos de felicidade e criação, sem vulgaridade, promiscuidade ou apego a viciações de ordem sexual, que nada têm a ver com o que aqui estudamos.

(BT) – Curiosamente, quando fez referência à não-obrigatoriedade do conúbio sexual, lembrei-me de que, há poucos meses, acordei-me muito grave, para conversar com meu companheiro, Delano Mothé, revelando-lhe que me encontrava numa relação a três e lhe perguntando se não se incomodaria com isso. Meu pobre consorte fez uma expressão de espanto e angústia, a princípio, mas abriu enorme sorriso quando lhe esclareci que estava me sentindo casado com você, adorável Eugênia…

(EE) – Exatamente. A sinergia psíquica profunda é o que caracteriza a relação esponsalícia. Observe que isso deixa espaço a múltiplas interpretações, e muitos discordarão, provavelmente com razão em vários aspectos, desta nossa conceituação de poligamia. Mas cada qual, na câmara secreta da própria consciência, pode averiguar se se sente casado com alguém que não seja seu parceiro sexual. A identificação desses laços facilita a administração da própria existência, porque os “cordões de bronze” (leia-se, neste mesmo sítio eletrônico, estudo de Eugênia a respeito) que se estabelecem entre esses “esposos do espírito” são profundamente poderosos, e devem ser considerados em toda ordem de tomada de decisão séria na vida de um indivíduo, para que as compensações ou descompensações energéticas, oriundas da contemplação ou negligência dessa realidade psíquica subjacente, não venham a favorecer o que não se queira ou frustrar o que se pretenda materializar no próprio caminho de vida. Há pais de família casados com uma filha ou um filho(!), e nenhuma decisão é sustentada sem a anuência do consorte da alma, não importando o quanto o cônjuge do corpo se oponha ou não. CEO’s de grandes corporações entretecem visíveis elos eróticos (sem sexo) com determinados assessores, ainda que do mesmo sexo (sendo ambos heterossexuais), e a fermentação recíproca de idéias é óbvia para qualquer observador que se permita estudar, com mais cuidado, o profundo processo de “fertilização” psíquica que realizam, para promover as obras por que são responsáveis.

Vemos aqui, inequivocamente, a “libido” da terminologia freudiana, que não é outra coisa senão isto: a energia para a vida, que o bebê projeta no seio materno, sugando-lhe a linfa salvadora, necessidade esta que, mais tarde, a criatura redimida volta para a Transcendência, nutrindo-se das Vibrações Sublimes que dimanam dos Representantes de Deus, num fenômeno bem denominado de “teotropismo”, por um mestre de nosso Plano, quando encarnado (*).

Lembremo-nos de como os preconceitos são cancros persistentes na psique humana, tanto de indivíduos, quanto de coletividades inteiras, e de que somente pela libertação de atavismos primários lograr-se-á ascender para as excelsitudes da vida angelical, em que o sexo terá sido de todo abolido, da perspectiva humana (que o entende como encontro físico-afetivo íntimo entre criaturas), mas em que o amor, pujante, livre de peias ou qualquer tipo de castração aviltante, manifesta-se de toda forma e em todas as direções possíveis, sem distinção de pessoas, situação ou classe social. Medite-se nisso.

Na dúvida, prezado amigo – e isso gostaria de explicitar ao leitor que se sinta um pouco mais confuso (o que é natural) –, siga cada um a bússola infalível da própria consciência, fazendo uso da ferramenta básica para a solução de pendências complexas, proposta por Nosso Senhor Jesus: “Conhece-se a árvore pelos frutos.”

(BT) – Eugênia, posso fazer uma última provocação sobre a temática?

(EE) – À vontade.

(BT) – Allan Kardec, abordando o assunto, obteve dos Espíritos de Escol que o inspiravam a resposta de que a monogamia e o casamento constituíam índices de progresso e de afastamento da selvageria animal. Isso não entra em contradição com suas assertivas?

(EE) – Não. O próprio Kardec asseverou que as contradições havidas em ditados do Plano Superior são mais aparentes do que profundas. Primeiramente, a época era outra. Assuntos desta envergadura de delicadeza e complexidade não poderiam ser abertamente ventilados por aqueles dias. Os próprios Orientadores Desencarnados do Codificador disseram-lhe que ao futuro estariam reservados relevantes esclarecimentos sobre tópicos ainda proibitivos para aquele momento, asseverando, como base principiológica das mais importantes do Espiritismo, que nossa escola de pensamento cresceria e seria reformulada, à medida que novos conhecimentos e costumes, com a natural evolução dos povos, tivessem oportunidade de acontecer.

Tratava-se sexo, à época, como uma mera necessidade fisiológica. E quem ainda vir a sagrada função desta forma deverá sofrer a regra geral da contenção disciplinar dos impulsos. Todavia, quando um indivíduo adentrou patamares mais altos de sofisticação psicológica, refinamento emocional e complexidade psíquica, terá necessidades correlatamente mais complexas, profundas e – para uma ótica mais estreita, superficial e preconcebida – ambíguas, questionáveis, mas que preferimos dizer, numa linguagem mais filosófica: paradoxais.

Há quem ainda precise compreender Deus como um ministrador de castigos eternos, para abster-se de praticar maldades. Também há quem necessite entender que será punido com o carma, se não ouvir a voz de sua consciência (como se fosse necessário maior punição que o mal-estar consigo mesmo, com a perda da paz). E, muito embora conseqüências desastrosas realmente advenham de má conduta, que podem ser compreendidas como provenientes de um Deus-Justiça ou da Lei-do-Carma, o fato é que cada um deve buscar o quadro de valores de que carece, para seu adiantamento e melhoria das condições de felicidade e paz partilhadas com seus semelhantes.

Importante considerar, entrementes, que, assim como existem os que vivem na linha rasa da moralidade comum, há os que trafegam nos Altiplanos do Poder percebido e utilizado, conscientemente, para o bem comum, e que nunca fraudam, não por medo de ser descobertos ou punidos, e sim porque têm aversão ao mal e atração natural pelo bem. Para estes, a era da obediência findou-se, e vivem um reinado absoluto da consciência, a um ponto tal que, ainda que sofressem amargos resultados por suas escolhas não-convencionais (conquanto não necessariamente contra-convencionais), prosseguiriam, impertérritos, em suas opções extraordinárias, fomentado o progresso das coletividades e favorecendo a aceleração da chegada da era da felicidade comum e da concórdia universal que um dia se estabelecerá sobre o orbe, para nunca mais ter fim. Lembre-se de Joanna d’Arc, queimada viva por não renegar a Voz dos Imortais e por rejeitar roupas femininas; ou de João Huss ou Giordano Bruno, permitindo-se imolar pela fidelidade às suas convicções científico-filosóficas. Há-os ainda hoje, como também as fogueiras, da mesma sorte. As piras ardentes, em que crepita o fogo da intolerância e do ódio a minorias, são mais subjetivas e metafóricas, mas continuam fazendo suas vítimas, com dores provavelmente maiores que as de uma mera morte por combustão viva, porque, amiúde, mais sorrateiras, sutis e demoradas, consumindo, aos poucos, seus mártires, ano sobre ano, década sobre década, para só serem aplacadas quando os ventos da História soprarem sobre comunidades reacionárias, compelindo-as a páramos mais altos de civilidade.

(Diálogo travado em 24 de outubro de 2008.)

(*) Huberto Rohden. Tem sido citado por outros autores, inclusive co-autores mediúnicos, sem a devida referência ao autor original.

(Nota do Médium)


Como Conhecer e Contactar o Instituto Salto Quântico, o Pensamento da Mestra Desencarnada Eugênia e do Médium Benjamin Teixeira
:

Sítio eletrônico, na internet:

www.saltoquantico.com.br.

Programa de TV, em rede nacional:

CNT, às 15h30 de sábados (mais de 100 canais por todo o país, excetuando-se, porém, duas praças: a emissora aberta do Rio de Janeiro e o canal da Sky).

Arquivos do programa nacional no Youtube:

Disponibilizados todos os episódios de 24 de maio em diante, da parte nacional do programa de TV, transmitida pela CNT. Para acessar, basta digitar, no sistema de busca do portal: “Programa Salto Quântico”. A partir de novembro de 2008, os programas de TV estarão ofertados, na íntegra, em nosso próprio site.

Programa de TV, em Aracaju, Sergipe, transmissão local:
Sábados, às 9h, Aperipê TV.

Palestras semanais:
Domingos, às 19h, no Mega Espaço, Rua Nossa Senhora das Dores, 588, perto do Hospital Cirurgia. Aracaju, Sergipe.

Telefone central:
(0xx79) 3041-4405.