Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

Eugênia, há uma pergunta recorrente de internautas, telespectadores e assistentes em nossas palestras, que gostaria de lhe retransmitir:
Qual a explicação espiritual para a depressão, também chamada transtorno bipolar ou unipolar (de acordo com a presença ou ausência, respectivamente, de oscilações maníacas)?

Um dos flagelos da modernidade, a depressão tem etiologia profunda, com suas raízes fincadas no solo da alma. Quem se sente desanimado, em caráter mais grave, sofre de séria patologia espiritual, aguardando atendimento adequado, que lhe aborde e avalie não só as questões de ordem médica ou psicológica, mas atinja o cerne da problemática, de natureza fundamentalmente espiritual.

No que tange à sua feição psicológica, pode a depressão ser oriunda de repressão grave e crônica da raiva continuada e intensa, que, depois de passar por seus trâmites (da depressão), poderá desembocar em disfunções orgânicas outras, como a artrite reumatoide ou as diversas manifestações cancerígenas.

Preferimos aqui considerar, todavia, para os fins que nos interessam – remontar às causas últimas e mais profundas do problema – que a gênese da depressão está associada à frustração severa da alma, com a obliteração de seus anseios naturais de realização e expansão de si. Toda vez que um ser humano reprime seus ímpetos espirituais de progresso, sufocando seu elã vocacional, relegando a esquecimento as mais lídimas expressões de seus sentimentos (no que diz respeito a relacionamentos interpessoais), estará se candidatando, a curto ou médio prazo, a desdobrar algum dos nível de depressão, os mais leves sequer diagnosticáveis como “depressão clínica”. Assim, a fuga para vícios variados, distrações diversas e interesses fúteis pode dar vazão à energia psíquica da frustração, sem que se chegue a desenvolver, propriamente, o quadro médico-psicológico da depressão.

Retornando à associação que fizemos acima, entre depressão e desânimo, gostaríamos de nos reportar às origens etimológicas da palavra desânimo, proveniente do verbete latino “anima”, que significa: alma. Assim, o desanimado estaria desconectado da própria alma, da essência de si mesmo. Portanto, se alguém quiser debelar, em caráter profundo e definitivo, o seu quadro depressivo, embora possa, em casos mais graves, apelar para o recurso medicamentoso (psicofármacos antidepressivos, por prescrição psiquiátrica – sempre em caráter provisório e emergencial) e também possa fazer uso do concurso de psicoterapia apropriada a seu temperamento e definição religiofilosófica, deve, acima de tudo, conhecer-se em profundidade, e, com isso, descobrir que ordem de reclamos basilares de seu núcleo fundamental de ser estão sendo desprezados ou simplesmente não percebidos, a ponto de a mente começar a colapsar, na implosão psíquica da depressão psicológica. E, com todo respeito que nos merecem a Psiquiatria e as inúmeras escolas de Psicologia na Terra, não se erradicará de modo profundo e duradouro, um quadro severo de depressão, sem se remontar a questionamentos de natureza espiritual e religiosa. Que se descubra qual a própria vocação, no sentido profissional, familiar e social, mas que não se esqueça de Deus e da forma de contato com a Divindade que o indivíduo deverá descobrir ou criar, para se realinhar com o sentido pessoal de paz e bem-aventurança.

Atualmente, a neuroteologia, braço novo das neurociências, tem considerado a atividade religiosa, mística ou espiritual, como uma necessidade neurofisiológica do ser humano, havendo regiões específicas da fisiologia e mesmo da estrutura cerebral para a vivência do espiritual, bem denotando como o ser humano não será completo negligenciando esse capítulo constitutivo de sua própria natureza.

A frequência assídua, ao menos semanal, a um culto religioso do próprio agrado, conforme predileções psicológicas e inclinações ideológicas ou culturais, deve ser transformada em hábito, de parte ao seguimento impreterível de uma disciplina diária de contato direto com Deus, pela forma preferencial da criatura, seja a meditação, seja a oração, seja uma cambiante entre as duas técnicas de comunhão com o Divino – o que achamos mais sensato, para o homem e a mulher modernos.

Por fim, que cada um procure descobrir uma forma de serviço ao próximo que lhe dê sentido a viver, seja associando tal espírito de solidariedade às próprias obrigações profissionais, exercendo atividades remuneradas com amor e desejo sincero de ser útil e ajudar, seja na vivência mais intensa e genuína dos laços afetivos com os entes amados, seja numa atividade voluntária, não-remunerada, caracterizando o que se pode chamar, tecnicamente, de “prática da caridade”. Vocação sem espírito de serviço é fantasia para os delírios narcísicos do ego, nada tendo a ver com a verdadeira expressão da Vontade de Deus, que sempre se manifesta através de sentimentos de amor ao próximo, do dever de servir, cuidar e amar os semelhantes, próximos ou distantes, amados ou desconhecidos.

(Diálogo travado em 28 de setembro de 2004.)

(*) Melhor seria que disséssemos “consulta” e não “diálogo”, já que não houve desdobramento de raciocínios, no intercâmbio e interpenetração de ideias entre consultor e consultado, típico ao sistema dialético de pensamento; apenas tendo feito uma pergunta e Eugênia simplesmente tivesse discorrido sobre a temática sugerida. Preferimos manter esse título, porém, para incluir esse texto na categoria das mensagens provocadas abertamente à mentora espiritual e seus outros amigos do outro plano de vida.

(Nota do Médium)