Benjamin Teixeira de Aguiar
pelo Espírito EUGÊNIA.
É provável que você atribua a terceiros ou situações externas problemas que, em última análise, provenham d’outra(s) origem(ns): influências infelizes de agentes humanos despojados de corpos físicos, ou meras emanações mentais de encarnados, ou ainda ingerências de “mentes grupais”, senão mesmo de “arquétipos” de diversa ordem.
Se, um dia, você resolver as questões a que atribui a culpa pelo seu mal-estar, pelo seu sentimento de desvalia ou derrota pessoal, poderá notar o acerto de nossa assertiva. A mente humana é mais complexa do que parece, mesmo aos seus acurados observadores.
Se quer ser útil ao bem comum, lembre-se disso: você pode ser médium – talvez apenas não o perceba. E, em acepção ampla, necessariamente o é, porque todos vivemos imersos num oceano de ondas mentais que se interpenetram e se interinfluenciam, cabendo-nos discernir faixas de consciência e definir o diapasão preferencial de nossa sintonia.
Não aludimos a ser médium no sentido de realizar prodígios publicamente, para engalanar-se de uma imagem de poder que não pode ser buscada na atividade espiritual (e, em última análise, não o deveria em nenhuma outra), nem muito menos para se converter em mártir ou santo(a), da noite para o dia.
Você nem mesmo precisa estar atrelado(a) ao movimento espírita, porque o movimento espírita é o que os homens de uma época e lugar fazem das ideias e realidades intemporais que Kardec, ao seu modo humano, codificou no século XIX, afirmando, desde então, que deveriam ocorrer, conforme ditassem as necessidades e avanços do conhecimento da humanidade, constantes atualizações dos princípios que deduziu do estudo do material produzido por dezenas de médiuns. Da mesma sorte, não precisa se filiar a igrejas cristãs convencionais, porquanto Jesus instituiu uma Igreja Mística sobre seus Apóstolos, personificados em Simão Pedro, como a dizer que a “pedra” que constituiria a sua Escola-Templo jamais seria edificada com pedras, no sentido literal, mas sim com pessoas-alicerces, indivíduos que sinceramente buscassem o alinhamento com a Linha Crística de Pensamento e Sentimento.
Com esta nossa proposição, também não compreenda mediunidade como algo extraordinário, recordando-se de figuras legendárias, quais Moisés e Chico Xavier. Você não está sendo convidado(a) a fazer espetáculos paranormais, ante a multidão, e sim a desdobrar a grandeza d’alma, portas adentro de seu coração.
Por outro lado, o fenômeno que se processará por seu intermédio não será de mero psiquismo prático, com fito de viver um novo diletantismo ou satisfazer uma curiosidade vã, mas sim de algo profundo: a metamorfose de estruturas psicológicas, por meio da interação com fragmentos de conceitos e emoções, seus ou de forças exteriores à sua personalidade, a serem postos na rota de um padrão mais nobre de manifestação, de valores, de propósitos.
A inspiração e a intuição, como janelas de entrada e saída de informações, bem como o bom senso e o espírito fraterno, quais balizadores de toda ação, far-se-ão suas ferramentas nesta gleba sagrada para a semeadura do bem, neste âmbito vastíssimo da atuação humana.
A palavra de bom ânimo a um colega de trabalho devastado por crises domésticas.
O conforto material a quem segue na penúria, após a indicação de meios práticos a que o(a) beneficiário(a) inicie sua saída da condição de miserabilidade no campo material de vida.
A educação ofertada, sem afetações, a quantos cruzem seu caminho, se possível de modo que sequer o(a) receptor(a) da lição perceba estar sendo orientado(a).
A caridade da prece (silenciosa) em locais públicos que sofram o torvelinho da perturbação espiritual, no confronto de interesses subalternos e inconfessáveis de encarnados e desencarnados.
O esforço constante de autoburilamento, para que melhor possa servir aos semelhantes, em todos os setores da própria existência.
Sim, é claro: talvez possa você receber, do Alto, a honra e misericórdia da oportunidade de participar de um agrupamento mediúnico bem conduzido e disciplinado, consoante parâmetros da Espiritualidade Maior – o que será pouco provável de acontecer, na Terra de hoje, pelo número mirrado dos grupos que se podem incluir nessa categoria. Todavia, pela sintonia do amor e da oração, motores espirituais estes ativados pela ação sistemática na realização do bem, dentro ou fora da própria intimidade, decerto que lhe será possível desdobrar maravilhas na vida daqueles com quem interaja, direta ou indiretamente, a começar da maior de todas as maravilhas: transformar a si mesmo(a), para a faixa de sabedoria, haurindo, para o próprio coração, o Hausto Divino da paz e da felicidade.
(Texto recebido em 24 de julho de 2012.)
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