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Benjamin Teixeira de Aguiar
pelo Espírito EUGÊNIA.

Perdoe, querido(a) amigo(a):

Se você está apenas na média evolutiva ou avançou um pouco mais além dela, em relação aos humanos encarnados na Terra, já passou por experiências amargas, que o(a) habilitam à prática do perdão e mesmo lha exigem – a bem de sua saúde física, psicológica e espiritual.

Obviamente que existem os processos delusórios de autovitimização (de gente que se sente vítima tendo sido algoz), e nem nos é lícito agir passivamente, acomodando-nos a convenções ou à conveniência de personalidades abusadoras – o que configuraria postura irresponsável em relação a nós próprios e a outros(as) que estejam no nosso raio de influência pessoal. Todavia, após termos tido a coragem de, por exemplo, romper com os laços que nos prendiam a processos de manipulação insustentáveis, ou, doutro modo mais sutil: depois de havermos deixado tais antigos afetos partirem por si mesmos (quando sabíamos como persuadi-los a ficarem perto de nós), a mágoa ou o rancor são não apenas contraproducentes (porque nos punimos enquanto já nos sentimos lesados), mas também ilógicos, visto que o ressentimento traz de volta, pelos circuitos da imaginação e da memória, as presenças perturbadoras de que nos livráramos.

Não espere que o(a) compreendam. Se essas criaturas estão abaixo de você, no plano do desenvolvimento da inteligência e, mormente, no campo dos sentimentos, não adiantará tentar convencê-las das escolhas infelizes que tomam para si: pensarão que o(a) ouvem; contudo, em verdade, estarão filtrando tudo que lhes chega aos ouvidos, pelos critérios refratários de defesa de seus egos primitivos ou pouco refinados, desejosos de arrebentar com os compromissos sérios que você simbolizava para elas, compromissos que, muitas vezes, assumiram antes da reencarnação, como abençoadíssima e rara oportunidade de se ressarcirem por antigos desvios e de se compensarem, ante a Contabilidade Cósmica, fazendo um bem maior, em comunhão de esforços com sua pessoa.

Assim, havia daquelas almas aparentemente devotadas, que faziam sucessivos protestos de lealdade, amizade ou mesmo amor, prometendo-lhe auxílio eterno, e afastaram-se de você, sem sequer dar satisfações, obviamente sentindo-se cobertas de razões… razões que só podem ser delirantes ao conduzirem-nas à ingratidão. No entanto, reflita bem: para a sua ótica pessoal, para o seu bem-estar como indivíduo, não foi ótimo que assim procedessem? Trata-se, conforme disse certa feita um nobre Espírito quando encarnado na Terra – o cândido Chico Xavier, que tantas vezes padeceu semelhante provação –, de evento muito melhor do que a contingência de que essas mesmas pessoas houvessem partido de seus caminhos pela porta da desencarnação, pois que você seria levado(a) a idealizá-los e recordar-se-lhes do afeto que parecia duradouro e genuíno, com que não mais poderia contar no plano físico de vida.

De reversa maneira, elas foram frias, egoístas e injustas. Que maravilha! A saudade e a tristeza não têm muito espaço a comparecer em seu coração, nesse contexto de demolição da imagem tão superior (e equivocada) que fazia delas anteriormente. A decepção que você sofreu e, da parte delas, a estupidez, a calúnia e a crueldade com que agiram tranquilizam-lhe a consciência, porquanto não só o(a) fazem ver que ganhou em vez de perder, com a saída delas de seu circuito de amigos e amados, como ainda lhe evidenciam não haver motivo algum para nutrir qualquer ordem de culpa, se persistiu, por tanto tempo, em ofertar-lhes o melhor de si.

Enquanto isso – observe bem – você desfruta hoje da oportunidade de ser feliz com figuras de caráter muito mais nobre, que nunca imaginou poder contar perto de si, companheiros(as) que o(a) compensam e alegram, de maneira tal que jamais concebeu pudesse vivenciar. E se, em seu caso, ainda não percebe esses novos afetos, é provável que esteja preso(a) ao passado, lembrando-se dos que se foram, e que não merecem esse culto de lembrança, porque não se trata do bom culto à memória do amor, e sim de vício, masoquista e de autocomiseração – nada louváveis, maduros, muito menos espirituais. Se você padece desse sistema autossabotador, corrija essa imaturidade com firmeza, deslindando-se dela, a benefício próprio.

Sim, você se apieda sinceramente dos que desertaram de seus programas cármicos sagrados, deplorando o grande desperdício que constituiu o se afastarem de ideais e causas que lhes preencheriam as existências de significado e alegria… No entanto, é assim que os espíritos – encarnados ou desencarnados – desencaminham-se: sendo seduzidos, a pouco e pouco, por pensamentos e sentimentos que lhes são injetados, por agentes externos (amiúde), mas a que dão guarida por defecções e inclinações menos felizes em si mesmos, até que, um dia, sentem-se de todo convencidos de teses mirabolantes, que os propelem para fora da rota da felicidade que desfrutavam, pugnando continuamente, de modo consciente ou inconsciente, por desfigurar o passado venturoso que viveram (ao seu lado), lutando por esquecê-lo e/ou depreciá-lo, com argumentos bizarros, a fim de não sentirem a culpa que os dilaceraria muito mais, a qual, porém, em nível profundo, inconsciente, age constantemente, tornando miseráveis e vazias suas vidas, em vários sentidos.

Agora, portanto, é hora de exercitar essa maravilhosa virtude autocurativa, libertadora, felicitadora do esquecimento completo das ofensas, por mais graves tenham sido. Internamente, libere os que o(a) maltrataram, com o desejo de que sejam felizes, ainda que esteja convicto(a) de que não há como encontrarem uma trilha de ventura, pelas veredas escabrosas que tomaram. Isso, entrementes, não é assunto seu, e sim da consciência e livre-arbítrio deles. O melhor que pode fazer por eles é lhes desejar o melhor, entregá-los em prece a Deus e concentrar-se – como, felizmente, é o seu padrão habitual – nos afetos melhores com que a Divina Bondade engalanou as sendas de seu trajeto de realizações e paz, sempre pródiga como é a Misericórdia Celeste, sobremaneira com aqueles(as) que se devotam ao bem de seus semelhantes, esclarecendo-os e confortando-os, quanto está em seu alcance.

Só há uma circunstância, entretanto, que não propiciará a aplicação do que lhe dizemos: se o(a) injusto(a) ou ingrato(a) foi você e não os(as) que vê como vilões(ãs). Então, cabe-lhe procurá-los(as) e lhes pedir desculpas, emendar seus passos, corrigir a direção que confere a seu destino, refazer elos de compromissos rompidos, tentar reaver o tempo perdido, tornando a realizar o bem que foi suspenso, efetivando um bem maior ainda, ou com mais qualidade, sentimento e autenticidade.

No fundo de sua consciência, você tem como saber se quem cometeu o erro maior foi você mesmo(a) ou os(as) que estão na outra ponta da pendência que mais o(a) aturde. Sobre isso, gostaríamos de apresentar um paradigma novo de avaliação de conflitos interpessoais, que lhe facilitará a compreensão mais isenta e segura do que se passou.

Há, na Terra, pessoas viciadas em pedir desculpas, assumindo mais responsabilidades sobre si do que deveriam, e existem, em contrapartida, aquelas que nunca se julgam em ocasião de pedir perdão, infantilmente atribuindo a terceiros e não às próprias decisões e omissões os males que lhes acontecem. Conquanto mais comuns sejam estas últimas, por ser mais fácil o orgulho de se supor sempre certo(a), e raras sejam as que encontram o ponto de equilíbrio entre os extremos, procure ver a qual dos dois grupos você pertence, e lhe será fácil concluir que papel desempenhou no drama vivido: se de “mocinho(a)” ou “bandido(a)”, por mais soe, em primeiro exame, maniqueísta e simplória essa visão – são aparentemente simplistas, mas reveladores e profundos em suas implicações, os parâmetros emocionais, e, por isso mesmo, em sua maior parte, inconscientes, que governam a vida dos seres humanos no planeta, bem retratados em mitos, contos de fada e histórias infantis de um modo geral.

Se você consumiu anos desculpando-se por ser honesto(a), embora em tom de indignação – que considerava e poderia até, em certo sentido, ter vazado de maneira mais severa que o necessário: você é humano(a) –, pedindo perdão por falar, de forma incisiva ou suave (pouco importa), o que um(a) bom (boa) professor(a) deve dizer a pupilos confiados, pelas Forças da Vida, à sua responsabilidade, provavelmente havia, em torno de seus passos, indivíduos viciados em presumir que você estava sempre errado(a), inobstante aceitassem “generosamente” seu pedido de desculpas frequente.

Quando, em determinado momento de seu processo de autodescoberta, você mudou a antiga e deturpada atitude (mesmo que bem-intencionada, porque logo debelava os conflitos) de sempre assumir a culpa pelo que ocorria, no gesto altamente simbólico e no ritual perverso de pedir desculpas a quem estava abaixo de seu nível de compreensão da vida, então… as máscaras de amizade e bondade caíram, deixando surgir, ante seus olhos atônitos, as personalidades caprichosas, mimadas e egocêntricas que desconhecia em seus afetos, incapazes de enxergar um palmo além do interesse pessoal imediato, e, é claro, sem condições quaisquer de divisarem a sinceridade de seus propósitos humanitários, que passaram a ver como fraude e/ou loucura e não como virtude, já que elas mesmas vivem de aparências. Casando, ainda mais, a hipocrisia à presunção, não admitem que você possa ser diferente delas e, muito menos, mais adiantado(a) ou acertado(a) nas escolhas de vida, bolotas de gente que são, atacando o que havia de mais sagrado em seu coração envelhecido e cansado, devotado ao bem comum.

Liberte-as, amigo(a), portas adentro de sua alma bondosa. Você merece a felicidade que já desfruta. Faça-o plenamente, para que completa seja sua ventura. Como asseverou Jesus: “Vim para que todos tenham vida e vida em plenitude”. Que essa abundância de felicidade transborde de seu espírito varonil, despejando-se sobre centenas, milhares de outros, libertando-os, igualmente, de suas injustas tramas de culpa e amargura, espalhando a “epidemia” de felicidade, sabedoria e amor que foi fadado(a) a disseminar, no percurso de sua preciosa jornada de vida atual, no domínio físico de existência.

(Texto recebido em 3 de fevereiro de 2013.)