Benjamin Teixeira,
em diálogo com o espírito
Eugênia.

Liberando a criança interior, a fim de que ela nos aponte os rumos para o Self, o arquétipo da totalidade (princípio exarado por Jung), senti o impulso de registrar que hoje é dia 8 de 8 de 8 (08/08/2008). O espírito lúdico do arquétipo da criança nos conduz à totalidade psicológica, por meio de seus conteúdos implicados, simbólicos. O oito, por exemplo, costuma representar, para uma visão numerológica livre, “realização”; a trindade, por sua vez, perfeição. Podemos, assim, entender, que estamos sendo exortados, coletivamente, a “per-fazer” (o prefixo “per”, do latim, significando “completamente”, que adicionado ao verbo fazer daria um: “fazer completamente alguma coisa”) nossos esforços de realização, tanto no sentido das transformações da plana interna, intramuros de nosso psiquismo, quanto no âmbito externo, da materialização de nossos ideais, no campo da vida prática.

(Percebendo estacar o fluxo da inspiração, resolvi-me por consultar a mestra desencarnada, que me pedira redigisse um artigo a ser publicado no nosso sítio eletrônico, neste sábado:)

(Benjamin) – Eugênia, você propôs que eu escrevesse algo, livremente. Mas estaquei por aqui. Não acho que deva prolongar o assunto, nem me sinto impelido a aprofundá-lo. Você quer sugerir alguma coisa, complementá-lo, comentá-lo – o que seja?

(Eugênia) – Sim, o amigo verificou o simbolismo subjacente ao conteúdo dos sonhos, retratado de modo externalizado, no campo igualmente simbólico da vida “externa”. É importante que as pessoas compreendam estar mergulhadas num universo de significados, e que, com atenção, poderão ler mensagens cifradas do Divino, em toda parte. Como disse Tales de Mileto, “todas as coisas estão repletas de deuses”… e deusas, parafrasearíamos, pela conotação machista do vernáculo lusofônico.

(Benjamin) – Para muitas pessoas, essa perspectiva parece ou supersticiosa e primitiva demais, ou, por outro lado, próxima aos delírios esquizóides. Teria algo a dizer sobre isso?

(Eugênia) – Sim, porque, em parte, estas duas visões críticas são acertadas. Há pessoas que pecam por excesso de misticismo, e se esquecem da importância de filtrar – fazendo uso, sobremaneira, dos critérios da razão, da intuição e do bom senso – as informações que lhes chegam, em magotes acachapantes. Mentes pouco treinadas ou subdesenvolvidas tendem, de fato, a esta ordem de processamento primário e não-discriminatório de dados, caindo num turbilhão de misticismo barato (*1), com isso perdendo o domínio sobre o fluxo do pensamento e, por conseguinte, das próprias escolhas de vida. No outro extremo do espectro, encontramos aqueles que se perderam num fervilhar intenso e desconexo do psiquismo, degringolando o dinamismo do funcionamento mental, para o caos da dissociação de idéias e da perda do senso de realidade, propósito existencial e mesmo identidade psicológica. Em contraste a uma quanto à outra hipótese, destrutivas, deste prisma de observação subjetivo (digamos) do mundo, existe uma contraparte superior, a elas muito semelhante, mas que, de reversa maneira à sua feição negativa, mostra-se altamente construtiva, elucidativa, criativa, transformadora. Enquanto, nas duas outras alternativas etiológicas para a visão perspectiva “mística” (na acepção pejorativa do termo) de mundo, há primarismo de um lado e disfunção mental de outro; no domínio das experiências transpessoais, todavia, existe um perceber, processar, associar e criar idéias, valores, finalidade e conexão de dados bem acima dos padrões alcançáveis, pelo nível médio de operacionalidade intelectual do ser humano normal encarnado no globo dos dias de hoje. Em suma, são três as razões, métodos e níveis de consciência, para se observar o mundo, da ótica que propusemos: primitivismo, distúrbio mental ou genialidade (fazendo uso do verbete, aqui, de modo livre) – o prezado leitor escolhe a que mais lhe aprouver ou mais lhe parecer sensata.

(Benjamin) – Agradecido, Eugênia. Deseja falar algo mais sobre o assunto?

(Eugênia) – Não.

(Benjamin) – Posso aditar alguns quesitos que me bailam à mente, em comentário ao que nos disse? em caráter didático, de maneira a ilustrar melhor, para os nossos leitores, o que acredito ter você pretendido dizer em tão intrincada temática?

(Eugênia) – Sim, à vontade.

(Benjamin) – Corrija-me, então, em qualquer impropriedade minha, por favor. Quanto às três possibilidades cognitivas – não sei se posso assim me exprimir – que dariam lastro ou constituiriam o pano de fundo para a forma de abordagem integrada, holística do mundo, três questões vejo:

1) Você propôs um nível superior de inteligir a realidade: a percepção multidimensional, polimórfica e interligada de ângulos de observação, que muito bem condiz com a ótica tanto da Física Quântica, quanto do denominado “novo paradigma das Ciências”, o “Paradigma Holográfico”, bem como ainda corresponde à perspectiva globalizante e aberta de pensar da era da internet, em que as pessoas se educam a raciocinar de modo aberto, conectando assuntos, abrindo tópicos, dentro de tópicos, e assim sucessivamente, no ballet místico e enriquecedor da navegação, na rede mundial de computadores.

2) Lembrei-me da classificação do processar mental, quanto à patologia, “medianidade” e transcendência em que se manifeste, com radicais de origem grega: paranóia, ortonóia, metanóia; e d’aquel’outra, de veia latina: normalidade, anormalidade, paranormalidade (a que poderíamos adicionar “metanormalidade”). Sei que você não se referiu a isso, propriamente, mas foi inevitável rememorar.

3) Por fim, recordei-me da visão hegeliana das espirais evolutivas dialéticas: com teses sendo contrapostas por antíteses, de molde a se “conciliarem” ou se “fundirem”, em sínteses, que constituem uma resultante sinóptica da absorção dos aspectos construtivos melhores das duas fases anteriores, numa espécie de movimento circular, que faz o retorno à sua origem, em nível, contudo, mais alto de expressão. Assim, quando você mencionou que uma mente primitiva ou doente pode ter traços de semelhança com a superioridade de um psiquismo avançado, reportou-me imediatamente a este mecanismo, tanto é que notamos, no gênio, a racionalidade do elaborar médio da mente humana, mas com toques de “delírio” imaginativo, criativo ou metaconsciente, que leva o indivíduo portador de faculdades superiores de inteligência a divisar uma como que “transracionalidade”, uma razão além do patamar superficial da obviedade cotidiana.

Você concorda com minhas colocações, deseja acrescentar, corrigir – o que seja?

(Eugênia) – Aquiesço, agradeço a complementação; nada a corrigir.

(Benjamin) – (Risos) “Complementação”??? Francamente, Eugênia!… Tenho a nítida impressão de que “cobri pontinhos”, em vez de haver “complementado”. Agradecer a complementação… não acho apropriado – permita-me a ousadia. Não tive intenção de completar sua fala, mesmo porque não posso: só quis dissecar mais o tema ou desdobrá-lo, para facilitar e ilustrar o entendimento dos leitores, em função da complexidade do assunto.

(Eugênia) – A função do mestre não é dar respostas, mas provocar o raciocínio e a lucidez do aprendiz. Lembremos do mestre Sócrates e sua maiêutica. Ser heurístico é um princípio-dever de todo bom educador. Posso agradecer, sim, porque, na condição de discípulo, poder-lhe-ia caber o silêncio, o comentário incompleto, a reflexão obtusa ou mesmo a inferência equivocada. Sua reação complementar, sim, aos meus dizeres, denunciou-lhe a condição, neste momento, mais de colega de trabalho que de aluno, em vista do pleno acerto das colocações. Posso, portanto, me pronunciar desta forma.

(Benjamin) – Não vou publicar este parágrafo.

(Eugênia) – Será sempre livre para fazer ou não fazer o que quiser. No que tange a este particular, cabe destacar, entrementes, que estará incorrendo no erro de “falta de humildade” ou, pelo menos, de perda do exercício da verdadeira humildade, como postulado no nosso diálogo sobre o tema (*2), recentemente trazido a lume, neste nosso sítio eletrônico. Não vejo motivo para se constranger com o dizê-lo companheiro de serviço. Ambos somos professores de Espiritualidade e Psicologia, não importando diferenças de níveis que existam entre nossas abordagens.

(Benjamin) – Compreendo, Eugênia… e agradecido pela postura pós-vanguardista – se é que assim posso me expressar –, que nos faz caírem os véus das ilusões e nos indica o caminho da verdadeira consciência.

(Eugênia) – Mais uma vez, não faço, com isso, mais que cumprir a função de mestra.

(Diálogo travado em 8 de agosto de 2008. Revisão de Delano Mothé.)

(*1) Denominado, tecnicamente, em psicologia, de “pensamento mágico”, peculiar a determinada fase do desenvolvimento psicológico infantil.
(Nota da Autora Espiritual.)

(*2) “Diálogo sobre Humildade”, publicado em 28 de julho do corrente ano.
(Nota do Médium)

Convite:

Das SÍNDROMES à FELICIDADE.

Complexo de Cinderela, nas mulheres; Síndrome de Peter Pan, nos homens; a história dramática de uma mulher visionária, que tudo fez por salvar seu filho e seu marido; a intrincadíssima jornada psíquica de iluminação do Buda. Quatro impressionantes ilustrações cinematográficas, numa mistura, a dizer por baixo, excêntrica, com um resultado, no mínimo, brilhante, respaldando, com humor e profundidade, uma fórmula realista de busca da felicidade, conforme a Espiritualidade Sublime sugeriu a Benjamin Teixeira fosse constituída a programática para a palestra do próximo domingo, 10 de agosto, às 19h30 (passes a partir de 18h50), no “Mega Espaço”, Rua Nossa Senhora das Dores, 588. Evento beneficente, a levantar fundos para o programa Salto Quântico, que transmite, gratuitamente, para todo o país, em rede nacional de TV (CNT, 15h30 de sábados), a salvadora mensagem da Espiritualidade. Informações: 3041-4405.

Equipe Salto Quântico.