Benjamin Teixeira
e o espírito
Eugênia.


Na reunião mediúnica de que faço parte, fui tragado para um ponto distante, acima do Globo, e ouvi uma Voz masculina, que transmitia tanto mansuetude quanto firmeza, a me dizer:

“Há uma crença ‘fanatizante’, nos meios espíritas, perigoso vício ‘castrante’, proveniente de uma turba de gênios tenebrosos – denominados, na nomenclatura kardecista, ‘pseudo-sábios’ –, que a injetam, coletiva e individualmente, em grupos, médiuns, ‘doutrinadores’ e escritores espiritistas (em uma palavra, na própria terminologia da área): ‘animismo’. Existe a pressuposição de que este ‘fantasma’ do inconsciente interfira mais do que de fato o faz, em comunicações mediúnicas, transmitidas por médiuns sérios, bem-intencionados e bem-educados moral e psicologicamente.”

Efetivamente, apesar de sabermos que nenhum médium recebe responsabilidades de maior vulto antes de quinze anos ininterruptos de atividade (Emmanuel alude, sutilmente, a isso, quando faz referência ao tempo demandado por um jovem para percorrer toda a vida estudantil, até a conclusão do nível superior), ou trinta anos, para que atinja a maturidade de suas funções (no parecer de nossa amável mestra Eugênia), importa considerar que, de um modo geral, informações relevantes ou alertas urgentes podem chegar à dimensão física de vida, através de médiuns não-educados ou mesmo de indivíduos que não sejam dotados de mediunidade ostensiva, mas que, por via inspirativa, mediante os canais da intuição ou da “voz da consciência”, permitam-se receber a orientação do Plano Sublime, ainda que não se dêem conta da procedência espiritual de sua “impressão íntima”, exatamente por não serem médiuns ostensivos (qualquer pessoa pode canalizar a Esfera Superior de Vida, por este meio).

Estava apenas acompanhado do amigo Delano Mothé, revisor do Salto Quântico, quando, à hora de nosso primeiro Culto do Evangelho do dia, ouvi a voz do espírito Eugênia dizer-me:

“Abra a página 327 do livro ‘Caminho, Verdade e Vida’.”

Sendo uma das obras que já estavam aprestadas, sobre a mesa, para a realização de nosso culto, tomei do tomo indicado, e, abrindo-o, deparamo-nos com o artigo intitulado “Intuição” (do preclaro mestre espiritual Emmanuel), de que extraímos o excerto logo abaixo – embora merecendo uma leitura integral, pelo que remetemos o prezado leitor a fazê-lo.

“Não são fundamentalmente necessárias as grandes manifestações fenomênicas da mediunidade para que se estabeleçam movimentos de intercâmbio entre os planos visível e invisível.
Todas as noções que dignificam a vida humana vieram da esfera superior. E essas idéias nobilitantes não se produziram por vontade de homem algum, porque os raciocínios propriamente terrestres sempre se inclinam para a materialidade em seu arraigado egoísmo.”

Não menos digna de nota, a própria passagem do Novo Testamento, escolhida pelo respeitabilíssimo professor do Domínio Excelso, para ilustrar suas reflexões, figurando como frontispício de seu trabalho, respigada da Segunda Carta de Pedro à Cristandade, versículo 21, razão por que julgamos apropriado publicá-la, igualmente:

“Porque jamais uma profecia foi proferida por efeito de uma vontade humana. Homens inspirados pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus.”

Terminado o nosso culto, e após nos deliciarmos com breves comentários sobre a sincronicidade temática e o cuidado de nossa adorável Eugênia em nos instruir, solicitou-me a própria mestra o concurso para a psicografia, desejosa que estava de registrar alguns apontamentos, em torno do tema por ela selecionado previamente. Um pouco atordoado com a limitação de tempo – a tarde e noite abarrotadas com compromissos emendados uns após outros, que incluíam um atendimento à distância, à 0h do dia seguinte –, pedi celeridade em me deixarem a sós e corri a me posicionar receptivo à insigne professora da Espiritualidade Superior, que escreveu:

Em qualquer atividade do gênero humano, cumpre considerar a presença universal da enxertia do Plano Sublime de Vida. Não fora a contínua interferência dos Representantes do Senhor Jesus e Sua Amantíssima Mãe Maria de Nazaré, na Terra, e as expressões profissionais, familiares, sociais (de todas as ordens), desde a taba dos primitivos à cúpula dos governos das nações mais influentes do orbe, inclinar-se-iam para a desagregação, a desordem, a decadência e a consumpção total.

Não obstante tal declaração, cabe-nos destacar, para não propiciarmos, involuntariamente, aplicação indevida de nossas palavras, a visceral relevância do cuidado com os trabalhos mediúnicos propriamente ditos, assim não fomentando leviandade e irresponsabilidade na função gravíssima de canais da Espiritualidade Maior, que algumas pessoas apresentem como missão de vida. Médiuns não se devem identificar publicamente, nesta condição de embaixadores das Vozes do Plano Imortal, em proporções de responsabilidade significativa ante o vulgo, sem que antes hajam corporificado, em sua vida íntima, segurança no discernimento entre o que provém das estruturas anímicas – ou seja: de seu próprio inconsciente – e o que concerne verdadeiramente àquel’outras manifestações, promanadas de Inteligências desencarnadas.

Além deste tópico, adite-se que, de modo igualmente obrigatório, não se pode prescindir da distinção, muito clara, da origem, em termos de freqüência espiritual, das sugestões “sopradas” por via psíquica. N’outros termos: o médium, em tarefas de maior extensão, deverá reconhecer o nível de evolução intelecto-moral da entidade comunicante e lhe devassar as intenções ocultas, de molde a passar adiante tão-só os ditados que dimanem das Faixas Superiores de Vida, e que, por conseguinte, tenham finalidade necessariamente construtiva, educativa e pacificante.

Nas atividades, entrementes, do dia-a-dia, no intercurso íntimo, entre companheiros de atividade profissional, correligionários de religião ou partido político, colegas de desporto ou lazer, ou – talvez mormente – ante os componentes da parentela biológica ou aqueles com quem se convive, no reduto doméstico, na condição de integrantes de um mesmo núcleo familiar, deve-se fazer uso das faculdades inspirativas ou intuitivas, sem muito escrúpulo. A boa vontade, o desejo de ser útil e servir santamente, em nome de Deus, são suficientes, desde que sob o critério rigoroso do bom senso e da razão, para que se possam canalizar, com muito proveito, os padrões de idéia e sentimento daqueles que, de Altiplanos da Espiritualidade Amiga, revestem-se da função de guias espirituais ou anjos da guarda dos que são alcançados pelos alvitres do bem comunicados.

Destarte, a fim de que potencialize esta sua aptidão a se fazer um Instrumento Vivo de Deus, na vida das pessoas com quem interagir, propomos-lhe que, antes de iniciar qualquer ocupação, em casa ou na via pública, coloque-se, em prece, mui rapidamente que seja, à disposição dos Enviados do Altíssimo (que lhe são invisíveis ao sensório físico), e, então, não importando a sua condição intelecto-moral – na forma convencional de se avaliarem, no mundo material, os títulos acadêmicos ou credenciais espirituais –, poderá você se fazer um lídimo Representante das Alturas, onde estiver, com quem estiver. E tornar-se canal de Deus, parte do Corpo Místico do Cristo, nos dizeres do Apóstolo Paulo (*1), sem dúvida, é das mais realizadoras funções que um ser humano pode assumir, em qualquer época e lugar.

Conforme disse Nosso Senhor Jesus, “brilhe a vossa luz” (*2). Faça, amigo, da luz de sua boa vontade e de seu desejo de servir ao bem-estar geral, uma filosofia de conduta constantemente aplicada aos seus dias, e lhe garantimos que não será possível, de pronto, dimensionar a extensão de benefícios que disseminará, pela sua passagem no mundo, dia após dia, ano após ano, num efeito dominó de bênçãos, nas existências de miríades de criaturas, que, somente desencarnado, terá você condições de apreender, de fato, em toda sua amplitude. Por fim, e talvez mais significativo, para sua motivação pessoal de ser humano falível e ainda muito regido, naturalmente, pelo egoísmo, as dádivas que você estiver espraiando em seu derredor ou por seu caminhar, onde for, retornarão em sua direção, ainda no transcurso da vida física que ora desfruta, em uma multiplicidade inacreditável de formas, como somente a Infinita Bondade de Deus poderia conceber, mobilizar e realizar.

(Texto redigido e recebido em 30 de abril de 2008. Revisão de Delano Mothé.)

(*1) Romanos, 12:5.

(*2) Mateus, 5:16.

A pedido da mestra espiritual Eugênia, tornamos ao sistema de publicação de mensagens, neste site, também nos dias não-úteis da semana. Domingo, já tivemos o primeiro artigo mediúnico disponibilizado, neste novo período. Você pode acessá-lo no íncone “Mensagens Anteriores”.
Benjamin Teixeira.