Benjamin Teixeira
pelo espírito
Anacleto.

Anacleto, como ser feliz e se confundir menos com os caminhos a tomar?

Conhecer mais a própria natureza, para que se possa saber quais são as necessidades reais de si.

Somente isso?

É necessário também estratégia, capacidade de concretizar objetivos e, principalmente, habilidade para fazer ajustes entre a realidade externa e a interna.

Isso é complexíssimo, embora pareça simples, à primeira vista.

Ninguém disse que a vida não é complexa.

Certo. Por que as pessoas se confundem tanto?

Pelo mesmo motivo: falta de auto-conhecimento. Então, confundem necessidades pessoais, reais, com necessidades introjetadas pela cultura, pela família, por amigos e colegas, por cônjuges.

Como se desligar dessas influências?

Conhecendo-se mais.

Resume-se tudo a isso?

“Homem, Conhece-te a ti mesmo”;
“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” – sim.

Existe alguma forma mais prática ou alguma sugestão do que fazer para realizar esse intento ousadíssimo e profundo?

Existem atalhos para se ter um doutorado?

Não.

Quem quer chegar longe deve caminhar muito. Vive-se a era das facilidades, e isso é um ilusão perigosa. Quem quer se conhecer terá que se estudar em profundidade, consultar especialistas, confrontar opiniões, ler muito, meditar, orar, e se enganar sempre nessa busca, até que galgue, mui paulatinamente, níveis maiores de domínio de si.

Isso desmotiva as pessoas a empreender essa busca.

Pior para elas. Porque sem essa busca, todas as demais iniciativas redundam infrutíferas, frustrantes e mesmo perigosas. Quem não se conhece está perdido e conduz à perdição incautos à sua volta, principalmente os entes mais queridos.

Isso não parece cruel?

A vida não é cruel. É o que é. A dor, a necessidade e a dificuldade existem para que os indivíduos busquem se desenvolver. Quem tem preguiça, não apareça com argumentos de menor-esforço, mascarados de convicções em torno do Amor Divino. O Amor Divino é tão grande que permite que cada um sofra as conseqüências de sua própria incúria, inépcia e insensibilidade, para que as supere.

Algo mais a dizer sobre isso?

Não.

(Diálogo mediúnico travado em 14 de março de 2004.)