Várias Opiniões sobre Homossexualidade.
(Nova Assembleia – 05.)
Benjamin Teixeira,
por diversos espíritos.
Há um percentual observável em cada contingente demográfico, de indivíduos homossexuais, seja na própria espécie humana, seja nas diversas espécies de mamíferos. Logo, existe uma razão evolucional para tanto. Na medida em que estamos com grave e perigoso boom populacional, que põe em risco a saúde e sobrevivência do ecossistema da Terra, fica claro que aqueles que se candidatam à esterilidade introduzem-se, por isso só, na classe que soluciona o problema da salvação da civilização humana no orbe, por não estarem produzindo mais dispendiosos (para a Natureza) corpos consumidores de recursos naturais – os filhos que os heterossexuais costumam fazer questão de ter. Os héteros é que devem procurar reproduzir a posição menos reprodutiva dos gays, e não estes, os gays, ser condenados por se fazerem reprodutores menos hábeis da espécie: isso não é uma falha, na circunstância pré-apocalipse ecológico, mas uma grande virtude, talvez a maior de todas, porque implica a sobrevivência de todo o gênero humano no planeta.
Temístocles.
Jesus disse que o homem deveria deixar sua casa e seus pais (que o ser humano abdicasse do que é conveniente, convencional e tradicional), para unir-se a sua mulher (para se integrar à sua vocação de completude psicossexual, o pólo oposto que o complementa), a fim de, então, serem “não mais dois, mas uma só carne” (ou seja: um único corpo psíquico, uma única personalidade integrada e completa). E, dentro desta tarefa complexíssima de nos tornamos plenos, na androginia dos anjos, que são tão femininos quão masculinos, a homossexualidade, sem dúvida, é das mais facilitadoras experiências humanas neste sentido.
Brígida.
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Pallas Athena se tornou símbolo da sabedoria e da combatividade construtiva, para o Ocidente, e era gay. Tanto que seu nome, originalmente apenas Athena, tornou-se Pallas (nome de sua tão amada consorte), a pedido dela mesma (depois da morte de Pallas) a seu pai, Zeus, que era seu modelo de psique ideal, de modo a que, depois do decesso de sua companheira, trouxesse-a dentro de si, para sempre…
Os grandes filósofos da Antiguidade Clássica entretinham relações homossexuais, como é notório. Gênios inesquecíveis, como Leonardo da Vinci, Michelangelo, Adam Smith, Isaac Newton e Rimbaud, eram homossexuais, ao lado de Shakespeare, Napoleão Bonaparte, Alexandre, o Grande, Immanuel Kant e Francis Bacon… Entre os maiores nomes do generalato e patriciado de Roma Antiga, no ápice da glória do Império Romano (um nível civilizacional que, por mais de mil anos de Idade Média homofóbica, não se conseguiria igualar, quanto mais superar), a homossexualidade era tão comum, que surgiu a instituição da adoção, para dar cobertura civil e material aos amantes mais jovens de homens de prestígio e poder.
Pelo que a história nos revela, numa leitura fria e imparcial (só da parte publicável, porque há registros de parcerias misteriosas, aos magotes incontáveis, que se não podem afirmar homossexuais, de modo certo, para que não se seja leviano), talvez possamos especular que a homossexualidade seja uma condição humana que propicia a genialidade, a grandeza de realizações ou a glória da benemerência…
Seria preconceito às avessas o que faço? Se for tendenciosa esta minha opinião, como explicar o percentual impressionante de gays ilustres entre os maiores nomes das Artes, da Filosofia, da Ciência e do Estadismo (mesmo considerando o problema em se desvelar a intimidade de muitos deles, com biógrafos preocupados em ocultar-lhes a “fraqueza vergonhosa da carne”)?
Talvez devamos rever os conceitos da homofobia, revertendo-a. E, assim como campeonatos olímpicos progressivamente deixam clara a superioridade orgânica de negros sobre brancos (quando os quesitos força, velocidade e resistência estão em jogo), eu, como protetora da causa gay, afirmo, sem qualquer pudor, que vejo os homossexuais como uma classe de seres humanos que está entre a humanidade comum e aqueloutra, composta de gênios e anjos.
Eugênia.
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O Self constela todas as possibilidades da psique. Indubitavelmente, a homossexualidade constitui oportunidade de a personalidade se aproximar da totalidade, já que a preferência sexual é muito mais do que tão-somente o sexo da pessoa com quem se copula, portando intrincadas e profundas implicações, no campo das aptidões psíquicas, relacionadas aos dois pólos psicossexuais.
Ser gay, destarte, é uma experiência riquíssima para o processo da individuação, porquanto se é compelido a viver a contradição ou a complementação, a dúvida ou a completude, o conflito ou a inteireza do ser.
Sendo heterossexual, uma série de vivências psicológicas importantes para o amadurecimento emocional ficam dificultadas, porque se tende a ver o outro gênero exatamente assim: como “um outro” (o que cria significativas barreiras a se assimilarem os valores concernentes a este “outro”), conceito-qualificação este que é bem mais fácil se diluir, por razões óbvias de empatia, para os que transitam na interfusão dos dois pares de opostos piscossexuais: masculino e feminino.
Demétrius.
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Defesa em causa própria – muitos o dizem, quando veem um homossexual defendendo a causa gay, como se isso fosse o padrão, como se fosse fácil empreender qualquer ordem de militância em favor de minorias desfavorecidas, como se conhecer a tragédia de perto (e melhor seria não conhecê-la, para os que a vivem pessoalmente desde o berço) fosse algo que desautorizasse, em vez de autorizar mais ainda, alguém a falar sobre o assunto que o aflige.
Neste mundo de hipocrisias e de acomodação às conveniências, por sinal, o normal é não haver autenticidade nas criaturas, e não só não se defende a própria causa, como também – consequência bem natural da frustração e da inautenticidade – se perseguem aqueles que advogam o direito de se manifestarem qual realmente são e não como se espera que sejam.
É curioso, por outro lado, no quesito da homofobia, que os mais furibundos detratores do movimento de concessão de liberdades civis a homossexuais revelam (conforme qualquer psicólogo de almanaque afirmaria, sem pestanejar) sérios problemas na área da definição sexual, o que os propele a tentar converter o mundo à heterossexualidade (como se isso fosse necessário, já que é tão natural como a homossexualidade – e, para eles, mais natural ainda que esta), porque… não estão muito seguros do que são. Ou seja: os homófobos constituem uma das classes mais contraditórias de ser humano que se podem conceber.
O que um heterossexual pode temer de gays? Parece ridículo, mas vou dizer o óbvio: não somos concorrentes dos heterossexuais! Somente bissexuais podem ser postulados como matéria de disputa entre os dois grupos (risos), mas não vamos incluí-los neste debate, para não problematizar um assunto já tido como tão complexo – inobstante me ria demais, de algo tão natural ser visto como um “monstro de sete cabeças”. Isso mesmo: natural, porque a Ciência afirma que, seja por predisposições psicológicas ou por programação genética, ninguém se torna ou é induzido a se tornar homossexual.
Não havendo contágio gay (porque, se houvesse, não haveria gays na Terra, já que todos somos paridos por heterossexuais), a liberação homossexual apenas trabalha para aplacar, por exemplo, o vergonhoso cinismo de “pais de família” com vida gay oculta e promíscua, levando DST’s para as esposas, entre outras dissimulações patéticas, todas filhas diretíssimas da homofobia.
É isso que se consegue condenando-se 10% da humanidade à clandestinidade: os gays continuarão gays (porque não se modifica algo que é estrutural e não conjuntural na psique humana, como a preferência sexual), mas não sofrem sozinhos a perseguição doentia, incompreensível e injusta que padecem – levam consigo oceanos de esposas, maridos, prostitutos e crianças frustrados e doentes com o desequilíbrio de lares disfuncionais (de tanta infelicidade e tormento dos pais), no carreiro da insensibilidade que os menos fortes psicologicamente e maduros moralmente devolvem (o que é muito bem empregado) à sociedade homofóbica e hipócrita, em retribuição a seu ataque desumano ao segmento gay que a constitui.
Roberto Daniel.
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Quando é que a blasfêmia abominável de se confundir homossexualidade com vocação sacerdotal vai ser suspensa? Eu mesmo respondo: quando os heterossexuais que querem santos a seu serviço, e não homens e mulheres normais que fazem sua parte no campo do bem e indicam aos semelhantes o seu próprio caminho de autorredenção, pararem de esperar que os outros se sacrifiquem por seus interesses pessoais. Isto é: a morbidez da dissimulação em assunto tão sério, antes de chegar ao gay, que enlouqueceu na perseguição em casa, no colégio e na própria igreja, sendo visto como vergonha e motivo de escárnio em toda parte, tem início nas próprias comunidades que assim tratam e veem os homossexuais.
Vocação religiosa é algo deveras grave e sagrado. Há muitos religiosos sinceros que são gays. Mas, embora fosse isso mais comum no passado, expressiva parcela dos que se candidatam à “vida religiosa”, ainda hoje, fazem-no no desespero de ocultar, sob as vestes da respeitabilidade social, sua condição de desinteresse sexual pelo sexo oposto, disfarçando-o de celibato para fins nobres, espirituais.
Entre os desequilíbrios decorrentes desta violência que se perpetra contra si, há a celebérrima questão dos padres pedófilos, tão numerosos, que existem, há décadas, clínicas nos EUA especializadas exclusivamente em tratá-los, conquanto não se deva confundir pedofilia com homossexualidade reprimida, mesmo porque o maior percentual de abuso infantil continua sendo o que é levado a cabo por padrastos e pais biológicos contra enteadas e filhas indefesas, numa perfeita heterossexualidade desgovernada na lamentável e devastadora patologia sexual.
Homossexual é homossexual. Sacerdote é sacerdote. Sejamos autênticos, para que nos façamos coerentes.
Padre Gustavo Henrique.
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Há um ditado popular muito propalado pelo país, com variantes pequenas, que se configura mais ou menos nestes termos: “Pimenta nos olhos dos outros é colírio”. Um princípio psicológico acertadíssimo. A dor alheia costuma ser menoscabada, na mesma medida em que a própria é supervalorizada, por efeito da parcialidade inerente às funções do ego, sempre inclinado a se autopromover e a subestimar o valor do outro.
Assim, é comum que homens julguem não haver tanto machismo, como as mulheres o afirmam. O mesmo sentem brancos, em relação a negros que postulam por seus direitos, numa sociedade que visivelmente desfavorece, praticamente em todos os sentidos, os portadores de maior concentração de melanina na pele. Na modernidade, embora mais timidamente, em comparação com os dois exemplos típicos do vício do “não é bem assim: você está exagerando, porque tem um problema na área” (pelo óbvio do desacerto da assertiva neste caso), defensores da causa gay são vistos como cultores da hipérbole… até que apareça, a quem assim nos julga, um filho gay em casa, ou que a própria pessoa se veja desenvolvendo (seria mais correto, psicologicamente, dizer-se: descobrindo) tendências homossexuais em si. Logo, então, entram as racionalizações, as fugas e as projeções, para outros temas, do assunto que é, apenas e tão-somente: homofobia, pura e crua, abjeta e “descarada”.
Na trilha desta luta por criar uma realidade paralela que justifique o injustificável, o filho de 17 anos, envolvendo-se em namoro com um colega de 20, é tido como “menor abusado” – o que jamais se diria se o par se formasse por sexos opostos, ainda que a diferença de idade entre ambos fosse o dobro ou o triplo da aqui considerada.
Igualmente acontece com pessoas de destaque social ou proeminência de qualquer ordem, como professores, empresários abastados, homens públicos e psicólogos, que são apontados como “sedutores e aproveitadores de mentes mais influenciáveis ou de gente necessitada e fragilizada”, nesta mesma rota de argumentação hipócrita, quando se trata de homossexuais. Se a figura pública ou “de poder” se envolvesse com indivíduo do sexo oposto, a “vítima” seria imediatamente exalçada à categoria de “sortuda”, e os familiares “do(a) pobre coitado(a)”, que se mostravam revoltados e indignados com o “aliciamento” de seu ente “querido”, estariam orgulhosos e felizes de terem uma personalidade de destaque sendo agregada à família, por meio da relação HETEROSSEXUAL.
A mentira que se prega a si mesmo é a pior de todas. É disso que padece a maior parte dos homófobos da atualidade. Poucos são os que assumem abertamente sua ignorância e atraso, porque é exatamente isso que revela quem, com transparência e honestidade, em meios medianamente esclarecidos, condena a homossexualidade. Enquanto isso, os disfarces mal-ajambrados da homofobia continuam sendo utilizados, como se fosse possível esconder de qualquer criatura relativamente informada, hoje, algo tão óbvio como a homofobia.
Lidiane.
(Textos recebidos em 14 de setembro de 2009.)
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