Benjamin Teixeira pelo espírito Eugênia.

Você, que é jovem, aproveite com qualidade o tempo que tem. Antes do que imagina, a maturidade e a senectude chegarão, ciciando-lhe sinistros alertas de fim de linha. Os jovens costumam sofrer, na Terra, da lamentável ilusão de serem imortais no corpo. Ainda que julguem portar plena consciência de sua finitude orgânica, agem como se sempre houvesse tempo à frente, no veículo físico, e desperdiçam preciosas oportunidades, muitas irrecuperáveis, de fazer, ser, amar e se transformar, no curto espaço de uma existência no plano material.

Você, que está na meia-idade, não se entregue à amargura e ao remorso pelo tempo perdido nos verdes anos. Raríssimas criaturas passam pela juventude sem graves desperdícios de tempo. Além disso, normalmente não se pode fazer muito na mocidade, por falta de respaldo interior para tanto. Em vez de pensar no tempo perdido, considere meios inteligentes de se compensar no presente, fazendo mais e melhor, em menos tempo. A madureza é o apogeu da vida. Entre os 30 e os 60 anos, o ser humano tem a fase mais produtiva, criativa e fértil de sua existência. Nela conjugam-se, em boas doses, a força e a vitalidade da juventude com a experiência e a segurança que o tempo confere.

Você, que jornadeia na terceira idade, aqui considerando, livremente, todo o tempo que se estende a partir dos 60 anos de idade cronológica do corpo de carne, compreenda que está na fase de ouro de sua vida. Somente quem chega a essa idade, com lucidez e saúde, tem lucidez suficiente para as grandes visões do espírito. A velhice é o campo de prospecção da alma. Nela, não só se consolida a sabedoria arquivada em uma existência, como se têm introvisões importantes do futuro próximo e distante. Via de regra, ninguém está suficientemente abalizado para grandes responsabilidades, sem haver chegado ou estar próximo dessa idade. O governo dos povos, a condução das multidões, a liderança religiosa, artística e cultural devem, quanto possível, estar nas mãos de gente mais velha, temperada pelo tempo e pela vida. Claro que há jovens precocemente maduros, quanto velhos imbecis e superficiais. O corpo nem sempre retrata o espírito. Todavia, quase sempre, para a expressão plena das conquistas evolutivas da alma, faz-se mister um equipamento cerebral trabalhado por anos de atividade ininterrupta, favorecendo, assim, a canalização das sutilezas da alma para a brutalidade da matéria.

Esteja você em que idade for, cogite, seriamente, do aproveitamento do tempo. É ele o nosso maior juiz, tanto quanto a nossa maior dádiva, o mais precioso patrimônio que temos em mãos, para a realização de nossos projetos, para concretização de nossos ideais.

Não deixe para amanhã, no vício da procrastinação; nem relegue ao passado, no tormento do remorso pelo tempo perdido, o que pode fazer hoje. Faça agora, ainda que faça pouco, mas mantenha a feitura desse pouco, contínua, diariamente, e se surpreenderá com os efeitos dessa persistência. Para quem persevera, companheiros, recursos, inspiração e energia sempre surgem para a manifestação dos ideais divinos.

Não há tragédia maior que a perda do tempo, de oportunidades de fazer o bem para si e para os outros. Não perca o ensejo de fazer hoje tudo que considera essencial, desde uma declaração de amor ao cônjuge mergulhado na rotina de um casamento entediante, à primeira iniciativa na concretização de um antigo sonho. Ser feliz é possível em qualquer fase da vida. Para tanto, urge fazer-se prioridade máxima o bom aproveitamento das horas, a fim de que, na aplicação no bem, e na transformação do mal em maior estímulo e informação à prática do bem, logre-se chegar ao sentimento de plenitude, realização pessoal, felicidade e paz. (Texto recebido em 9 de outubro de 2001.)