Benjamin Teixeira
pelo espírito Lidiane.
A mediunidade é uma potência do psiquismo que funciona à moda dos reguladores de funções psicológicas, equilibrando ou favorecendo a homeostase no organismo mental, à guisa dos sonhos ou dos processos de intuição, tanto quanto de atividades artísticas ou lúdicas.
De acordo com o grau de profundidade de sua manifestação, entrementes, pode assumir contornos sublimes, levando o indivíduo a um nível de manifestação de si bem superior ao padrão que lhe é habitual, com o que o processamento da “individuação”, do “ser no mundo tornando-se mais o si mesmo gradativamente e de modo ajustado” é propiciado, com riqueza e praticidade. Em outras palavras – ainda fazendo uso dos conceitos e terminologia junguianos: a personalidade sensitiva pode ativar o Self, em seu contexto psíquico, no intercurso com agentes desencarnados que lhe forem superiores, em inteligência e sentimento.
“Mecanismos” catárticos, outrossim, à semelhança do psicodrama de Moreno (*1) ou da famigerada e banalizada TVP (Terapia de Vidas Passadas), podem ocorrer, seja porque a indução de personalidades desajustadas da dimensão extracorpórea de existência, em ressonância com o psiquismo mediúnico, desencadeia o processo anímico da extravasão de elementos daninhos do próprio inconsciente do médium, a necessitarem tratamento, transformação e reassimilação à sua psique total; seja porque, na manifestação direta de entidades perturbadoras, aspectos e conteúdos psíquicos do próprio medianeiro, de roldão, acabam sendo exteriorizados e tratados, em conjunto com os da inteligência desencarnada submetida à reunião mediúnica de desobsessão, por exemplo.
No dia a dia, a mediunidade se desborda de múltiplas formas, como temos visto a inspiração se dar com profissionais de todas as categorias, sobremaneira aqueles guindados a posição de maior responsabilidade, quais os que lidem com grandes massas de gente, na sua rotina de trabalho. E, no que tange ao mediunato, remetemos o prezado leitor ao artigo de nosso companheiro Gustavo Henrique a respeito do assunto, que nos dispensa maiores comentários, neste breve ensaio sobre a faculdade de intercurso medianímico do ser humano, na Terra (*2).
Por fim, aqueles que anseiam desenvolver capacidades psíquicas extraordinárias deveriam primeiramente se perguntar se já se conhecem a fundo, como um faquir indiano; se possuem domínio de meandros da psique humana, como um Ph.D. em Psicologia; e se portam controle sobre si mesmos, como um iluminado “avatar”. Se houver resposta negativa a qualquer uma destas interrogações viscerais, o candidato ou candidata à paranormalidade acentuada estar-se-á expondo a sérios riscos, completamente desnecessários, já que as percepções paranormais desencadeiam-se naturalmente, à medida que a maturidade psicológica chega ao indivíduo, ao tempo certo em que a gerência do “plus” informacional será perfeitamente administrável.
E como favorecer isso? Compreendendo que a oração e a prática do bem (na mais ampla acepção da expressão) constituem os pilares seguros em cima de que a ponte interdimensional da janela mediúnica na alma pode ser estruturada, sobre o mar revolto e perigosíssimo do insconsciente e da maldade humanos.
(Texto recebido em 18 de janeiro de 2009. Revisão de Delano Mothé.)
(*) Jacob Levy Moreno, médico romeno criador do Psicodrama e do Sociodrama.
(*2) “Disseminação de Mandatos Mediúnicos”, publicada no dia 8 de janeiro deste ano.
(Notas da Equipe Salto Quântico)