Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

“Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.”
Paulo (Romanos, 12:21)

“Para que estejamos libertos da baba sinistra do antigo dragão que trava o progresso da Humanidade, é indispensável guardemos paciência contra as suas investidas, procurando esquecê-lo, perdoá-lo e fazer-lhe o bem tanto quanto nos seja possível, porque o bem puro é a única força suscetível de desarmar-lhe as garras inconscientes.”
Emmanuel (Psicografia de Chico Xavier, em “Palavras de Vida Eterna”, capítulo 30)

 

Prezado companheiro de Ideal Cristão:

Neste dia, em que se comemora a abolição da escravatura, na pátria brasileira, em seu centésimo vigésimo ano de celebração da liberdade e da igualdade entre tipos étnicos (por mais haja ainda enormes injustiças sociais a serem dirimidas), cabe façamos uma reflexão especial, no quesito filosófico basilar do discernimento entre o bem e o mal e seus desdobramentos, sobre a conduta do ser humano e seus agrupamentos sociais. Dificilmente lograríamos encontrar temática que enseje, com tanto vigor e dramatismo, a questão da submissão e exploração do homem pelo próprio homem, senão nos reportando, em sua acepção mais literal e dantesca, ao clássico brocardo latino: “Homo homini lupus” – Homem: o lobo do próprio homem.

Na epopéia da peleja contra o mal:

Há quem redija preciosos e complexos compêndios – conquanto respeitáveis – a respeito de psicologia e ciência das relações humanas.

Existem aqueles cuja cátedra de Luz, nas pregações brilhantes da fé, jaz coberta de argumentos insofismáveis, em favor da transformação individual e coletiva da espécie.

Deparamo-nos, outrossim, com os amigos portadores de meritório empenho em servir o Cristo, mas apenas no culto religioso e em outros rituais da fé dogmática, sem trazer o espírito de serviço ao viveiro das experiências diárias, na interação com os irmãos em humanidade, onde se faria salvador, descendo do púlpito das abstrações espetaculares, para o resgate benemérito de inúmeras vidas potencialmente perdidas.

Todas essas iniciativas são louváveis e trazem, em certa medida, no seu bojo – embora não definitiva e profundamente –, algum efeito para o bem comum. Todavia, no que tange a revelarmos o fator de solução fundamental e duradouro, para a equação humana axial da superação do mal, substituído pela vivência plena do eterno bem, somente o descobriremos na convicção inabalável em um ideal humanitário, que se expresse em mobilizações de ação na bondade, na esperança, na espiritualidade (mesmo que não convencional). Tão-só com este vetor essencial da realização para o bem (próprio e/ou geral), poder-se-á vencer a força do mal, não mais como um combate infrutífero contra as trevas, mas como uma solução prática e efetiva para a escuridão, ao acender-se singelo ponto de luz, ainda que diminuto e bruxuleante.

(Texto psicografado em 13 de maio de 2008. Revisão de Delano Mothé.)