A Bela Adormecida
“Quando a princesa Aurora nasceu, o rei e a rainha fizeram uma festa para o seu batizado e convidaram todas as fadas do reino. Cada fada presenteou a princesa com um dom: beleza, bondade, alegria, inteligência e amor. De repente, apareceu a bruxa malévola, furiosa por não ter sido convidada para a festa. Disse para a rainha:
– Quando a princesa completar quinze anos espetará o dedo no fuso de uma roca e morrerá!
A fada Flora que ainda não havia dado o seu presente, conseguiu modificar o feitiço de malévola dizendo:
– A princesa não morrerá, dormirá um sono profundo até que o beijo de um príncipe a desperte.
O rei ordenou que todas as rocas do reino fossem destruídas. E pediu que as fadas protegessem a princesa. A princesa crescia feliz, cada vez mais bela e amorosa. No dia do seu aniversário de quinze anos ela resolveu dar um passeio sozinha. Andando pelo palácio, encontrou uma escada que a levava para a velha torre, subiu e lá encontrou uma roca. Aproximou-se curiosa e ao tocá-la, espetou seu dedo no fuso da roca e caiu num sono profundo. No mesmo instante todos no castelo adormeceram. Com o tempo uma imensa floresta cresceu ao redor do castelo. Muitos anos depois, um príncipe de um país vizinho que ouvira falar da história da Bela Adormecida, resolveu então encontrar este castelo. Corajoso, o príncipe atravessou a floresta e achou o castelo. Entrou, e espantado viu que todos dormiam, até os animais. Subiu a escada da torre e encontrou a princesa. Em uma cama de ouro, dormia a mais linda jovem que ele tinha visto. O príncipe ficou apaixonado e aproximou-se dela, beijou-a. No mesmo instante, a princesa aurora despertou e com ela todo o reino. Poucos dias depois, a princesa e o príncipe se casaram e foram felizes para sempre.”
A Bela Acordada.
por Benjamin Teixeira.
Uma das mais belas manifestações iconográficas femininas de nossa cultura ocidental moderna é a figura mitológica de “A Bela Adormecida”, dos universalmente conhecidos literatos alemães Irmãos Grimm, de sua publicação “Contos Infantis” (1812-1815), talvez uma das mais elaboradas e bem acabadas manifestações do “Complexo de Cinderela”, como cunhado pela famosa escritora feminista norte-americana Colette Dowling.
Algumas versões a apresentam como a transcrevemos acima, fazendo alusão aos seus 15 anos. Em outras, fazendo referência ao seu aniversário de 16 anos. E é em considerando essa versão que aqui aproveitaremos para associarmos aos 16 anos que o Projeto Salto Quântico completa neste ano de 2004, desde que passamos a considerar como sua origem, o primeiro contato mediúnico que tive com Eugênia, em 1988.
A Bela Adormecida passa 100 anos adormecida, conforme a fábula, aguardando que o Príncipe “Encantado” a encontre, já que somente um beijo de amor puro poder-lhe-ia retirar do sono profundo em que jazia. Assim, podemos claramente ver que existe a sugestão simbólica a uma reencarnação no século seguinte. Além do óbvio alerta do perigo de se esperar que a salvação venha de fora, muito bem trabalhado pelo brilho de Dowling em seu clássico supracitado do início dos anos 80, do século passado.
O fato de todo o “reino” adormecer, junto com a jovem, é sintomático, denunciando que o reino, na verdade, representa a própria psique da donzela, que desce a um estado de latência, de paralisação patológica, de estagnação catatônica, por não estar conectada às potências masculinas de suas estruturas internas, seu “animus”, como diria Jung.
Muito interessante também o fato de que ela se expõe ao medonho risco pelo fato de não haver sido convidada, para seu “batismo” (o momento de confecção do projeto de vida que ela representa) a “fada má”, logo apresentada como uma “bruxa malévola” e sim apenas as fadas boas. Curioso notar que “Aurora” indica o nascimento de uma nova era (o surgimento de um “novo dia”). E, portanto, há a falência de um projeto existencial, porque o “rei” e a “rainha”, que representam, ambos, o dono da psique de Aurora, em seus aspectos masculinos e femininos, não “convidaram” os traços malévolos ou indesejáveis de si, ou seja: não os consideraram, no momento de planificar seu projeto existencial. Felizmente, sua boa índole salvou o empreendimento do malogro completo, assim se expressando na figura da fada Flora, que, não por acaso, em seu nome, indica que algo está para florescer, ou seja: uma promessa de fruto, como todas as flores são, e, portanto, o quanto essa boa índole da personagem real, traduzida no conto, é alvissareira para o “futuro” (seu próximo nível de desenvolvimento psicológico), quando sair de seu estado de imaturidade, assim fazendo florescer, para si, uma existência rica de realizações e de felicidade.
Só há uma salvação: o beijo de amor puro de um jovem príncipe. Ele deve ser “príncipe”, porque têm que ser nobres os motivos que farão despertar o ideal (Aurora, que, por sua vez, constitui a “anima” do príncipe, caso se queira tomar a perspectiva masculina).
Eugênia é esse mito da completude moderna. Sábia e doce ao mesmo tempo, severa e suave, objetiva e profunda, a grande mentora espiritual representa um modelo bem acabado de integração psicológica plena (veja-se, a exemplo, a mensagem que foi ao ar no dia de ontem, neste site: “Disciplina, na Era da Incerteza”).
Assim, o Projeto Salto Quântico, que se entrelaça profundamente com a presença e influência de Eugênia sobre o mundo, que completa, neste ano, 16 anos de existência, poderia, arquetipicamente, estar sofrendo o perigo de adormecer longamente, no prejuízo de um planejamento cármico defenestrado. Mas, como nossa grande líder é uma Bela Acordada (Buda, em sânscrito, significa: desperto ou iluminado), os 100 anos em que padeceríamos do sono de um grande desvio existencial, aguardando por nova reencarnação – sabe lá Deus quando e não apenas um século depois – serão saltados (não à toa o nome do projeto é Salto Quântico), e passaremos, imediatamente, ao período de ventura e prodigalidade (no bom sentido) de felicidade e paz gerais. Nós – todos que usufruímos das bênçãos do Salto Quântico e de Eugênia – constituímos o reino que por ela é dirigido, e, assim, gozamos a bênção de que nossa grande fonte de inspiração e força não é uma pálida e esquálida “lady” inerte, mas sim uma pujante, majestosa, sábia e numinosa rainha-mãe, nossa querida deusa “Palas Athenas”, Eugênia.
(Texto redigido em 27 de janeiro de 2004.)