Apenas orar, sem ação correlata no campo do Bem, em meio a uma situação crítica, é não só ser omisso(a), mas hipócrita e covarde. Ou seja: demonstra-se medo e indiferença, diante de uma circunstância que exige ação enérgica e emergencial.
Se uma criança está em perigo de morte, o pai ou a mãe responsável não se põe tão só em prece: lança-se imediatamente, com risco, se necessário, de perder a própria vida física, em defesa de seu filho ou filha.
Lembremo-nos de JESUS asseverando que não veio trazer a paz, mas a espada! O Próprio Mestre, empunhando um chicote no templo de Salomão, espantou os comerciantes da conveniência e da acomodação ao mundo material e aos costumes dominantes daquele tempo e lugar.
Sobretudo, rememoremos que o Cristo propôs vigiássemos antes de orarmos, para não cairmos em tentação. Ele Mesmo, quando encarnado entre nós, recolhia-Se, como exarado nos Evangelhos clássicos, em longas noites de oração, para estar, no dia seguinte, em plena ação em qualquer praça pública, arrostando interesses constituídos e condenando severamente a fleuma mentirosa de falsos religiosos e pessoas de poder da época: “Hipócritas, sepulcros caiados, brancos por fora, cheios de podridão e rapina por dentro!”
De permeio a condenar toda ordem de hipocrisia, nas classes mais destacadas, mas sobremaneira nas religiosas, como as dos fariseus e saduceus, JESUS também curava corpos e almas, sugerindo enfaticamente a prática do amor legítimo (sem preconceitos, portanto) e o perdão autêntico, que jamais se casa à negligência.
Alertemo-nos para não nos deixarmos seduzir pela falsa moralidade dos fariseus da atualidade. JESUS e a Espiritualidade Sublime que O representa jamais compactuariam com a fuga do dever a cumprir, na defesa das mais sagradas responsabilidades perante o bem comum e as conquistas preciosas da evolução civilizacional, no campo do Direito, da justiça e mesmo da paz e segurança sociais. Em contrapartida, lamentavelmente, ocorre o inverso, de um modo geral: muitos indivíduos há mais preocupados em parecerem bons e santos a seus pares do que em seguir a voz de sua consciência.
A besta do caos está à solta, nos Estados Unidos da América (na figura de um presidenciável tirânico), na Coreia do Norte (na pessoa de um ditador potencialmente genocida), no extremismo islâmico, na xenofobia europeia, na inconsequência do sistema fabril e de consumo, na desagregação da harmonia e da estabilidade das instituições brasileiras…
Numa era de turbilhão tão sério em suas imprevisíveis consequências, aquele(a) que cruza os braços faz-se conivente com o mal, e dará contas severas por isso, já no presente, por sua má sintonia, mas também no porvir, pela força do carma, atraindo desgraças em sua linha de eventos futuros, nesta vida e além dela…
Que as mãos se unam em oração, sim! É indiscutível disciplina espiritual, não só em tempos de crise, como em todos os dias e situações. Mas que se unam em prece para revelar a qualidade e sinceridade dessa mesma oração, pela ação subsequente em que se desdobre, na salvaguarda impostergável do Estado de Direito, da justiça imparcial, da liberdade consciente, da difusão responsável de informações.
Espírito Matheus-Anacleto
Médium: Benjamin Teixeira de Aguiar
24 de março de 2016