O anfiteatro de proporções gigantescas, na fabulosa “cidade-cristal” de Andrômeda¹, jazia abarrotado por mais de dois mil e quinhentos guias espirituais de indivíduos e coletividades, com predominância para mentores(as) oriundos(as) de populações lusófonas. Assim como em Fátima², Portugal, Nossa Mãe Crística Se expressaria, originalmente, no idioma de Camões, segundo interpretação mediúnica de Aspásia de Mileto, mais conhecida como Eugênia³, nossa doce e sábia mestra do Plano Maior.

Uma atmosfera de reverência mística envolvia a todos(as). Orações silenciosas palpitavam na psicosfera do salão ciclópico, quando Eugênia-Aspásia se fez presente ao púlpito. Cinco personalidades femininas de impoluta virtude ajudavam-na a apetrechar-se de um aparelho delicado que, provido de microventosas aplicáveis às têmporas, propiciaria a projeção das imagens captadas pela psicovidência espetacular do alcandorado coração daquela que também foi, no século XIX, a vidente francesa Santa Bernadette Soubirous.

Completamente alheia ao ambiente e aos(às) circunstantes que a observavam atentamente, a orientadora espiritual agora se revestia de um magnífico halo de luz intensa que ejetava raios e reverberações multicolores por vários metros, indicando seu estado de elevada concentração, em vista do grave mister a que se dedicaria, em espaço de breves minutos.

Preferindo ficar um pouco mais oculta desta vez, acomodou-se numa poltrona de costas para a plateia, de frente para o telão de quinze metros de altura que exibiria, em três dimensões, a Figura de Maria de Nazaré.

Música de inenarrável beleza ecoava no ingente auditório, com um coro de miríades de vozes angelicais induzindo os(as) convivas daquele Banquete de Luz às mais sagradas vibrações de devoção e fé. Enquanto a médium veneranda focava sua mente na augusta missão que lhe fora confiada, uma das damas de moral ilibada que a assessorava dirigiu-se à tribuna para proferir sentida prece ao Cristo Maternal da Terra.

Em poucos instantes, após explosões luminosas começarem a pipocar na mastodôntica tela-paredão, surgiu-nos a Amantíssima Imagem da Mãe de Jesus, fantasticamente elegante, majestosa e serena, em tão impecável reprodução tridimensional, que se diria estar no ambiente, em Pessoa, com estatura assombrosa de doze a treze metros.

Olhos de uma lucidez e ternura intraduzíveis, cintilando com a força e a inteligência de mil sóis a extravasarem compaixão e misericórdia em medidas infinitas, arrebataram a imensa congregação, eletrizando o ambiente com os mais subidos sentimentos de respeito e veneração.

Sem conter as emoções vulcânicas que lhes eclodiam no peito, várias senhoras e alguns anciães puseram-se de joelhos, em lágrimas, ao passo que outros(as) tantos(as), igualmente comovidos(as), posicionaram-se solenemente de pé, de modo a acompanharem a recepção da Mensagem que NossaMãe Todo-Amor enviaria à comunidade planetária neste 2007, conforme predito por Ela Própria, no ano transato…

Meus(minhas) muito amados(as) filhos(as):

Que a Divina Bondade nos inspire os corações, hoje e eternamente…

Muito me toca a atenção dispensada às minhas palavras de Mãe.

Em meio aos prenúncios de uma Era Nova de concórdia e amor que desponta para a humanidade sofredora da Terra, trago-lhes uma revelação que elucidará certas passagens obscuras da Bíblia, além de aparatá-los(as) e estimulá-los(as) a agir com mais lucidez e assertividade, em época de incertezas e ambiguidades, de tribulações e crises sucessivas de célere transformação.

Ao lado de Jesus, não sou o único nem o maior Espírito em Patamar Crístico de despertar consciencial, mesmo no que tange ao globo terrestre. Entre os Cristos ou Budas que desceram ao âmbito físico de existência, neste planeta, fui realmente a Alma mais amadurecida e, como a Iluminada do Silêncio, estive em comunhão espiritual com meu Filho muito amado, a fim de assisti-l’O⁴ desde a determinação do momento de início de Sua vida pública, em Caná⁵, até o ápice de Seu martírio, no Calvário. Dessarte, telepaticamente partilhei de todas as dificuldades que se interpuseram em Seu messianato, oferecendo-Lhe o suporte necessário a que cumprisse, plenamente, Sua gloriosa e impostergável Missão.

Antes de Nós dois, entretanto, haviam jornadeado para os proscênios da reencarnação, neste singelo corpo celeste, Sidarta Gautama e Lao-Tsé. Nós quatro, os únicos de nossa Faixa de Consciência que, até a presente data, pisamos solo terráqueo munidos(as) de organismos de carne, compomos uma Assembleia de Cristos ou – se preferirem assim designar – Anjos que governam os destinos da Terra.

Um Grande Anjo-Paterno ou Ancião Arquetípico – como quiserem entender –, que aqui nominaremos Gabriel, para facilitar os elos simbológicos com as sagradas escrituras, é Aquele que, com soberanas sabedoria e magnanimidade, exerce a função de Presidente de Nosso Conselho, século sobre século.

Se os(as) muito estimados(as) filhos(as) fizerem breve esforço de memória, facilmente recordar-se-ão de que foi diante de Gabriel, na condição de Excelso Embaixador do Altíssimo, que me curvei, ao receber d’Ele o anúncio de que ficaria grávida do prometido Messias da humanidade deste pequeno rincão estelar.

Quando em conversação com Moisés, no Monte Sinai, utilizando-Se das extraordinárias faculdades mediúnicas do inolvidável profeta, foi Ele, outrossim, Quem Se denominou Javé – que significa “Eu Sou O Que Sou” – e transmitiu a missiva intemporal de moralidade e disciplina dos Dez Mandamentos.

Foi Ele Mesmo Quem, aparecendo ao sacerdote Zacarias, que se encontrava ante o altar do famigerado templo de Salomão, no clímax de um culto solene consagrado ao Próprio Javé – Gabriel –, profetizou o nascimento do precursor do Cristo, João Batista.

Ele Se apresentou ainda como Pai de Jesus, no instante em que o Cristo-Verbo era batizadonas águas do Rio Jordão, ao asseverar à psicoaudiência do descendente de Isabel, que ministrava a cerimônia ritualística: “Eis o Meu Filho muito amado, em Quem deposito Minha afeição”⁶.

Era também o Vulto Paternal a Quem Jesus Se referia, ao declarar ser Um com Ele ou nada poder fazer sem Ele, o Máximo Porta-Voz da Divindade para os(as) que se asilam na superfície terrena ou Nos vinculamos a esta parcela da família humana.

O propósito dessa revelação, que talvez soe bizarra para alguns(umas), é chamar a atenção para a infinidade de verdades que estão por ser desveladas e, mormente, para a importância capital de se manter a mente na sintonia da humildade e da expectação criativa, livre deesquemas prefixados de certezas dogmáticas.

Acima disso, no entanto, urge que todos(as) se atentem para o fato inegável de que a humanidade albergada no orbe é uma só. Lembrem-se de que o Arcanjo Gabriel procurou o profeta Maomé e lhe propôs a criação de uma nova doutrina religiosa, o islamismo, deverasatacado nos dias atuais e amiúde rotulado como força do mal.

Não, meus(minhas) filhos(as), não(!) e, mais uma vez: não! Os(as) habitantes do Oriente Médio são tão tutelados(as) pelo Amor e Providência Incondicionais de Deus quanto os(as) do Ocidente. Não por acaso, Jesus e eu escolhemos, para renascer no campo material de vida, exatamente aquela região, destinada a ser o berço das principais religiões do globo.

Compreendam definitivamente, incorporando esse conceito às suas ideologias e condutas sociopolítico-econômicas, que todos os seres humanos da Terra integram uma só humanidade.

Se há distorções nos textos sagrados ou em sua exegese, observem que não acontecem apenas no islã, mas igualmente na história da cristandade, repleta de atos de barbárie que, pelos requintes ímpares de desumanidade, depõem contra o cristianismo primordial e se mostram diametralmente opostos aos ideais de fraternidade propugnados pelo Cristo-Verbo-Divino: Jesus.

Sou o Cristo-Acolhimento-Divino. Por isso, venho, como Mãe, exortá-los(as) à união, à reconciliação, à confraternização universal.

Sempre que se defrontarem com irmãos(ãs) em regímen menos evoluído de civilização, estendam-lhes as mãos e auxiliem-nos(as) a alcançar o estágio de urbanidade e sofisticação que vocês já ostentam, em vez de se deixarem empolgar por ímpetos bestiais de extermínio, o que fatalmente os(as) rebaixaria a nível idêntico ou mesmo inferior ao das vítimas de seu ódio e condenação.

Gabriel, o Cristo-Vontade-Divina, muito Se compadece com os confrontos fratricidas entre vastas legiões dos(as) que se dizem Seus(Suas) seguidores(as). Que cristãos(ãs) e muçulmanos(as) mais amadurecidos(as) em termos civilizacionais melhor reajam às traquinagens sinistras de correligionários(as) que ainda transitam na pré-adolescência de seus respectivos partidos de crença.

Mister considerar, por sinal, que o Corão, em suas postulações tradicionais, estabelece a fé de que Jesus teria sido um Profeta, um Enviado de Deus, embora em posição secundária a Maomé.

Suspendam, de uma vez por todas, meus(minhas) tão queridos(as) filhos(as), antes que seja tarde demais, a egoica, infantil e perigosíssima tolice de pretensões de superioridade de uma cultura sobre outra, de um povo sobre outro, de uma criatura sobre outra.

Se uma pessoa ou agrupamento porta melhores recursos evolutivos, tem o dever de se responsabilizar pelo avanço dos(as) retardatários(as), sem se render jamais à tentação de supremacia e domínio sobre os(as) mais fracos(as) ou menos desenvolvidos(as).

Será pela teia de ajuda recíproca, entretecida por indivíduos e sociedades em torno do orbe, que uma radiante fase de harmonia e ventura reinará para todos(as), e não para uma personalidade ou país isoladamente, em detrimento dos(as) demais.

Retomem, amados(as) filhos(as), com todo vigor que lhes seja exequível, a busca da plena democracia, da convivência fraterna e sumamente inteligente entre seres que se sabeminterdependentes e que, até por uma questão de sobrevivência, precisam interagir como irmãos(ãs), como condôminos(as) de um mesmo veículo cósmico de vida: o minúsculo planeta terrestre.

Refaçam seus votos de fraternidade pura, ou pelo menos pragmática e lúcida, para que logrem recomeçar um novo ciclo de crescimento, rumo ao Elísio em que um dia esta humanidade se transformará, quando a prosperidade e o progresso constituirão direitos globalmente respeitados, sem qualquer distinção de raça, cultura ou credo, de tal sorte que a cooperação irrestrita e o bem-estar individual e coletivo serão notas dominantes neste quadrante diminuto do Cosmos.

Que Deus, Onipotente, e o Pai Crístico Gabriel, em Nome da Plêiade de Cristos que presidem os processos evolutivos da Terra, abençoem-nos(as) e os(as) conduzam, gradativa mas seguramente, aos páramos dos(as) bem-aventurados(as) – como os(as) qualificou o Cristo Jesus – ou, em linguagem mais corrente: prenhes de felicidade e paz, profunda e permanentemente conquistadas!

À medida que a Imagem do Cristo Maternal Se diluía, a tela colossal, que desaparecera durante a perfeita projeção, ressurgia à percepção da nobre plateia, quedada em transe de encantamento e adoração inexprimíveis.

Esgotada com o esforço de reproduzir, com a fidedignidade possível, as Ideias que lhe vinham da Mãe Espiritual da humanidade terrícola, Eugênia ausentou-se do palco, juntamente às irmãs que a acolitavam, sendo praticamente por elas carregada, tamanha a exaustão que a acometia.

Dias depois, eis-nos os dois – a ínclita preceptora incumbida da redação da Epístola de Maria; eu, da descrição do Evento – a registrar, em sistema de sinergia, a Manifestação Epifânica que Se deu na Esfera Superior de Consciência.

Como arautos d’Aquela que, por Sua vez, é Sublime Mensageira de Gabriel e do(a) Supremo(a) Senhor(a), move-nos o intuito de exortar os(as) cidadãos(ãs) e nações do mundo à paz e à fraternidade imprescindíveis à salvação do gênero humano sobre a Terra, nesta quadra histórica coalhada de riscos tão graves de extinção da espécie, em várias frentes simultâneas.

Que nos permeabilizemos à redentora Intervenção de Maria, Jesus e Gabriel Cristos, empenhando-nos em nos fazer paulatinamente mais humanos, sensatos(as) e conscienciosos(as), tendo em vista a preservação desta dadivosa morada planetária, não só para nossos(as) filhos(as) e netos(as), mas para nós próprios(as), quando retornarmos à ribalta das existências físicas, pelas vias abençoadas da evolução dinamizada em que consiste a reencarnação!…

Benjamin Teixeira de Aguiar (médium)
Eugênia-Aspásia e Gustavo Henrique (Espíritos) (Espírito)
em Nome de Maria Cristo
3 de julho de 2007

1. Pólis do plano extrafísico, situada sobre Aracaju e adjacências.

2. Alusão às Aparições de Nossa Senhora às crianças portuguesas, em 1917.

3. Vide categoria “Sobre o Espírito Eugênia-Aspásia”.

4. Em respeito aos preceitos humanos de elegância e despretensão que devem nortear uma linguagem escrita mais apurada, empregam-se iniciais minúsculas para as referências à primeira pessoa do discurso, ainda que a Autora Espiritual seja um Cristo e utilize letra maiúscula como uma forma reverenciosa de mencionar outro(s) Vulto(s) Crístico(s). Não se trata, obviamente, de preconceito ou discriminação de ordem psicossexual. Se os papéis se invertessem, com um Cristo masculino na posição de Autor da mensagem e Maria na de Figura citada, a norma se aplicaria igualmente, sem qualquer embaraço. Por sinal, o próprio Nome “Maria Cristo” já constitui uma defesa veemente do empoderamento feminino e um combate permanente à misoginia e ao machismo que pervagam a cultura terrena da atualidade.

5. Referência ao primeiro milagre público realizado por Jesus, numa celebração de bodas, na Galileia: a transformação da água em vinho (João 2:1-12).

6. Mateus 3:17.