Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

Chegamos à era da superconsciência ou da meta-consciência. Num parto evolutivo de milhões de anos, os seres estagiaram na condição animal, instintiva. Foi a era do Instinto para a consciência. Antes, outra era de muitos milhões, caracterizou as criaturas em sua busca de sensibilidade, na condição vegetal: foi a era da sensação. Agora, estagiamos em outro período de desenvolvimento do ser, em que, após o término do império da Era da Razão, a espécie humana precisa gravitar para outro nível de expressão da consciência, inclusive para sobreviver. Será a era da meta-razão. Em pinceladas ligeiras, vejamos aqui como podemos traduzir esses longos evos de evolução do espírito, constituintes de fases de despertar da consciência:

1) Era da Inconsciência: no longo estágio de bilhões de anos, no reino mineral da Natureza.
2) Era da Sensação: em centenas de milhões de anos, no reino vegetal.
3) Era do Instinto: em dezenas de milhões de anos, no reino animal.
4) Era da Razão: em milênios, no reino hominal primário.
5) Era da Meta-razão: em milênios, no reino hominal superior.
6) Era da Intuição: em milênios, no reino angelical.
7) Era do Absoluto: eterna, no reino dos espíritos puros.

No atual estágio de evolução do planeta, ou se vive o espírito das faculdades nobres da mente, ou logo degringolaremos para a auto-destruição. A espécie, sim, corre risco de extinção, na Terra, junto a toda a biosfera nela existente, por conta da inconsciência e irresponsabilidade daqueles que, refratários aos ímpetos ao progresso dentro de si mesmos, e aos sucessivos conclamos externos, nesse sentido, teimam em persistir no nível racional de consciência, sem se permitirem passar ao estágio do meta-racional. Existe aproximadamente um terço da espécie humana sob a égide do ponto alto da fase racional de consciência, e outro terço permanece em planos intermediários ou primários desse nível. Uma outra parte, algo equivalente a 20% da população terrestre, está a um triz de se converter ao nível seguinte, o metaconsciente, a que aludimos. E apenas 5% estão completamente mergulhados nesse período da meta-razão, como padrão básico de consciência (em dados mais precisos: 35%;35%;20%;5%). Somente quando uma massa crítica se formar, com os 20% fronteiriços passando à fase seguinte, e com o arrastar dos 35% intermediários para a condição de fronteiriços e os 35% inferiores para a plenitude da era da razão, a humanidade estará completamente a salvo. Esse trabalho, esperamos, deverá acontecer nos próximos dois ou três séculos.

E por que se caracteriza a era da meta-razão? Nós o diremos:

a) Pela prática artística e produção cultural como um todo, incluindo a filosofia.
b) Pelo estudo, desenvolvimento e pesquisa científicos.
c) Pela atividade religiosa de caráter genuíno, espiritual.
d) Pela consciência e prática de ideais ecológicos.
e) Pelo humanismo e o espírito de solidariedade, como atividades voluntárias e prática política honesta e idealista.
f) Pelo espírito de amor à família e à espécie humana, ainda que sem claros arroubos externos de iniciativas espetaculares.

Neste último caso, incluímos aquelas pessoas que vivem o espírito de serviço no exercício de suas profissões, ou em função de cuidar e prover o sustento dos filhos, não o fazendo isso por dever, mas por amor, sentindo-se felizes e cheias de significado, ao trabalharem em função de cuidar e servir aos seus clientes no trabalho e aos seus entes queridos em casa, sem estarem sob a égide prioritária de motivações egóicas, como a aquisição de riqueza, poder ou status. É de estranhar para alguns, sabemos, que digamos que apenas 5% da população da Terra esteja nesse nível. Mas a questão é que, muito embora muitos digam viver para a família, vivem para a sua vaidade, para ostentar poder e posses, justificando suas paixões com pseudo-ideais que envolvem a família. A maior parte pensa muito no família e sinceramente se preocupa com os seres mais amados, mas poucos põem-nos, efetivamente, em primeiro plano, como alardeiam pôr, enquanto sua conduta nega suas palavras.

Quer ajudar a salvar a Terra? Salve-se: de sua mesquinhez, de seu egoísmo, de suas vaidades. Salve-se, pondo-se a serviços de ideais maiores, dedicando seu tempo, sua energia e seu coração, ao belo, ao bem, ao saber, à verdade, a Deus e ao próximo. Estará, assim, esteja certo, não só intronduzindo-se num novo padrão de consciência, a era da meta-razão, da superconsciência, como ainda estará fazendo o melhor pelos seus e pela humanidade inteira.

(Texto recebido em 4 de maio de 2004.)