Como órgão consultivo com “status especial” do Conselho Econômico e Social da ONU, nossa organização, o Instituto Salto Quântico, tem direito a participar de grandes fóruns mundiais patrocinados pelas Nações Unidas, enviando material por escrito a ser apreciado pelos comitês responsáveis por esses eventos anuais, como é o caso da 64ª sessão da Commission on the Status of Women (CSW64), que acontecerá sob os auspícios da UN Women, em março do próximo ano, na sede mundial da ONU, em Nova York, e terá como tema geral: direito das mulheres e igualdade de gênero.
A Orientadora Espiritual Eugênia-Aspásia informou-me de que ela e o Espírito Matheus-Anacleto foram designados para trazerem a lume a Mensagem a ser encaminhada formalmente às distintíssimas e influentes autoridades do encontro internacional.
Segue-se o conjunto de ideias que a Mãe Crística da humanidade terrena solicitou fosse publicado, com alguns comentários elucidativos expendidos sobremaneira por Matheus-Anacleto.
Muito mais que um direito das mulheres à igualdade de gênero
Durante séculos sucessivos, acreditava-se, como um axioma inquestionável, que mulheres não poderiam assumir funções consideradas de maior responsabilidade, porque seriam inaptas a desempenhar papéis que eram tidos como exclusivamente voltados ao modus operandi de homens, ao modo masculino de perceber e pensar o mundo.
Nos primeiros decênios do moderno movimento feminista, grandes beneméritas da humanidade postularam, valorosamente, que mulheres eram plenamente capazes de realizar todas as tarefas exequíveis por seus pares do gênero oposto. As duas grandes guerras mundiais do século XX deixaram bem claro esse potencial, com a imersão, em massa, de milhões de mulheres nas atividades industriais e de suporte aos campos de batalha.
Durante praticamente todo o século passado, legiões incontáveis de irmãs de nossa espécie fizeram então o esforço de se travestirem psicologicamente de homens, agindo, falando e mesmo interpretando a existência de uma perspectiva viril, para que pudessem ser respeitadas como profissionais e acadêmicas competentes.
Aproximando-se o final do século transato, todavia, começou a despontar, em mulheres profissionais de diversas áreas, a disposição a imprimirem no trabalho o seu prisma feminino de ver, sentir e agir, agregando significativamente valor à eficiência de negócios, pesquisas e realizações, em todas as disciplinas da ação e do conhecimento humanos. Ficou patente, portanto, que a mulher não só poderia fazer tudo que um homem faz, mas poderia fazer diferente e, muito frequentemente, melhor.
No universo da ciência, das artes, da administração pública, da mídia, entre outros, espocou a constatação de que a presença feminina traz uma complementação extraordinária de produtividade e de qualidade nos serviços, criações e deliberações, em instituições, empresas e agrupamentos humanos, em todos os sentidos. As mulheres, em sua contribuição por ora ainda pouco dimensionada, têm ampliado ângulos de observação, aberto possibilidades de solução antes não detectadas para velhos problemas, integrado óticas aparentemente divergentes, carreado sensibilidade, intuição, beleza aos contextos a que se vinculam, muito embora muitas de suas colaborações sequer sejam mensuráveis ou imediatamente rentáveis.
Os resultados, porém, no correr das últimas décadas, deste movimento de inserção da mulher em todos os setores da vida social, cada vez mais pujante na cultura, na política, no empreendedorismo, ainda não foram claramente reconhecidos e amiúde são enquadrados como consequências de uma evolução natural da civilização. Sim, há esse desenvolvimento, atrelado a uma revolução de paradigmas; sim, há uma dilatação do potencial a apreender a realidade, uma maior lucidez e perspicácia na interpretação de eventos, uma mais acurada intuição na busca de finalidades e respostas criativas a problemas. Mas tudo isso pode ser perfeitamente atribuído, sem qualquer exagero na associação de causa e efeito, à progressiva e massiva participação das mulheres no concerto das sociedades.
Por fim, na virada de século, já estava claro o bastante, em ambientes mais esclarecidos, que a influência das mulheres era de suma importância para o êxito mais amplo e efetivo de qualquer empreendimento, a ponto de seus colegas homens começarem a notar que precisariam adquirir certas aptidões mais peculiares à psique feminina, como a empatia, a tolerância à diferença, o poder de suportar situações contraditórias e indeterminadamente irresolúveis.
Até a liderança, tão valorizada em nossa cultura ultracompetitiva, tem sido mais bem compreendida e exercida pelas mulheres, de conformidade com os princípios contemporâneos de respeito à divergência de opinião, ao livre-arbítrio, ao discernimento, às escolhas pessoais de terceiros. E então os homens mais atentos às linhas de tendência evolutiva da cultura e do “organismo coletivo” começaram a se compenetrar da necessidade de se compensarem por suas limitações, em várias dessas tão relevantes capacidades cognitivas e sociais que as mulheres portam e que lhes brotam quase espontaneamente das complexas e subjetivas mentes femininas, qual a maior propensão à conduta multitarefa e ao espírito de coordenação e cooperação em equipes de trabalho.
Atualmente, mulheres são vistas como opções mais apropriadas a muitos postos de ação e comando que antes eram completamente dominados pelo gênero masculino, assim como homens mais femininos ou mesmo gays, em diversos âmbitos profissionais, acabam sendo privilegiados, exatamente por terem uma experiência de melhor integração dos dois polos psíquicos complementares (feminino e masculino) da consciência humana.
Em considerando, por outro lado, a crise histórica de sobrevivência que vivenciamos em escala mundial, sobremodo no que concerne às questões ecológicas, aos confrontos fratricidas entre culturas e civilizações e ao armamento nuclear progressivo das nações, fica evidente que a mundividência feminina e suas abordagens inclusivas e conciliatórias são emergencialmente necessárias.
Dessarte, somos de convir que, em caráter de máxima urgência e na mais larga expressão viável, mulheres devem ser encarapitadas em posições de destaque, no seio de comunidades, países e organizações, a fim de sanarmos o desequilíbrio perigoso gerado pela masculinidade exacerbada e revertermos o risco de extinção de nossa espécie sobre o globo, quanto de devastação de toda a biosfera planetária.
Compreendemos, assim, que não existe apenas um direito das mulheres à igualdade de gênero, mas um dever moral de todos(as) nós (homens e mulheres), uma necessidade gritante da humanidade: de honrarmos a feminilidade, no sentido de fomentarmos, por todos os meios e recursos que nos estejam ao alcance, a ascensão das mulheres a cargos de relevo e preferencialmente de direta liderança, no tecido social, em tantas e tão mais amplas frentes de luta quantas forem possíveis.
Eugênia-Aspásia e Matheus-Anacleto (Espíritos)
em Nome de MARIA Cristo
Benjamin Teixeira de Aguiar (médium)
11 de outubro de 2019