(Como lidar com problemas, como administrar períodos de cascatas de dificuldades.)
Benjamin Teixeira
pelo espírito Eugênia.
Meus prezados amigos, minhas caras amigas, estimados filhos e companheiros em ideal espiritista salto-quantista:
Estou extremamente tocada, pela persistência e a busca espiritual de cada um de vocês. Muito mais ficaria satisfeita, todavia, caso, ao reverso de se renderem aos resvaladouros da acomodação, houvesse o empenho para que cada vez mais se fizessem, como foi falado na prece, alinhados com Deus.
Mais do que imaginamos, em situações difíceis do cotidiano, quando nos sentimos em bifurcações existenciais, temos uma oportunidade especial para tomar rota mais apropriada ao nosso modo de ser espiritual. Quantas vezes, entretanto, em tais conjunturas mais amargas, em vez de nos permitirmos a ascese no esforço maior no bem, a transcendência no trabalho por nos melhorar intimamente, confiamo-nos indevidamente à queda espetaculosa na revolta e no desespero?
Não nos entreguemos aos automatismos do passado, aos antigos padrões de desânimo e covardia. O esforço é indispensável para que façamos a subida evolucional. Se estivéssemos completamente compenetrados desta realidade, que deve estar acima de todas as proposições do mundo físico e material – as solicitações que nos chamam à posse, ao poder ou aos prazeres subalternos dos sentidos, como também foi ventilado no transcurso da nossa preleção –, se houvéssemos de dar primacialmente atenção aos conclamos do empenho por nos superar e crescer sempre, estaríamos em muito melhores condições de nos unir no estado de gáudio imperturbável da felicidade com Deus, Irradiado sobre os nossos corações.
Sinto-me especialmente gratificada, em particular, pelo fato de haver a perseverança, a despeito das adversidades, para os que oram e confiam em Deus, mesmo que tudo pareça conspirar contra seus intuitos benevolentes de distender serviço, ajuda e fraternidade aos irmãos em humanidade. Transmito minhas felicitações, no propósito de que, progressivamente, consolidem-se neste caminho de Luz. Estes a que me refiro agora, mesmo nos instantes de dor extrema, agradecem a Deus o magnífico ensejo que lhes é propiciado de buscarem a felicidade, num nível mais alto de consciência. Ao fazerem isto – receber, de coração aberto e mente operante, crises e desafios da existência –, têm, paradoxalmente, as dificuldades encurtadas, na extensão de tempo que deveriam suportar, e reduzidas em sua intensidade, porque, assim, logo lhes assimilam as sugestões de aprendizado e transformação íntima.
Quem desejar, portanto, suspender ou abreviar seus padecimentos, aprenda, mais rapidamente, a conversar com seu sofrimento. O diálogo com a dor é uma das expressões mais elevadas da sabedoria e da maturidade psicológica, indicando que o indivíduo já aprendeu a interagir, sem entrar em pânico, com os fragmentos menos agradáveis de si mesmo e de sua existência como um todo, logrando, com isto, desferir verdadeiros grandes saltos quânticos de evolução e felicidade, muitas vezes de modo imediato.
Quando Jesus nos propôs amássemos nossos inimigos, fazia, inclusive e principalmente, alusão a este princípio: de acolhermos, sem reservas emocionais, aquilo que nos parece, num primeiro momento, destrutivo e incompreensível; de nos abrir a ouvir as lições ocultas, naquilo que, à primeira hora da provação, parece-nos roubar forças ou prejudicar-nos em nossos interesses, ainda os mais sagrados. Não que nos entreguemos à perturbação e à subtração de condições a realizar o melhor, mas sim assimilemos os novos recursos-estímulos à dilatação da lucidez e da força íntima, de modo a que favoreçamos, com muito melhores possibilidades de agir, o nosso e o bem na vida de outras pessoas, sobremaneira as mais queridas.
Fiquemos, destarte, atentos a esta proposta dos Planos Sublimes: sempre, sempre focar a felicidade; mas, de antemão, aguardando certas adversidades e desafios, enigmas naturais da existência, que somente uma muito embotada mente infantil ou psicótica não esperaria acontecerem. Que nos façamos como aquele jovem que se delicia com equações matemáticas, aprendendo a elaborar, com prazer, os quebra-cabeças da vida, dissecando-lhes as questões mais complexas, extraindo-lhes a pérola oculta, tal e qual a pérola o é, no âmago da ostra dura e fria… no fundo do oceano…
Que, do oceano de nossos problemas, capturemos as pérolas que lhe subjazem. Que saibamos, assim, mergulhar bem fundo, nos quadros problemáticos, em vez de dele tentarmos nos evadir, para que voltemos, dessa imersão psíquica fabulosa, enriquecidos e dignificados. Agindo deste modo, nos daremos conta de que, da mesma forma como o “olho” do furacão é calmo, deparar-nos-emos, pasmos, com um nível inesperado de serenidade e autodomínio, exatamente no centro do turbilhão dos mais complicados vórtices de pendências e adversidades. Fiquemos, pois, com Deus, ao entender que o conflito é uma energia que nos fomenta o crescimento, uma combustão que propulsiona o foguete de nossas existências, para cima, em direção às mais subidas metas de realização humana e espiritual.
Muito agradecida por este ensejo de fala amiga, despeço-me, aguardando, da Divina Providência, a oportunidade de repetir esta visita, na próxima semana.
Eugênia.
(Texto recebido pelo médium Benjamin Teixeira, por meio de “incorporação”, ao fim da reunião pública do dia 25 de março de 2007. Revisão de Delano Mothé.)