Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia

Não se turbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai, há muitas moradas. Não fora assim, e eu vo-lo teria dito; pois vou preparar-vos um lugar. (…) Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize!”

(João, 14:1-2 e 27)

Como já falamos, existem múltiplas significações simbólicas para cada passagem evangélica, todas certas, quando afinadas com os princípios do bom senso e da sabedoria. Podemos, assim, entender que Jesus fazia referência, com as “muitas moradas na casa de meu Pai”, aos “lugares” na eternidade, para onde todas as criaturas se destinam, ao término de seu quase-intérmino processo evolutivo, assim fundindo-se completamente ao Criador (1); aos diversos mundos habitados, no espaço sideral (2); às múltiplas dimensões de consciência, no plano astral e além dele (3); e, por fim, às múltiplas formas de resolver um problema, de encontrar a solução para um dilema ou um impasse existencial (4), sobre que gostaríamos de nos deter.

O ser humano tende a colapsar seu bom-humor, sua alegria de viver e, por fim, sua própria mente, em casos mais graves de desajuste, por supor que as problemáticas e desafios encontradiços em sua vida devam ser solucionados dentro de um plano de linearidade, de previsões e possibilidades alcançáveis por sua mente limitada. Todavia, como disse Albert Einstein: um problema nunca é resolvido no nível de dificuldade em que surgiu.

Seja aberto, amigo. Por detrás da desordem aparente, subjaz a ordem, num nível mais profundo de complexidade, como afirma a Ciência do Caos, ramo dos mais avançados da matemática. Se você se prende a um punhado de soluções possíveis, sem estar aberto a quebrar pressuposições de verdade, paradigmas pré-estabelecidos de leitura da realidade, estará fadado ao fracasso e à frustração. Se, todavia, você se mantiver flexível, criativo e atento, notará delineações difusas de possibilidades d’antes não imaginadas.

Seja decente, seja ético, seja justo. Mas não seja radical, conservador e estreito em suas análises e conclusões. A inteligência é um campo de criação, prospecção e associação que nunca esgota possibilidades. O espírito existe para sofrer um infinito processo de evolução. Assim, o primeiro e mais grave de todos os erros é presumir haver atingido o ápice da sabedoria ou do conhecimento num determinado assunto ou área de saber, é considerar fechada um tema para debate e estudo, é imaginar exaurido o crescimento em um campo de ação ou conhecimento.

Seja lúcido, seja humilde, seja realista: você sabe de muito pouco – muito menos do que cogita – e partir dessa premissa é o mais imprescindível item para se aproximar da verdade e afastar-se do erro. Por outro lado, reconhecer-se numa longa jornada de aprendizado, sem obrigação de acertar sempre e de possuir todas as respostas, além de revelar maturidade, retira um peso gigantesco de cima dos próprios ombros, favorecendo uma viver-se mais em paz, com menos tensões e menos pretensões.

Essa é a paz do Cristo, a paz do fluxo em meio ao caos, do saber-se que tudo passa; que tudo é provisório porque visa, tão-somente, a ensinar alguma lição evolutiva, e que, assim, todos estão inseridos num universo seguro e feliz, já que tudo existe para fomentar progresso e crescimento de todas as criaturas.

(Texto recebido em 30 de março de 2004.)