(O Teste Supremo do Interesse Pessoal.)

Benjamin Teixeira
pelo
Espírito Eugênia.

(Para alçar o vôo da liberdade suprema, você terá que abdicar de muitas comodidades caras a seu coração, incluindo a estima de afetos especiais.)


“Em verdade vos declaro: ninguém há que tenha abandonado, por amor do Reino de Deus, sua casa, sua mulher, seus irmãos, seus pais ou seus filhos, que não receba muito mais neste mundo e no mundo vindouro a vida eterna.”
(Lucas, 18:29-30)


O maior teste para a “iluminação” é o do interesse pessoal. A esmagadora maioria dos que exclamam, empolgados, devotamento integral ao bem, correm, espavoridos, quando a pedra de toque dos seus interesses imediatos é atingida. E, dentre todas as questões de ordem pessoal, nada mais nobre, defensável e compreensível que os abalos sísmicos causados pelas crises com os afetos mais queridos ou antigos d’alma, nenhuma provação deixa tal princípio mais evidenciado que a disposição íntima a renunciar aos mais caros elos do coração, quando está sob ameaça o Ideal do Espírito.

Lembra-te da impressionante e dramática cena de Javé testando a fé de Abraão, ordenando-lhe matasse o próprio filho, Isaac em sacrifício a Ele, como prova de amor supremo em sua devoção e fé (sacrifício este suspenso, de última hora, pelo próprio Grande Guia do Povo Judeu) e verás, neste episódio bíblico dos mais impactantes e escandalosos, a metáfora (muito próxima da realidade) do que se passa na existência de toda criatura que adentra seriamente a candidatura para galgar planos mais altos de compreensão do mundo, de experimentação da Vida.

Quando chega a hora da Verdade, amigo, os laços de sangue se enfurecerão contra ti, qual se foras um vetor do mal, digno de todos os anátemas conjugados do mundo, sobremaneira se, bravamente, pões-te a dizer as verdades que ninguém deseja ouvir.

Recorda do que o Cristo sofreu, por lecionar as lições que ninguém aceitava receber; e, assim, ignora a fúria ensandecida dos que se debatem contra o inexorável: o despertar que cedo ou tarde lhes chegará, ainda que o retardem, alimentando-se, reciprocamente, em suas confidências enlouquecedoras, todos interessados em aplacar a fúria da consciência, anestesiando-se, hipnotizando-se por se convencerem, desesperadamente, que estão certos, em meio aos desatinos mais óbvios de ingratidão e injustiça a que se confiam, ensandecidos…

Raras são as criaturas que não sofrem o teste augusto da ira desatinada dos próprios parentes biológicos. Se já te chegou o momento supremo de observares os antigos afetos te virarem as costas, perdoa e segue. Compulsa a biografia de grandes personalidades devotadas ao bem comum e verifica a que distância deles ficaram os afetos consangüíneos, à medida que se lhes avançaram as obras benemerentes que as celebrizaram, e notarás, surpreendido, que é praticamente nula a presença dos companheiros de sangue ou dos amigos dos primeiros dias, nos momentos finais de glória dos santos e mártires da realização espiritual, em larga medida.

Pensa nos parentes do corpo e nos parceiros da infância e juventude – que te observam de longe, amiúde com desdém ou desconfiança –, e apieda-te deles: não fazem a menor idéia do quanto de carma ajuntam para si mesmos (os que se colocam a serviço das trevas), testando-te o caráter e a vocação à renúncia, logo agora que mais te pões como Espelho dos Representantes do Altíssimo, a benefício de aluviões de criaturas. Lamentarão amargamente o desperdício da preciosa oportunidade de autossuperação que ora defenestram, e sofrerão o que, mesmo agora, magoado, jamais desejarias que passassem, pois que, ironicamente, agem como algozes de teus melhores propósitos e ideais, enquanto se sentem vítimas, já que o ego sempre encontra disfarces para o próprio tresvario, mormente para aquela que geraria tanta culpa que todos os recursos defensivos da racionalização são mobilizados, para encobri-la e desmenti-la, com miríades de justificativas e escusas de papelão.

E, principalmente, não pactues, jamais, em agir com subserviência para com o orgulho dos que te conheceram do berço, pois que, entre os íntimos dos primeiros anos de uma existência física, quase sempre persiste a mesma ilusão renitente de que o antigo conhecido jamais terá se tornado outra criatura que não aquela que imaginam ter conhecido, conforme ditam as mais antigas reminiscências a que têm acesso com a memória do cérebro físico em que alojam as embotadas mentes para as verdades eternas da alma… Mais uma vez, sobre isso, rememora a figura impoluta do Cristo e o que d’Ele disseram, incrédulos, os nazarenos que Lhe partilharam os tempos iniciais no corpo material, a ponto de impedi-l’O de realizar prodígios mais amplos na cidade “natal” – como reza o texto bíblico – e não te estranharás com o que fazem contigo: “Não é este o filho de José?” (Lucas, 4:22) “Não é este o filho do carpinteiro? Não é Maria sua mãe?” (Mateus, 13:55). Foi exatamente nesta ocasião que o Cristo cunhou a célebre máxima: “Nenhum profeta é bem aceito na própria terra” (Lucas, 4:24) .

Eleva, neste instante, prezado irmão em ideal, teu diapasão de fé, e fita, além, o céu salpicado de estrelas. Além da noite escura, brilha, rutilante, o sol da esperança…

Por ora, podes te sentir crivado de mil dores ocultas… Sabe, contudo, de antemão, que ninguém jamais sofrerá em vão, sobremaneira no “campo do sangue” (Mateus, 27:8) das provações mais amargas do coração, pois que, cedo ou tarde, as chagas abertas na alma, pela ingratidão dos mais queridos de outrora, converter-se-ão em fendas de luz, a te permearem a psique aos mais preciosos tesouros do Espírito, que te abundarão a existência de bênçãos e graças, quiçá a benefício daqueles mesmos que hoje se te fazem crucificadores improvisados… mas que se distanciarão de ti, no futuro, justamente quando mais quererão estar contigo, novamente…

Por fim, recorda-te da Lição do Mestre, mais uma vez, e mantém em mente que se trata de uma pré-condição basilar do verdadeiro discípulo d’Ele, abandonar pai, mãe, quanto posses e posições do mundo material, sempre que os interesses eternos da alma estiverem em cheque, pois que o teste da priorização do essencial (sobre todos os projetos e desejos do ego) é princípio sagrado, dos mais importantes e universais, para que se possa ascender, de fato, ao nível dos seres que transcenderam o patamar humano de consciência.

Este, meu adorado filho, pode ser teu momento de sublimação, exatamente pelo injustificável, em todos os sentidos, de que se reveste a circunstância de insensibilidade dos que te foram dos maiores beneficiados de antanho…

Abraça, destarte, tua cruz invisível e segue: é o teu instante de maior condecoração moral, na íngreme subida do progresso espiritual, rumo aos páramos celestiais, a serviço do Reino da Luz, já de agora, em pleno domínio da cruz…

Quanto a eles, entretanto… Quem poderá divisar o que há por vir?

Apiedemo-nos deles e oremos…

(Texto recebido em 2 de julho de 2009.)

Atenção:

Logo abaixo desta postagem, na interface deste site, há um arquivo disponibilizando um trecho selecionado do evento Maria Cristo 2006, aquele em que foi levada a público a primeira Carta de Nossa Senhora à Humanidade, da série de Missivas Espirituais que Benjamin Teixeira tem recebido anualmente do Espírito Eugênia.
Neste período, estamos trazendo a lume artigos (psicografados ou inspirados), além de vídeos históricos da Instituição.
Não sabemos por quanto tempo isso se dará, mas é garantida, no mínimo, a publicação de um arquivo por dia (incluindo feriados e fins de semana), neste nosso sítio eletrônico da internet, seja ele em vídeo, apenas áudio ou tão-só texto escrito.

Equipe Salto Quântico.

Convite/Aviso:

Vale a pena conferir a “traquinagem” que fiz no Blog, com a viagem que nosso querido Mamin realizou ontem. Não vou adiantar aqui mais nenhum detalhe para não quebrar a surpresa! Para acessá-lo, basta clicar aqui, ou no ícone do Blog ao final da barra lateral esquerda.
Irmão em ideal,
Wagner Mendes.