Benjamin Teixeira de Aguiar
pelo Espírito Eugênia.
Este ainda é um mundo de grandes provações. Você não pode imaginar que, num orbe onde milhares(!) de crianças(!) morrem de fome diariamente(!), possa-se gozar uma felicidade sem máculas.
Ao lado de cada momento de alegria, uma tristeza tisna o brilho do instante de fábula, e a realidade, com sua crueza amarga, mostra-se presente, sorrindo, entre sinistra e cínica.
Todavia, isso não significa que, apesar e por causa mesmo dessa resistência ao bem, não devamos por ele lutar, com ainda mais acentuado vigor, pelejando pela felicidade, pela paz, pela fraternidade entre todos os povos e indivíduos.
Os progressos lentos da História nesse sentido denunciam que a esperança não é vã, e que, muito pelo contrário, acaba se convertendo numa certeza científica – civilizações se sucedem, impérios caem e se levantam, mas tudo melhora, ainda que gradativamente, da barbaria à humanidade, assim como desta, um dia, quando atingida plenamente, gravitaremos para a angelitude, mesmo que distante.
Não se permita abater pelo instante amaro que ora vivencia: ele também passará, deixando o aroma do aprendizado que lhe fica como marca, impregnando sua alma de significados, conteúdos e percepções novos, decorrentes da experiência recém-adquirida.
Viva à vida! – até mesmo à dor(!), que lhe faz parte – para que tudo tome seu devido rumo, com coerência, propósito e, principalmente: progresso geral.
(Texto recebido em 6 de setembro de 2004.)