(A causa profunda dos dramas do ciúme, dos complexos de Édipo e Electra, bem como da força do carisma de líderes e pessoas espiritualmente avançadas.)
Nos casais, é comum notar-se o ciúme como expressão de algo mais que meramente uma manifestação de posse ou uma preocupação em perder o ente amado. As psiques na Terra costumam ser estruturadas em dois polos definidos, que evolutem, no correr de sucessivas reencarnações, rumo às manifestações da androginia, que caracteriza a angelitude.
Para o funcionamento excelente, as mentes precisam nutrir-se dos dois polos energéticos, para o fluxo das funções psíquicas dar-se em nível ótimo. Num comparativo grosseiro, seriam o polo negativo e positivo que alimentam de eletricidade um computador em funcionamento.
Por isso, menininhas apegam-se aos pais, tanto quanto menininhos às mães, quando não a irmão de sexo oposto. Em casos diversos, em que, por exemplo, a ligação é com pais, irmãos ou amigos do mesmo sexo, traços de homossexualidade profunda ou mesmo de androginia já existem. No primeiro caso, cada um dá daquilo que falta no outro, com a mesma atração pela energia oposta, oculta sob a forma física invertida em relação à polaridade mental. No segundo caso, o intercâmbio se dá pela troca de padrões energéticos similares, de mesmo conteúdo androgênico, ou seja: bivalente.
Assim, quando uma mulher tem ciúmes da atenção que o marido presta a outra pessoa, ainda que seja a mãe, ou um irmão, é sinal de que ela precisa desenvolver aquele padrão de energia em si mesma, o lado masculino que lhe falta. Da mesma sorte, quando um pai tem um ciúme doentio de uma filha, da esposa ou da mãe, é possível que ele se nutra de forma exclusiva das energias femininas da parceira espiritual em foco, para manter em nível ótimo suas expressões psíquicas, o que lhe revela a necessidade de criar, no próprio arcabouço mental, condições de alimentar a si mesmo, na ausência da companheira energética.
Todos temos as duas forças em gérmen. A disparidade gritante entre a capacidade de produzir uma ou outra é que gera a dependência e o desequilíbrio, que costumam tomar feições próprias, num e n’outro sexo: os homens se inclinando a múltiplas parceiras, as mulheres se predispondo a um apego doentio aos homens de sua afeição.
Líderes, médiuns, gurus e pessoas consideradas muito carismáticas, aquelas que têm “a aura de estrela”, como se diz popularmente, costumam ser verdadeiras usinas de produção dessas forças mentais. Oferecem a todos conteúdos energéticos dos dois padrões, porque já os têm em si próprios. Assim, homens e mulheres, héteros ou homossexuais, sentem-se bem em sua presença, porque encontram o equivalente oposto ou similar que buscam na pessoa especial. Se tais almas encantadoras tivessem uma prevalência exagerada para um ou outro lado, dificilmente se converteriam em um centro de conversão, concentração e dispersão de energias mentais – isso é que as torna tão fascinantes líderes e estrelas de todas as naturezas e áreas de atuação.
No caso específico de médiuns, aqueles que estão em condição de mediunato, em particular, mais uma curiosidade do tema poderíamos apresentar: o espírito a quem um medianeiro se enlaça, no processo de sinergia psíquico-energética que caracteriza o cordão de bronze – a massa energética que liga mentor a pupilo –, apresenta natureza polar contrária à da mente mediúnica. Assim, as duas mentes (a do porta-voz e a do guia espiritual) pertencem a ordens energéticas complementares, de modo que uma psique medianímica mais feminina atrairá um mentor masculino e vice-versa.
Em todas essas situações, porém, fica clara a mensagem da Vida: a dependência conclama ao desenvolvimento da independência, que, por sua vez, conduzirá à interdependência. Necessitar uns dos outros, sempre necessitaremos, mesmo porque é isso que Deus quer de todos nós: que vivamos numa grande família universal. Todavia, os aspectos de desespero, de carência mórbida e de luta mesquinha pela posse e pelo controle uns dos outros devem desaparecer totalmente, pelo bem-estar de todos e de cada um em particular.
Alguém que já tenha alcançado o patamar de autossuficiência pode se unir, igualmente, a outras criaturas, mas em regime de troca serena e amiga de energias e padrões mentais, e não de vampirização recíproca.
Por outro lado, a fome sexual pode indicar, muitas vezes, apenas uma fraqueza exagerada da energia antagônica à sua prevalência mental, cabendo ao obcecado por sexo, portanto, tomar medidas enérgicas, no sentido de se tornar um ser mais completo, mais independente, mais lúcido.
Patologias de ordem neurótica, problemáticas cármicas, reminiscências subliminares de outras vidas – tudo isso é verdadeiro. Mas o problema maior, que subjaz a todas as angústias relacionadas a sexo e amor residem na base da busca da androginia e da necessidade de transcendência à condição psíquica polar, sempre promotora de frustração e infelicidade, para a expressão da onipolaridade, que propicia liberdade, felicidade e paz ao indivíduo.
Benjamin Teixeira (médium)
Eugênia-Aspásia (Espírito)
13 de maio de 2002