Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

Se o mal que o aflige é culpa, estabeleça um plano diretor de atividade compensatória no bem, a fazer no intuito de ressassir-se pelo em que se sente em falta.

Se a dor moral subsiste mesmo assim, recorde-se que Deus é Infinito Amor e não vai tripudiar sobre seu desejo sincero de se reabilitar ante a própria consciência.

Se ainda assim o remorso persiste, considere a hipótese de vício emocional a que se apegou ou, principalmente, em vaidade bem urdida, dissimulada sob as vestes de consciência atormentada.

Seja como for, aja e ore, sem se entregar às ferroadas da culpa, e sim tornando-as um meio de ressurgimento do mal a que se confiou e, principalmente, de prática do bem que lhe falta, a fim de que se aproxime e se plenifique em Deus.

O mal que o aturde é grande demais? Julga-se indesculpável? Pense naqueles que não sentem remorsos e que trafegam vida afora entre um crime e outro, acumulando a conta cármica com débitos vultosos a perder de vista.

A dor é grande e você se sente vil e sujo? Lembre-se do Cristo, que sugeriu orar e servir em oferta de gratidão, após a graça recebida e não tornar a pecar, e entenderá que o problema da consciência em culpa é de trabalho a fazer, e que, portanto, se hoje ainda se sente conturbado, trabalhando eficazmente logo terá forças em si, para limpar a alma de todas as torpezas que o aturdem.

Não existe chaga que não cicatrize, assim como não há dor sem consolação, nem problema sem solução. Tenha paciência consigo mesmo e jamais se renda ao culto do desespero – ele sim a mais satânica das sugestões das trevas. Todo crime tem compensação, e todo réprobo sinceramente arrependido recebe crédito de Deus para se recompor ante o destino.

Se hoje a aflição não lhe parece possível sanar, ao menos considere que será fruto do trabalho lento dos dias, em meio à faina bendita do serviço benemerente, e até um dia poderá agradecer pelo gládio da culpa que lhe tenha feito trabalhar com mais afinco na seara do bem, fazendo-se a ele acostumar e com ele entrar em definitiva sintonia.

Eu sei, dói muito. Mas, além de todas as dores, jaz o amor divino, maternal em toda a expressão que a palavra puder conter, que jamais foca no castigo o caminho para a redenção, e que compreende como melhor corretivo a renovação para o bem, por meio de iniciativas generosas de reabilitação do próprio delinqüente. Assim, por que se sentir um condenado a perpétuo sofrimento? Isso seria descrer do Amor de Deus, isso seria não estar sinceramente disposto a admitir que o Ser Todo Amor ama incondicionalmente, e que seu propósito, na Terra, determinado por Ele, é exclusivamente de aprender, para ser feliz.

Ante a dor tremenda da culpa, caro amigo, tenha em mente um princípio fundamental: a culpa pelo mal que se fez deve, para ser pacificadora e atingir seus objetivos de renovação do réprobo, converter-se em responsabilidade pelo bem que se pode fazer. Concentre sua mente nisso e, tenha como certeza matemática: seu mal estar dissipar-se-á de modo quase miraculoso, a ponto de jamais vir a se incomodar até com a acusação mais horrenda que porventura alguém um dia lhe venha fazer, pelos antigos equívocos em que se permitira incorrer. Quando a consciência está saciada de correção, quitada consigo mesma, nada, definitivamente nada tem poder de alterar a paz interior.

(Texto recebido em 26 de agosto de 2001.)