Benjamin Teixeira
pelo espírito Gustavo Henrique.
Você teve um surto neurótico? Explodiu de raiva ou, de reversa maneira, travou-se de todo? Observou sua mente de fora, sem conseguir deter o gesto impensado, ou, pior: nem sequer se deu conta de quanto estava “fora de si” e somente depois “acordou” de seu delírio?
Embora seja importante reconhecer a presença de agentes desencarnados insuflando-lhe estados de espírito ou influências mentais de encarnados sobre seu psiquismo, a base de todo fenômeno psicológico continua sendo a própria mente, o que significa dizer que somente em corrigindo ou transmutando as chaves de sintonia do agente perturbador externo com a própria personalidade logra-se debelar o problema em sua raiz.
Identifique, primeiramente, seu lado maníaco, louco, primitivo ou infantil, ou um conjunto de tudo isso. Estabeleça regimes de canalização ou transmutação destas forças. O que não conseguir educar, mudar ou sublimar: contenha (cuidado para não se deixar seduzir por pseudo-verdades psicológicas: ninguém anda matando o chefe, para não reprimir emoções). Mas quando, num certo momento, ainda que com todo esforço e cuidado, não conseguir evitar o arrebentamento das cadeias do eu-doente, do eu-subdesenvolvido ou do eu-perverso, verifique que aspectos do seu comportamento ou de sua circunstância de vida estão propiciando o delírio.
Talvez seja, tão-somente, a necessidade de férias.
É possível, por outro lado, que uma parte de sua totalidade precise de expressão, como a sua face artística-criativa, sua veia infantil-brincalhona, ou o seu lado espiritual-religioso. Quando há estresse nas estruturas psíquicas, normalmente algumas roldanas da máquina emocional se rompem e se faz necessário reparar a disfunção, após apagar o incêndio do influxo irracional.
Agora, que o fogo da paixão esmoreceu, reflita cuidadosamente, sem tomar decisões precipitadas, mas também não se acanhe em fazer experimentações, auscultando, criteriosamente, a voz da intuição e da consciência, e logo notará áreas prováveis a constituírem geratriz para o seu problema. Importante aproveitar a experiência negativa como aprendizado a ser fixado.
Dê espaço a si, em seus relacionamentos, como ao outro.
Dê tempo a si, para solução dos seus problemas, como dos problemas dos outros.
Seja generoso e tolerante, consigo e com os demais.
Por fim, e não menos importante: transforme as conclusões a que tiver chegado em decisões de conduta, criando um novo sistema diretivo de comportamento, objetivo e prático, passível de ser quantificado e monitorado, a fim de converter a idéia em ato, a inspiração em, de fato, mudança de vida. A determinação e a disciplina, dispensável talvez seja dizer, são indispensáveis neste processo.
Agindo assim, não só identificará, mais facilmente, os pontos nevrálgicos de problema a serem erradicados, como ainda favorecerá, muito mais, a sua e a felicidade de outras pessoas.
(Texto recebido em 21 de novembro de 2004.)