Benjamin Teixeira
pelo espírito Eugênia.
No início de uma atividade voltada ao bem comum, uma série de dúvidas surge, mas o tempo se encarrega de elidi-las. A persistência é o meio pelo qual se pode atingir a excelência. Não tenha medo de adversidades eventuais, muito menos das já presentes, que, conhecidas, podem ser administradas racionalmente. Apenas invista esforços, na fidelidade ao seu ideal, cônscio de que somente seguindo a própria consciência é possível ser feliz.
Acusaram-no de louco, ao se revelar visionário e fazer experimentos inovadores. Apontaram-no como irresponsável, ao assumir riscos vultosos em uma área nova. Atacaram-no e ainda o fazem atualmente, por mero prazer de minar-lhe a auto-estima. Essas pessoas, na verdade, angustiam-se, ego inflado, por ver alguém que destoa do tatibitate da mediocridade de uma vida sem propósito, sem objetivos elevados. Precisam rebaixá-lo, para não se sentirem diminuídos. Como não querem se esforçar para crescer e admitir que você está à frente, imputam-lhe erros que não comete e falhas de caráter e personalidade que não porta.
Compreenda tudo isso como fenômenos psicossociais perfeitamente naturais. Indivíduos imaturos sempre gravitam em torno dos que se adiantam um pouco mais no carreiro evolutivo. Ficam em sua órbita, para obterem, de você, estímulos ao próprio crescimento íntimo. Alguns o admiram, por perceberem-no portando virtudes que ainda não carregam consigo. Aqueles que o vêem como igual, todavia, interpretam a sua conduta e maneira de ser, a partir da ótica distorcida deles, e é por isso que o enxergam vil. Não tendo ideal, não admitem, presunçosos, que outros possam agir com nobreza de propósitos. Não conseguindo sentir altruísmo, desconfiam de todos que apresentam essa qualidade. Não podendo dar nada de si para os outros, sem interesse pessoal implícito, não acreditam em nada que pareça ser genuinamente desinteressado. Assim, por observarem em você qualidades que não ostentam, sucumbem a ironia terrível: estão certos de que você lhes é moralmente inferior, por representar virtudes que não possuiria, ao passo que eles se vêem sinceros na baixeza em que estagiam e se refocilam, cheios de prazer.
Quando acontecerem os ataques gratuitos, ignore os delírios de quem lhe vem na retaguarda do progresso, e, muito embora fazendo uso de energia quando necessário, não perca o referencial de sua condição evolutiva privilegiada em relação a eles. Não se trata de narcisismo, mas sim de assumir a responsabilidade que lhe compete no círculo de relacionamentos interpessoais que entretém. Se você perde esse referencial e se imiscui nas mesquinharias de quem o apupa, melindrando-se por tudo e perdendo tempo com mágoas, estará agindo como a professora de primário que interrompesse a aula para se envolver com as disputas infantis de seus alunos, em nome da humildade de se sentir um igual a eles. Em nome do bem, estaria negligenciando seu dever.
Por fim, não perca tempo com pequenas tristezas, e concentre-se na alegria que pode desfrutar. É claro que ferem qualquer pessoa as atitudes ingratas, as injustiças, calúnias e deboches de quem zomba do seu melhor. Mas lembre-se de que existem, ao lado dessas almas infelizes, às vezes bem escondidas em meio à multidão, corações bons que gostam do seu, que reconhecem suas intenções benemerentes, que acreditam em seu ideal e sinceridade. Por que, então, ficar amargo e acabar sendo pouco simpático com os que lhe querem bem, em razão do que fez quem não lhe dá a menor importância?
A partir de hoje, priorize o melhor. Defenda-se na estrita medida do indispensável, e polarize suas atenções naquilo que for fundamental: dar prosseguimento ao seu trabalho no campo do bem, porque, em última análise, o bem que fizer, por si próprio, defendê-lo-á onde estiver, e você, em sintonia com a luz que distribui, far-se-á cada vez menos acessível às agressões gratuitas de quantos não o entendem e das forças de interesses contrários ao seu projeto de amor.
(Texto recebido em 18 de setembro de 2000. Revisão de Delano Mothé.)