Não lute contra o inevitável. Quando houver esgotado o que é sensato e justo mobilizar por resolver um problema e a questão permanecer insolúvel, talvez você não esteja lidando com a pendência fundamental, mas sim com uma derivativa de um mal mais profundo.

Para descobrir essa raiz de crise ou impasse existencial, reavalie o que você de fato almeja, questione sua identidade, interrogue-se sobre as rotas de destino que está definindo para si ou permitindo que se delineiem em seus caminhos, por ação ou inação.

Ore sistematicamente. Precate-se, porém, para não converter sua súplica de inspiração em um protesto pueril ou uma gritaria interna – o anverso de uma oração, em verdade.

Busque, com persistência, seguir o que a própria consciência lhe aponta como seu ideal, vocação e princípios mais subidos. Entretanto, pondere com critério e verifique se essa voz mental realmente retrata a consciência ou tão só é resultado de condicionamentos culturais, induções familiares ou recalques mal resolvidos de sua psique mergulhada em longo e lento processo evolutivo.

E, mormente – eis o tópico primacial –, não importando quais sejam suas convicções religiofilosóficas, respeite o que provém das Faixas Sublimes de Vida e Espiritualidade, quer a canalização dos estímulos e orientações supraordenadores se dê por intermédio de almas encarnadas ou livres de veículos de matéria densa.

Asseverou Jesus, escrevendo pelo apóstolo João: “Se não amardes o(a) irmão(ã) que vedes, como amareis a Deus, Que não vedes?”¹ Esse tema pode soar secundário, mas definitivamente não o é. Apenas apresenta contornos um tanto esotéricos, imperceptíveis aos olhos que se restringem a passar pela superfície da reflexão espiritual, sem o aprofundamento necessário ao conhecimento mais relevante.

Honre instituições e pessoas que representam sua fé, ou então mude de fé. Se você não manifesta a devida deferência ao que escolheu lhe constituir Ponte para o(a) Incognoscível, está atacando, simbolicamente, o que há de mais sagrado dentro de si mesmo(a) e afrontando, indiretamente, o(a) Próprio(a) Criador(a). E se alguém não é capaz de demonstrar respeito ao essencial, como terá sintonia com qualquer diapasão de justiça, sabedoria ou amor, para atrair as Graças Divinas em sua direção?

Convém aditar, outrossim, que o fato de um indivíduo não pertencer a certa religião, ou a um conjunto de crenças a que se sinta ou se declare vinculado, não o autoriza a insultar o que tenha Procedência Superior, pouco interessando que a ofensa seja dirigida a essa ou àquela denominação de fé ou não se refira a nenhuma ortodoxia religiosa em particular.

De igual sorte, ninguém se exime de sofrer o impacto da lei da gravidade por não acreditar em seus efeitos, assim como criatura alguma está imune à investida de patógenos por não aceitar a existência dos micro-organismos causadores de enfermidades. E esse raciocínio tem validade ainda maior quando aplicado às Coisas Espirituais, bem mais sérias e primordiais que as atinentes ao mundo físico…

É tão grave o erro de acusar uma pessoa inspirada por um Espírito Santo de estar movida por uma força do mal, que o Mestre Jesus o considerou, segundo exarado nos Evangelhos clássicos, uma blasfêmia sem perdão.² E esse sacrilégio, em sua expressão máxima, foi perpetrado contra o próprio Cristo da Verdade.

Importa lembrar que os(as) inimigos(as) de Jesus se supunham perfeitamente embasados(as), moral e espiritualmente, em sua fúria blasfema, ao invocarem, a seu favor, a ascendência dos primeiros livros que compõem a Bíblia, sobremaneira os de autoria atribuída ao profeta Moisés.

Ainda hoje, muitos(as) com comportamentos similares, convencidos(as) de estarem certos(as), julgam-se vítimas ou injustiçados(as) e encontram quem os(as) apoie em sua visão distorcida, o que lhes reforça o desatino e os(as) leva, lamentavelmente, a se “tranquilizarem” – uma reação instintiva de bando, mas nada lúcida. A despeito do quão estejam convictos(as) de deterem a razão, fatalmente padecerão as decorrências de seus maus atos, pensamentos e sentimentos.

O Cristo-Voz de Deus lecionou o que se deve fazer diante de intrincados dilemas morais acerca de pessoas, situações ou eventos: “Conhece-se a árvore pelos frutos”³. Os(as) enviados(as) do Plano Excelso, embora humanos(as) – e mais créditos terão, quanto mais humanos(as) forem –, são assinalados(as) por incontestáveis Condecorações e Selos Divinos, Prodígios que os(as) circundam e corroboram seus atos, a fim de que os corações vacilantes tenham a oportunidade de reconhecê-los(as) como legítimos(as) representantes do Bem Maior.

Não obstante a autoevidente Origem Divinal dessas Chancelas, há temperamentos empedernidos que, tomados pelo ego e seus caprichos feridos, se rendem à tentação de denegá-l’As, decretando o próprio infortúnio. Consciente ou inconscientemente, apelam para toda ordem de artifícios de racionalização que lhes confiram algum respaldo, com destaque para os de tom moralizante, exatamente como agiram os pontífices do farisaísmo ante o mais proeminente Emissário das Alturas: Jesus.

Grandes lideranças políticas, econômicas e sociais costumam se tornar foco de adulação e subserviência. Em contrapartida, as lídimas autoridades espirituais, não as meramente religiosas, que em geral se inclinam ao conservadorismo retrógrado, mas aquelas galardoadas com ostensivos Sinais Celestes, amiúde são tachadas de insensatas ou mesmo imorais, com base em justificativas psicológicas flagrantemente bisonhas. A propósito, conforme advertiu Jesus, foram assim tratados(as) todos(as) os(as) profetas(isas) autênticos(as).⁴

Além dos Endossos miraculosos que ocorrem em torno dos(as) genuínos(as) trabalhadores(as) da Luz, há mais uma peculiaridade a distingui-los(as): sua postura corajosa e combativa, registrada inclusive nos textos bíblicos, desde Moisés até o Messias.

Eles(as) enfrentam, quer na vida pública ou no âmbito privado, as elites e personalidades prestigiadas de seu tempo, não hesitam em ferir preconceitos ou convenções, não usam máscaras de dissimulação para interagir com ninguém. São amáveis, sempre que possível, mas igualmente severos(as), a ponto de parecerem arrogantes, quando os Desígnios do Ser Supremo a isso os(as) propelem.

O Cristo Jesus alcunhou de hipócritas muitas das mais respeitáveis e temíveis figuras de autoridade da época. Em episódio emblemático, avançou, com chicote em riste, portas adentro do Templo de Salomão, para abominar toda forma de adulteração do propósito sagrado da Espiritualidade, como a utilização de poder e posses públicos em proveito pessoal, chegando a derrubar as bancas dos vendilhões e a expulsá-los do ambiente.⁵

Os(as) servidores(as) do Éden não são convencionais, conquanto nem sempre se portem de modo anticonvencional. Afinal de contas, por representarem e vivenciarem um sistema de princípios e concepções futuros, acabam funcionando quais dínamos vivos da evolução de indivíduos e comunidades.

A título de exemplo, Jesus afirmou que, após derruído o templo-mor da etnia judaica, reconstruí-lo-ia em três dias⁶, ainda que em sentido figurado, e o profeta Isaías, por ordem expressa de Javé, andou despido pelas ruas de Jerusalém, no correr de três anos sucessivos.⁷

Se você prefere ignorar ou desatender as proposições de alguém endossado(a) por Fenômenos que lhe escapam à capacidade de entendimento, não incorra na terrível sina dos antigos fariseus e saduceus que, tidos como os mais doutos e virtuosos de suas respectivas culturas, invocaram o tradicionalismo moralista então dominante para crucificar o maior Embaixador da Divindade. Mantenha-se distante do que você não compreende ou não deseja compreender, mas jamais resvale no despautério desastroso da condenação.

A omissão e a fuga à responsabilidade configuram faltas lastimáveis. Entrementes, colocar-se contra a Vontade de Deus, discreta ou abertamente, é, sem apelo a metáforas, introduzir-se numa rota de desgraças.

Ao rejeitar a Fonte das Graças ou Sua Determinação sobre quem melhor pode realizar o que deve ser feito em Seu Nome, você inexoravelmente se desconecta do Manancial Inesgotável que d’Ela emana. E as consequências virão, cedo ou tarde, espocando piores se mais tarde, porque com “carga cármica” acumulada, como se poderia traduzir o processo em termos vernaculares e didáticos.

De reversa maneira, se você visa cooperar com a Obra Divina que se desdobra, no domínio físico de existência, por meio de um(a) predestinado(a) oriundo(a) de dimensões de consciência mais elevadas, procure ter, consoante ensinou Jesus, “olhos de ver e ouvidos de ouvir”⁸, pois que são muito fortes as evidências a indicarem tais estafetas do Alto.

Todo povo, em cada era, conta com a presença e a atuação de porta-vozes do Empíreo, estejam eles(as) ligados(as) ou não a um partido de crença específico. Não se reporte a mensageiros(as) do passado, já desencarnados(as) e consagrados(as), para lamentar os suplícios que lhes foram infligidos. É natural notar o mérito dos(as) que outrora fomentaram a renovação dos conceitos e que, na atualidade, jazem reverenciados(as) pelas mentes mais esclarecidas, com o favorecimento do avanço da evolução coletiva.

Indispensável, para sua segurança e paz presentes e porvindouras, identificar o(a) benfeitor(a) que hoje exerce, sob a condução de Potestades Angélicas, a missão de agente da vanguarda espiritual, antes que você também se inclua no rol dos(as) incautos(as) que adiante serão deplorados(as) por haverem perseguido um vetor evolutivo… talvez justamente a pessoa que ora você repudia, presumindo-se repleto(a) de razão e indignação, apenas por não lograr enquadrá-la nos códigos – sempre relativos – de conduta da “boa moral” e dos “bons costumes”.

Apesar de haver, aqui ou ali, aspectos de exceção, os(as) verdadeiros(as) profetas(isas) – cabe reiterar – se caracterizam por propagarem discursos nada agradáveis aos egos humanos, já que não raro contrariam veementemente os preceitos do moralismo de sua época. Como sua função-dever consiste em provocar o desenvolvimento das ideias, via de regra são mal interpretados(as) e hostilizados(as) por seus(suas) contemporâneos(as), notadamente pelos(as) que desfrutam do prestígio dos valores consolidados pela tradição, ou seja, os(as) que se sentem mais frontalmente ameaçados(as) em seus interesses pessoais.

Os(as) catalisadores(as) do progresso causam tanto mais estupor, quanto mais estiverem à frente de seu tempo. São marginais, mas da borda de Cima da média evolutiva de seus(suas) coevos(as). Não por acaso, comumente são equiparados(as) a meros(as) criminosos(as), tal como aconteceu a meu Filho Crístico, sentenciado à morte entre ladrões, apupado pela multidão, abandonado pelos(as) beneficiários(as) mais diretos(as) de Seu Messianato… sozinho com Deus, a Quem Se confiava, no momento excruciante de Seu glorioso martírio de suma coerência com o que representava e representa, para todos os séculos posteriores da humanidade terrena.

Ai daqueles(as) que desprezarem minhas palavras de alerta, como têm menoscabado as de Jesus, por dois milênios! Debalde, continuarão se escorando em sugestões equivocadas de guias religiosos tradicionais – muito embora os haja decentes, à semelhança de Nicodemos ou José de Arimateia –, para se ludibriarem e ouvirem somente o que querem ouvir: falas adocicadas e promessas de aprovação pelo Céu. “Cegos(as) condutores(as) de cegos(as): cairão todos(as) no barranco”⁹, arbitrou o Redentor a respeito dessa sinistra e trágica atitude.

E, por outro lado, felizes aqueles(as) que me aproveitarem os alvitres e advertências maternais, empenhando-se em colaborar com um(a) missionário(a) designado(a) por Deus: atrairão as benesses dos Anjos, para si e seus entes amados, a mancheias!

Por fim, sobre o destino das criaturas que se recusarem a receber os(as) mandatários(as) do Paraíso em suas “casas” (em seus corações), o Cristo-Verbo Divino foi categórico, uma vez mais: “Ao sairdes de lá, despegai até o pó de vossas sandálias, porque esse pó se levantará contra elas, no Dia do Juízo.”¹⁰

Benjamin Teixeira de Aguiar (médium)
Eugênia-Aspásia (Espírito)
em Nome de Maria Cristo
31 de maio de 2014

1. 1 João 4:20.

2. Mateus 12:31-32.

3. Lucas 6:44.

4. Mateus 5:11-12 e Lucas 4:24.

5. João 2:13-16.

6. João 2:19.

7. Isaías 20:2.

8. Mateus 13:9-17.

9. Mateus 15:14.

10. Mateus 10:14-15.




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