Benjamin Teixeira
pelo espírito Eugênia.
Escolha um caminho de sua alma e, depois, seja fiel a ele. Mesmo sob canícula candente, persista ainda assim. Somente quem persevera no ideal tem condições de receber a recompensa da realização pessoal.
A trilha da individuação – o conceito junguiano que significa, a grosso modo, o tornar-se a si mesmo – apresenta diversos percalços, como testes de fidelidade a si próprio. Não conte com uma rota doirada, mas sim com uma vereda cheia de armadilhas, em pleno campo minado. Cuidado, entretanto, para não confundir a dor necessária ao aprendizado com a decorrente do desvio. Para distingui-las, observe-se, acuradamente, e verifique onde está a sensação de paz.
Muitas vezes, vão lhe dizer que deve conduzir-se dessa ou daquela forma, que deveria ser mais rico, mais magro, mais culto, mais agressivo ou mais doce, mais isso, mais aquilo. As opiniões externas, desencontradas, serão terrível fonte de frustração, se as colocar como balizas de suas escolhas e, pior: de seu juízo de valor. Decrete independência em assuntos de discernimento. Saia do jugo das ingerências alheias em sua alma.
Ah! querido amigo, você, todavia, se sente abalado, com a sensação de desamparo, de rejeição e de abandono em que as pessoas o deixam, ao olharem-no com desdém ou reprovação, sobremaneira aquelas que mais ama ou admira. É, realmente, uma prova muito dura. Mas, por isso mesmo, constitui esta uma excelente oportunidade de amadurecimento psicológico, desenvolvendo-lhe auto-suficiência emocional, a fim de que não viva mendigando migalhas de afeto para se sentir bem consigo mesmo. Quando perceber que lhe basta a auto-aprovação, a chancela de sua consciência, para quaisquer departamentos de sua existência, nesse instante, de fato, você se fará invencível, porque se terá vencido primeiramente.
Lógico que não falamos aqui da atitude teimosa, presunçosa e prepotente de quem acredita que possa passar por cima das sugestões de toda gente, sentindo-se absolutamente seguro de suas introvisões. Todos cometemos erros de avaliação, e faz parte do ouvir a consciência, do ser lúcido e maduro, estar aberto às percepções diferenciadas de outros indivíduos, que, muito freqüentemente, alertam-nos do que não nos havíamos apercebido antes. A questão não está em não se abrir à inteligência, à experiência e ao bom senso alheios, como ferramentas salutares de crescimento interior, mas em colocá-los acima da própria capacidade de avaliar e decidir. Precisamos ouvir os outros, analisar os dados, estudar o terreno, ponderar, e decidir por nós mesmos. Eis a postura madura de quem sabe o que faz.
Verifique se não está com alguma idéia extravagante ou mesmo completamente desprovida de lógica. Quando todos se posicionam contra nosso senso, a probabilidade de estarmos mergulhados num delírio, numa fantasia pessoal, é maior. Contudo, se chegar, em última análise, à conclusão de que realmente está na senda de sua consciência, simplesmente ignore a algazarra ensandecida dos que seguem ao seu lado. Lembre-se de que sempre haverá quem concorde com você, quem o ame, quem o aceite pelo que é e pelas suas escolhas de vida. Se os amigos de agora não o entendem, ainda que tenha que romper com eles, numa situação extrema, faça-o, mas jamais rompa com sua consciência. Quem rejeita seu modo de ser como é não merece sua amizade, está sabotando seu processo evolutivo, pretendendo perpetrar, contra você, a pior de todas as violências: lesá-lo em sua consciência, desalinhá-lo de seu centro, fazê-lo trair sua alma.
Nesses momentos escuros do espírito, eleve seu pensamento a Deus. Não é fácil persistir no caminho do ideal, quando as pessoas mais queridas discordam de nossos posicionamentos. Esse, porém, é dos mais importantes testes para o caráter, para a decisão de estar em busca do ideal. Se você passar dessa peneira seletiva de que o Cosmo sempre faz uso para “escolher” seus “eleitos” (são os “eleitos” que se “escolhem” como tal), tudo fluirá mais facilmente depois – você terá galgado um nível bem mais elevado de consciência, tornando-se menos vulnerável aos ataques mesquinhos de quem não é seu genuíno companheiro de evolução. E eis que novos amigos virão, novos corações, novos estímulos, e o tempo da tempestade terá passado, e o momento da paz e da prosperidade, num plano mais alto de realização, atingirá seu apogeu, conduzindo-o a um patamar de felicidade, segurança e paz que hoje sequer você pode conceber.
(Texto recebido em 15 de setembro de 2000. Revisão de Delano Mothé.)