Benjamin Teixeira
pelos Espíritos Ana Maria e Eugênia.
Só tu mesma sabes, alma boa, o quanto suportas do marido caprichoso e ingrato, que te vampiriza as forças, e ainda se sente vítima, por não lhe conseguires atender todos os desejos, no tempo e da forma que ele anseia.
Somente teus amigos espirituais conhecem a dimensão de tua desilusão e tristeza, ao notares que o olhar amistoso de teus superiores no trabalho, no passado, não representava simpatia, e sim, expectativas de favores sexuais, por tua beleza juvenil em flor. Agora, por não seres tão competente, nem tão destacada na profissão, na meia idade e sobrepeso da mulher comum, frequentemente te vês tratada como entulho nos ambientes, peça incômoda ou mesmo indevida, a ser rapidamente removida…
Tão-só Deus e Seus Representantes, alma querida e devota, compreendem-te o esgotamento profundo, por te dares todos os dias, em generosidade e ternura, a vários que te procuram, zombando-te pelas costas a amorosidade espontânea, como se fosses louca, e não um coração sensível.
O dia amanhece e não consegues conciliar sono. Logo soará a hora de adentrares o serviço profissional, e lá estarás, toda sorriso e atenção, mais uma vez, entre as farpas de desdém das mais novas, que te observam com gracejos de deboche por teu corpo menos belo, e o desprezo e indiferença de homens, que não se importam com tua bondade pura, desinteressada, apenas porque não lhes redundará em sexo ou benefícios profissionais.
Nossa Mãe Maior te vê, cara irmã. Prossegue, em tuas orações constantes. Levanta os olhos aos Céus e, quando ainda te disserem: “Fulana é uma felizarda: não separou do marido, tem filhos saudáveis e não foi demitida”, pede a Deus paciência por ainda te lançarem os dardos da inveja, enquanto, por dentro, estás já solicitando forças para desejar continuar viva, dia a dia, há vários meses…
Sim, chegou a hora de eles saírem do lar. Sim, os bebês cresceram e sabes que nem sequer te visitarão, tomando outras plagas e destinos de vida. Sim, o marido te busca o sexo, e, lúcida, sabes que ele o faz apenas por ser gratuito e fácil, e não o desejável. Assim, em vez de amada, sentes-te abusada e suja, chorando silenciosa, no meio da noite, pedindo desculpas a Deus por julgares ter o coração duro e mesquinho.
Sim, teus sonhos de juventude se foram. Mas tens tua fé em Deus… e podes seguir, ainda que arrastando a cruz de todas as decepções somadas…
Acaba o expediente de trabalho e segues agora para cuidar dos menores abandonados que tanto prezas. Os negrinhos feios e crescidos, esquecidos no momento da adoção; os efeminados óbvios, completamente rechaçados; as menininhas “enxeridas”, taxadas de “problema certo”. Dá a todos do teu amor, sem medidas, e eles te julgam feliz, ao ver, por teus tão fartos sorrisos e carinhos, palavras e confortos sem fim…
No entanto, por poderes dispensar algum socorro aos que sofrem mais que tu mesma, por poderes aliviar, consolar e esclarecer, com tua fé na imortalidade da alma, alguns poucos que trazem fardos maiores que os teus sobre os próprios ombros… sais, sim, mais em paz, por te fazeres mais útil, mas não curada de tua angústia.
E vais, logo depois de uma dupla de horas no orfanato, ao asilo, visitar os irmãos no ocaso da existência física: dar-lhes o banho que ninguém quis oferecer, e que funcionários relapsos não ministraram, ouvir a conversa mais repetitiva do contador de histórias, cujo ego prenhe de ilusões de grandeza fez delirar a mente de seu portador, ou aliviar as dores da mãe abandonada, por filhos e netos, apenas por não ser endinheirada…
É noite. Aliviaste dores de muitos, estás em paz, mas, em plena hora do Ângelus, voltas para casa a pé, para economizar o valor da condução coletiva, com lágrimas discretas a te rolarem dos olhos, que os passantes não notam, à meia-luz do cair da tarde:
“Oh, Mãe Celeste, é bem verdade que fui útil e servi, confortando e esclarecendo a alguns, mas dá-me forças a vencer tanto desgosto diante de tanta dor, a minha e a de terceiros… Sinto-me a mais revel e rebelde das criaturas, por não conseguir alegria a viver, apesar de semear felicidade em tanta parte…”
E Maria Santíssima, fica certa, ouve-te. E responde-te ao apelo, providenciando milagres ocultos, nas margens do teu caminho, nos dias seguintes, para que sigas motivada, ainda que medianamente, em tua jornada de Luz. Ninguém conhece teu drama oculto, alma santa (que não te sabes nem te julgas assim) asilada no anonimato, tendo poder de desencarnar, na hora que quiser… sem que ninguém tenha conhecimento dessa tua prerrogativa… (isso sabes) e batalhando, um dia de cada vez, para que a vontade crescente de ir embora desse mundo não se converta em petição efetiva.
Pregas a felicidade, por onde vais… És, para muitos, a louca pacífica, que transmite alegria e conforto, sem ninguém entender por quê. Todavia, pessoa alguma te calcula os custos íntimos… o horror do vazio de tuas noites de desamor, a sensação de estares completamente abandonada dos teus, que te esperam do outro Lado da Vida…
És a mãe “boba” e “usada”, a esposa dócil e servil, a colega que não causa problema e sempre soluciona as coisas… mas estás exausta… Não sabem que, se fores de volta para Teu Lar Espiritual, a qualquer hora, como podes, o ambiente de trabalho, de casa, do orfanato e do asilo ficarão piorados… muito piorados… com a perda de tua vibração de fé contínua, de serviço ininterrupto no bem.
Então, amiga, aguenta um tanto mais. Lembras de Onde vieste, e dói-te ainda mais o coração, de tanta saudade… Sabes que a hora, lentamente, se aproxima. Mas estás forte ainda, podes viver algumas décadas, és apenas uma mulher na maturidade e não no fim da reencarnação.
Ouves-me isso e dizes: “Pelo amor de Deus… não me fales isso… é uma trágica notícia…” Mas recorda, querida irmã, que a faina dos Representantes do Cristo, hoje, é exatamente o que vives: a cruz ignorada, por dentro dos próprios corações, cruz não de algumas horas de martírio, mas anos de persistência e sacrifício, a serviço dos entes queridos, amigos, conhecidos, e até dos estranhos, mas irmãos em humanidade.
Podes voltar, agora mesmo, condecorada, com a condição do espírito vitorioso sobre o mal, mantendo-te devota ao bem, com tantas forças contrárias a teu empenho. Mas nos colocaria, teus Mestres Desencarnados, em posição embaraçosa ante os Tutores de nossos destinos, porque tens muito ainda a realizar, e muito se espera de ti, pelo longo planejamento que se fez para tua presente passagem pelo orbe.
Sabemos que segues descompensada psicologicamente. Algumas moças bem-intencionadas, na empresa em que trabalhas, percebem, vagamente, a sangria oculta do teu coração, e amainam-te as dores, com palavras ternas de gratidão e ternura. Uma de tuas filhas é coração de boa índole, que te vê um ser superior, aprisionado na Terra, e não compreende porque prossegues fazendo tanto por tantos, sem nenhuma retribuição que se note. Mas o fato é que continuas sentindo um buraco impreenchível no peito e fitas o firmamento, amiúde atormentada, a dizer:
“Senhor, tem piedade de tua serva. Leva-me de volta para Casa. Se for da Tua Vontade, que eu fique por aqui, pelo tempo que desejares. Mas estou exaurida! Temo ficar amarga e não conseguir mais sorrir! Receio tornar-me uma geratriz de reclamações e criar mais problemas que soluções, nos ambientes por onde trafego. Por misericórdia, Senhor, transforma meu fraco coração, e torna-me digna de sorrir, no martírio até o fim de meu posto de serviço, poste de sacrifício… porque estou cambaleante… vacilante…”
Sossega teu coração, alma boa. Estamos assistindo à tua luta ferrenha, aparentemente inglória e contínua. Mas vais vencer, já estás vencendo, e, antes do que imaginas, sairás gloriosa deste mundo, d’onde te não mais atraem as riquezas, nem a fama, nem o poder, nem o sexo, mas em que muito te faz falta o amor dos teus… dos que estão e vibram no mesmo diapasão de teu coração… Paciência, amiga! paciência!… Vamos confortar-te em tempo, vamos confortar-te!…
(Texto recebido em 16 de maio de 2010.)
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