Benjamin Teixeira
pelo espírito Eugênia.
Querida filha:
Procuraste-me, lavada em lágrimas.
Disseste-me, sôfrega e ofegante, que não te seria mais possível continuar, tão exasperada e atormentada se te fizeste, ante os últimos sucessos negativos em tua existência.
Recebeste o fel da ingratidão e mesmo do escárnio às mais belas florações do teu espírito, justamente da mais amada das criaturas que escolheste como eleita do teu coração. ‘Inda mais, percebeste-te isolada de amigos e familiares, sem condições de desabafar com praticamente ninguém. E, assim, buscas-me, em prece, sopitando, dificultosamente, a eclosão de dor e mágoa que te vai n’alma…
Não te desesperes, entretanto, filha minha…
Quanto teu coração parece se despedaçar em mil frangalhos, recorda-te de que és observada e assistida de Mais Alto, e que, portanto, o suprimento de força e de Luz, nunca te faltará.
Segue, ainda que apenas como um rebotalho de ti mesma, e sorri apesar de tudo, ofertando, de teu coração sincero e bom, a dádiva preciosa da bondade e da ternura, do carinho, da palavra amiga, do gesto fraterno, de um instante de atenção gentil…
É possível, sim, seguir, a despeito de tudo que te ocorre em torno. Não te esqueças jamais de que a Divina Providência tem sempre em vista a possibilidade de vitória da criatura, quando lhe permite passar por determinada prova. E, destarte, ergue a cabeça e compreende que, se Deus supôs importante que atravessasses tal expiação do espírito, há relevante lição jazente, nos tecidos da situação, esperando que a descubras, um estímulo a que prossigas, em nível mais alto de compreensão das coisas e dos eventos da vida…
Sê, agora, a fonte que dessedenta os viajores cansados da vida, sequiosos da linfa pura do amor…
Tornas-te, hoje mesmo, o campo de consolação para aqueles que buscam, ávidos, o fruto da palavra sábia, do esclarecimento benfazejo, ante provações mais amargas.
E entende que, se te fazes o instrumento de socorro para outros, tu mesma te converterás em objeto de atenção especial dos benfeitores do Plano Maior de Vida, porque, por Lei de Justiça Divina, é sempre mais ajudado, quem se faz canal de ajuda para outras pessoas e criaturas da natureza.
Em vista disto, em vez de te arriares, sobre a própria depressão, renderes-te ao complexo de vítima e te converteres em objeto de piedade pública, piorando ainda mais a tua situação e roubando-te as chances de resolver o problema, levanta teus braços em socorro de teus semelhantes, talvez bem mais sofredores que tu mesma, e, assim, heroicamente, ao reverso de esperar a Luz para ti, canaliza a Luz de que careces para o próximo, pois que quem canaliza a Luz é o primeiro a ser iluminado.
(Texto recebido em 23 de maio de 2005.)
(*1) Ignoro os motivos por que Eugênia usou esta linguagem parecendo empolada (em verdade rebuscada e clássica), que lhe não é muito do feitio, mas que ela usou cheia de vibração intensa de amor piedoso. Todavia, pelo tom poético que a nobre mentora imprimiu a esta sua carta do coração, ficou de certo modo sugerido que sua intenção era, pela beleza literária do texto, favorecer um toque mais profundo no coração de sua jovem destinatária.
(Nota do Médium)