Benjamin Teixeira
pelo espírito Eugênia.
Minha muito querida (…):
Que a paz de Nossa Mãe Santíssima nos cubra de bênçãos, hoje e sempre.
Abatida, diz-me você cercada de profundas decepções.
Não vou poder me minudenciar em todas as questões que a aturdem, mas escolho aqui alguns tópicos que reputo mais importantes a causarem a consternação de sua alma sensível e boa.
O esposo lhe constitui verdadeiro malogro moral, azucrinando-lhe a alma, quais marteladas permanentes, a consumir-lhe o espírito. Mas não só ele – que já lhe não representa choque ao coração amarrotado de desilusões, acostumada a vê-lo como homem-problema de seus caminhos; agora também seus adoráveis pimpolhos compõem, a seu olhar dorido, cortejo de dores ocultas… Um deles, de sempre, premia-lhe o espírito, com culpas, de certo modo, injustificáveis. Agora, o mais velho, aquele que tinha como expoente de nobreza e elevação d’alma, flagra-se-lhe em bancarrota moral, à sua perspectiva de mãe extremosa.
Gostaria, entretanto, de tecer alguns comentários a respeito destes últimos grandes sucessos negativos em sua existência:
Do companheiro de destino não seria justo esperar coisa melhor. Já o conhece de há muito tempo, e sabe que, como mui sabiamente diz o ditado brasileiro: “não se pode extrair leite de pedra”.
Quanto ao filho mais novo, que a consome em remorsos, por supor ter-lhe estragado a personalidade, com excessivos mimos na infância, queria dizer que erros cometidos em nome do amor nunca são culpas, e que sempre há tempo para reparar deslizes do passado – que todos temos, na ficha evolutiva – e, assim, compensar-se pelo tempo e pelas oportunidades perdidas de antanho. Se você soubesse estar errando naquela época de maior permissividade no trato com ele, não teria incorrido nos equívocos em que se permitiu resvalar. Por que se culpar, então? Se reflexionar, por fim, num nível de avaliação mais profunda, em boa envergadura de cogitações filosóficas, e recordar-se de que Deus não comete erros, e que sabia, de antemão, presciente de tudo como é, que você ira ser precária na educação do caçula, Ele o queria, para o bem de todos, por também estar cônscio de que, por fim, todos se beneficiariam com tudo. Portanto, não ouse questionar os desígnios divinos. Na contramão complexa do esforço de reparar erros do passado, damos saltos espetaculares de crescimento em direção ao futuro. Cabe-lhe, assim, aproveitar os ensejos de fazer o melhor agora, e confiar o demais – principalmente os resultados finais – a Ele-Ela. E, não seja boba (risos): o menino é muito jovem ainda, e você terá tempo de contornar, juntamente a ele, sempre receptivo à sua orientação de mãe, os descaminhos de ontem.
Quanto ao mais velho, não se fie em mitos de perfeição. Continua sendo o homem nobre e bom que sempre viu nele. Apenas é humano, portando naturais anfractuosidades morais que caracterizam a espécie humana. O deslumbramento com o poder recém-adquirido e o fascínio pelas posses fáceis que pode obter são muito difíceis a se resistir em mentes humanas, quando reencarnadas, sobremaneira na condição de homem jovem e bem apessoado, como ele. Compreenda, e ore, para que ele atravesse esta fase com o mínimo de prejuízos que seja possível a seu espírito eterno. Ele não é mau, por ter áreas de imaturidade psicológica, campos a serem trabalhados pela evolução. É o que todos estamos fazendo, laboriosamente, século sobre século. Assim, tire de sobre ele a expectativa de enxergar-lhe um anjo e observe-o, piedosa e compreensiva, como o homem que ele é; desenvolvido e honesto, mas ainda assim um homem.
Considere, por fim, que há mães que sofrem na vala escura do desespero, sem sequer contar com a certeza de poder alimentar seus filhos na refeição seguinte, quando já não os contemplam, transidas de inenarrável dor, crianças raquíticas em seu regaço, implorando o socorro de um pão. E, diante desta perspectiva, em vez de minimizar sua dor, foque sua felicidade de mãe venturosa, com problemas diminutos para um mundo de padecimentos atrozes, e mobilize-se em esforço solidário por socorrer aqueles que jazem em provações realmente severas, como já tem feito, e encontrará mais motivos de alegria nesta vida do que imagina; e, paradoxalmente, ajudando suas irmãs-mães-menos-favorecidas a carregar seu fardo de maternidade dolorosa, resolverá, por força dos influxos da Divina Providência e da lei do carma, o seu próprio problema em casa, que se desfará, como que tocado por condão miraculoso, para apenas deixar-lhe uma risonha saudade, num futuro feliz… que está por vir… bem mais perto do que imagina…
Sua irmã em Cristo,
Eugênia.
(Texto recebido em 23 de agosto de 2005.)
(*1) Embora autorizando a publicação, a destinatária da mensagem teve seu nome naturalmente extraído do texto original de Eugênia, para assim lhe ser preservada a privacidade, bem como dos seus.
(*2) Tivemos problemas na conexão com o sistema administrador do site, não podendo assim atualizar mensagem ontem.
(Notas do Médium)