Benjamin Teixeira
pelo
Espírito Eugênia.

Até ontem estavam contigo, firmando promessas eternas de apoio indiscriminado. Projetos para o futuro, lindas declarações de afeto e amizade. E chegaste a pensar contigo mesmo: “Não acontecerá comigo o que tenho visto em tantas obras beneméritas – esse absenteísmo que se converte em deserção em massa de colaboradores fujões”. Mas chegaram os ventos da provação, muito naturais em todo trabalho da Luz Espiritual, para aferir valores, filtrando caracteres, para que fiquem engajadas, na máquina de serviço, apenas as “peças” em sintonia com os ascendentes respeitáveis que justificam o projeto de solidariedade e esclarecimento a que devotas a existência… E, debaixo da tormenta dos testes inexoráveis, que eles entenderam como decepções imperdoáveis, os “completamente devotos” amigos, em grande maioria, como ocorre às iniciativas do Bem na Terra, abandonaram compromissos assumidos, surtaram no idealismo, rebaixando-se ao desespero, enquanto alguns prosseguiram relativamente equilibrados, mas muito longe da esfera da cooperação justa com que se haviam empenhado a teus ouvidos, inclusive bem antes da reencarnação que desfrutam.

É sabido que apenas um percentual diminuto dos indivíduos designados a colaborar em empreendimentos de benemerência realmente se empenham nas tarefas abraçadas anteriormente à descida à ribalta da vida material. Centros espíritas, escolas de ensino superior, hospitais-educandários… Nada é feito de útil e nobre, na medida originalmente tracejada – excetuando-se honrosíssimos casos de vitória heróica –, tanto quanto raros sãos os que se programaram a ater-se ao serviço em que persistem até o fim.

Obras de porte médio costumam receber o voto sério de dedicação de pelo menos 700 a 800 criaturas em processo de retorno aos proscênios da existência física. E, no entanto, não mais que 50 a 100 delas, nos melhores casos; 20 a 30, nos mais comuns, chegam a persistir, com brilho, pela extensão de tempo e na qualidade de colaboração que planejaram fazer, quando em estudos logísticos de carma e planificação de trabalho, ainda na Espiritualidade.

Para fugir à responsabilidade, tudo é motivo considerado plausível: a vida sexual de um dos diretores (ou especulações sobre ela), o comportamento financeiro de um camarada (ou o que se conjecturou existisse neste particular), a forma de falar e se portar publicamente de um dos irmãos destinados a tarefas ante a multidão, entre inúmeras miudezas de todos os portes e naturezas, tão variados quanto numerosos os caracteres dos desertores desavergonhados, racionalizações inúmeras que surgem, mais ou menos absurdas, para justificar o injustificável – quebrar-se o pacto firmado com a própria consciência, antes do berço. Traço característico que denuncia as almas incursas nesta ordem de queda moral: a tendência a culpar terceiros por se terem afastado de tarefas do bem. Somente personalidades muito imaturas, viciosas ou mesmo perversas, pretextam falhas alheias para se eximirem de problemas com os próprios deveres. Curiosamente, aqueles que assumem a própria parcela de responsabilidade dificilmente se desligam de instituições com que se enlaçaram pela voz do coração e da consciência.

Existem os que passaram por teu trabalho, em caráter de escola provisória, para que seguissem com suas atividades próprias. Mas outros – e não foram poucos, nem em termos absolutos, nem relativos – distanciaram-se do núcleo de atividades que fundaste, por preguiça e covardia em enfrentar os próprios acúleos íntimos, que pediam remoção urgente, e, por não pretenderem envidar esforços, mas guardarem a pretensão de “descansarem” sobre os ombros de um ser “iluminado” ou “santo”, mostraram-se espavoridos por encontrar elementos humanos em ti ou em alguns de teus cooperadores mais próximos.

Entrega todos eles ao amanhã inexorável. Veem-te e a tua instituição com maus olhos, porquanto o ego deles, defensivo e hipertrofiado demasiadamente, não suportaria perceber que prossegues, intimorato e ininterruptamente, no projeto da Luz que eles largaram pela metade do caminho, por não serem tratados com a reverência de que se julgavam credores, ou porque certas concessões que tinham esperança de conquistar não chegaram, nem chegariam. Claro que não será assim que falarão do ocorrido – seria enlouquecedor, para eles, verem-se como realmente são, já que preferem tresvariar a abrir mão do orgulho de estarem com a razão. Este processo é elementar, para um medíocre conhecedor de Psicologia: quem se encontra em erro e deseja fugir da culpa, sem estofo para se soerguer do precipício de incúria a que se atirou, está disposto a abdicar, inclusive, de parcela da própria sanidade mental, a fim de prosseguir operacional, cristalizando a suposição de haver agido certo.

Enquanto isso: avalia os frutos do bem que te cercam e que brotam da árvore de vida eterna que ajudaste a semear, adubar, irrigar e, com isso, propiciar crescesse, pela Graça do Senhor-Senhora que nos ampara os passos vacilantes, no rumo da evolução infinita. Cada vez mais doces, mais nutritivos, mais saudáveis e, ironicamente (embora em alguns aspectos não pareça), bem mais numerosos… Que argumento melhor pode haver para que confirmes estar no Caminho da Luz?

Ora, assim, por eles, pois que seguem – por mais que se justifiquem em contrário – com um piso profundo, na mente, de intranquilidade indefinível… a voz da consciência, que mesmo soterrada os acusa… e que, cedo ou tarde, despontará, do limbo à plena luz, para a cobrança de contas inarredável… E aí, meu filho, pobres coitados daqueles que se esqueceram de carregar suas cruzes de disciplina e esforço pessoal: facearão destinos ingratos, traições soezes, sobrecargas emocionais, o olhar decepcionado de seus Anjos de Guarda e o sofrimento além-túmulo e em outras encarnações, sabe lá por quanto tempo…

Ora, amigo, ora! Eles já agora precisam muito de ti, afundando, gradativamente, no fosso da desconexão do Alto, a que se confiaram… Não percebem os sinais em suas vidas… acreditam que as causas são outras… e os indícios se avolumam, progressivamente… Alguns, quem sabe, ainda poderão retornar, no espaço desta vida, ao regaço da instituição que fundaste, porque as desgraças estão por vir… inexoravelmente…

Sinistro vaticínio, dirão? A questão é que, prezado amigo, na cultura hodierna de facilidades irresponsáveis e caprichos desabridos e insaciáveis, em que até plebiscitos podem instaurar a injustiça, ironicamente, pelas portas de um pretenso “estado de Direito”, as pessoas supõem que podem subornar as Potências do Cosmo à base da gritaria de suas crenças desenraizadas da base da Vida, como se a certeza de alguém pudesse, por exemplo, desativar a lei da gravidade… O fato é que, pouco importando se acreditem ou não, a realidade do Universo deste Deus Justo, por isso Bom, falará bem alto, na hora do retorno das consequências da incúria orgulhosa e perversa dos ingratos e irresponsáveis, porque quem dá as costas à graça de cooperar com o Céu se introduz, portas adentro, nos horrores inauditos do inferno… já hoje… e, amanhã, que Deus-Misericórdia se apiede deles, eis que só tenderá o pesadelo a piorar… até que se modifiquem, arrependam-se e compensem-se por todo o mal que causaram, direta ou indiretamente, a ti e à Causa a que te devotas… que prospera, paradoxalmente… apesar de tudo, pela Força Incomparável que sustenta a Criação.

(Texto recebido em 8 de outubro de 2009.)


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