Benjamin Teixeira
pelo espírito Eugênia.
Generalidades:
1) Encarar desafios, complexidades e contradições, como um padrão cotidiano de experiência.
O mundo moderno é por demais ambíguo, imprevisível e intrincado para que se possa tracejar uma linha simplória de conduta e realizações. Atualmente, culturas, costumes e valores se entrechocam em níveis diversos e processos concomitantes (mas não paralelos) de transformação.
2) Detectar e viver princípios intemporais e impessoais, como balizas e diretrizes gerais de conduta.
Tais princípios, inacessíveis ao turbilhão de mudanças, servem de norte para administrar as crises freqüentes e, amiúde, simultâneas que acontecem na contemporaneidade, em todos os departamentos da própria existência, quanto no mundo familiar, profissional, social, nacional, internacional. Ser honesto consigo mesmo e com os outros e procurar fazer o bem, em qualquer circunstância, constituem bons exemplos destes princípios basilares que devem alicerçar a alma de um indivíduo no vórtice das transformações da atualidade.
3) Manter-se continuamente informado, com crivo criterioso para seleção de informações.
Vivemos, sem dúvida, a Era do Conhecimento, como asseverado por Peter Drucker, o emérito catedrático norte-americano, recém-desencarnado, do segmento “Administração e Negócios”. Manter-se informado não é uma extravagância-cult, e sim uma necessidade imperiosa de sobrevivência. Todavia, isto não significa, tão-somente, que se deve acompanhar o noticiário da imprensa escrita, falada ou televisada. Este é um tipo de informação; e, ironicamente, a menos importante. Há, inclusive, um fator psicopatologizante em assimilar dados em grande quantidade, sem critérios para selecionar, associar e avaliar o que é absorvido, para que, por fim, seja exeqüível uma sua aplicação construtiva. Conhecimento sólido é aquele que torna o indivíduo senhor de si, de sua situação e do processo evolutivo que sua personalidade, em interação com o seu ambiente, desdobram em conjunto sinérgico.
4) Amadurecer o conceito de felicidade, como sendo uma vivência de completude, e não de alegria contínua.
A idéia em voga de felicidade é extremamente infantil e superficial, baseada no prazer dos sentidos, na satisfação do ego e na perseguição de gratificações imediatas. Hedonismo, egoísmo e imediatismo são uma trinca sinistra para, irônica e tragicamente, inviabilizar a felicidade e não favorecê-la. Somente em atendendo aos reclamos profundos da própria alma, do ideal, da vocação pessoal, além da óbvia satisfação de necessidades fisiológicas e psicológicas elementares, pode-se lograr a realização pessoal genuína, duradoura, porque em bases consistentes, coerentes com a multidimensionalidade da natureza humana.
Iniciativas Práticas:
5) Adotar uma perspectiva relígio-filosófica de vida.
Isto implica práticas sistemáticas de oração ou meditação (diárias), bem como de freqüência a cultos religiosos em grupo (no mínimo, uma vez por semana), e estudo filosófico de preceitos espirituais, que favoreçam uma vida de maior riqueza de significados psicológicos e morais. Não fazemos, com esta postulação, obviamente, apologia aos dogmatismos restringentes das religiões convencionais, mas a uma forma aberta e livre, pessoal e sincera de vivência do espiritual, estando ou não o indivíduo filiado a um partido de crença específico. O Evangelho do Cristo constitui um paradigma axial para esta ordem de estudos. A literatura espírita e espiritualista de bom nível, por sua vez, incluindo os que fazem uso do respaldo científico (de qualidade) para suas elucubrações, representam um complemento fundamental para a necessária contextualização das idéias de Jesus aos parâmetros de desenvolvimento da cultura humana, tornando-as (idéias crísticas) palatáveis e compreensíveis aos dias que correm. Isso é perfeitamente executável, porquanto o Cristianismo não é algo antigo, e sim eterno – nada obstante precisar episodicamente acontecer uma atualização nos métodos de sua divulgação.
6) Fazer psicoterapia ou aconselhamento profissional.
“Quando o discípulo está pronto, o mestre aparece” – reza a famigerada máxima esotérica. O que jaz nas entrelinhas deste aforismo é que a presença de um orientador espiritual faz-se indispensável ao processo de amadurecimento da psique, de espiritualização ou iluminação da alma. O mestre funciona como um catalisador evolutivo dos seus discípulos. Com ele, o que se faria em muitos séculos pode ser realizado em poucos decênios. Por isso, normalmente, a relação com estes professores do espírito é calcada em situações psicologicamente desconfortáveis, exatamente porque eles propelem seus orientandos a saírem de sua zona de conforto, ou não seriam legítimos condutores de almas. Mestre bonzinho não é mestre do espírito, e sim professor companheiro do ego e suas artimanhas de preguiça e hedonismo. Os modernos psicoterapeutas – quando sinceramente empenhados em seu trabalho de conduzir mentes à sua saúde plena, livres, naturalmente, da prisão estreita aos dogmas das academias de Psicologia (também há, e como, dogmas nas academias) – fazem as vezes dos antigos gurus (não raro, com brilho louvável). Líderes religiosos da atualidade – se informados (sobretudo em matéria psicológica) e abertos às novas descobertas da ciência, sem, por conseguinte, o encarceramento nos esquemas fossilizados de preconceitos das tradições religiosas – podem, outrossim, realizar um trabalho magnífico de condução dos espíritos a uma espiral ascendente rumo a Deus.
Não vamos estabelecer uma lista extensa de artigos obrigatórios de trabalho e reflexão, porque os poucos itens que propusemos constituem, cada um deles, um longo trajeto a percorrer. Que o(a) leitor(a) medite nos temas ventilados, verifique como imediatamente aplicar as conclusões à sua própria existência e se discipline ferrenhamente, de modo a perseverar, a despeito de todas as naturais dificuldades que surgirão, no caminho de crescimento pessoal em que se estará introduzindo.
(Texto recebido em 13 de janeiro de 2008. Revisão de Delano Mothé.)